A estória é bem antiga e tem até ilustração. E eu era bem menino para nela acreditar consoante ma leu, grave e judiciosa, a mana Vitória do alto de sua sapiência como aluna de Dona Gilda, de 1954 a 1957, nas Escolas Reunidas José Lima Guimarães, do povoado de São Gonçalo do Brumado.
O livro de leituras de então era o As mais belas histórias, volume da quarta série, compilado, se não lhes engano, por Lúcia Monteiro Casassanta. E embora nele predominassem as lendas, havia também alguma poesia, alguma ficção e um sentimento comum de que ao fim e ao cabo, o bem deveria prevalecer.
No caso da silhueta das formigas, a estória começa com uma formiga que ganha a vida na costura e que perde um tempo enorme na tentativa de convencer a filha a não usar suas pinças-tesoura em todo molde ou tela que lhe apareça à frente.
E diante da voracidade incontida da filhinha, a mãe não tem outra solução senão amarrá-lo por uma corda ao pé da mesa, para poder sair sem aquele embaraço certo. E amarra a filhotinha pela cintura.
E ao longo de sua solidão a jovenzinha se debate tanto, mas tanto, e tanto querendo fugir que quando a mãe retorna, espanta-se com o que vê: sua cinturinha se afinara de tal modo que não tinha mais retorno, e assim foi com todas as outras formigas que vieram desde então.
O que me faltou perguntar à mana Vitória foi o óbvio: afinal, se pirralhinha é mesmo do boró encerado para usar suas pinças, por quê não o experimentou na corda que a prendia à mesa...?
E LaToya que sempre teve resposta pronta pra tudo, e até para o que não lhe era perguntado, será que me responderia agora? |