Queria ter a inocência
E esse viver despreocupado
Tão comum à infância;
Mas os anos cravaram-me
Os ferrolhos da consciência,
Do dever e da responsabilidade.
Agora carrego o peso da existência
E do viver sempre atarefado.
Já não sou mais dono de mim
E nem mesmo de minhas vontades
Nem sei quando dizer “sim”,
“Não” ou ter de ficar calado.
Queria voltar no tempo
Para resgatar o passado
Quando eu brincava atento,
Sério e ao mesmo tempo despreocupado
Como se não houvesse passado
Ou futuro; como se aquele momento
Fosse eterno. Ah! Quanta saudade
Da inocência e da infância perdida!
Mas agora só me resta esperar
O inevitável e inadiável fim
Onde não mais haverá
O ontem, o amanhã e o aqui.