Aquele esmaecido e fofíssimo dourado que encheu toda uma baciada só podia ser obra mana Ceci. Sim, foi ela quem liberou a marcela, que por mais de seis décadas vivera encarcerada em nossos travesseiros. E agora estava ali, diante de meus olhos, em floquinhos finíssimos inteiramente desidratados, que talvez não pesasse no conjunto mais do que pesa uma rapadura...
Não resisti ao toque, e logo foi meu olfato que ficou desapontado, sem sentir aquele cheirinho da marcela de outrora que tantos de nossos sonos e sonhos embalara.
E comentando aquela visão com mamãe, suas reminiscências vívidas e saudosas levaram-nos à " Varge do Adrião" , no Brumado, onde com papai desbravando os caminhos, puderam colher umas fartas ramadas bonitas em pleno vigor primaveril. E ali, no cerrado matagal, ainda testemunharam o salto súbito, ágil e elegante de um veado que mais do que em travesseiros "havera" de estar metido em travessuras àquela hora...de uma aconchegante manhã dominical...
E até que a espuma de náilon chegasse, e praticamente de tudo se apossasse, a paina, praticamente sem concorrência, é que reinava, sob as nossas cabeças. A marcela conquanto cobiçada destinava-se aos mais pequetitos e dela se dizia ter efeito calmante ou inebriante, mas enfim, uma terapia, tanto pra guri, quanto pra guria...
E uma semana decorrida do livramento da marcela, não mais vi aquela bela baciada sobre a sua cama, e tampouco ousei perguntar pra Ceci se lhe havia cancelado o habeas corpus.
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