Minha cotovia:
Minha encantada passarinha
nunca mais ela cantou:
Nunca mais piou,
Pousou no galho da arvore;
Triste e cabisbaixa,
parou de se alimentar,
e em seu habitar;
Há de calar até a última folha secar:
Migrou para algum lugar...
No ano vindouro,
quem sabe ela voltará:
Há! Minha cotovia,
voe e encontre o sabiá;
Leve este recado,
diga prá ele voltar,
a terra aqui está seca:
Que ele precisa cantar,
Na lenda do sabiá.
Cada passo de um passado,
Das marcas deixadas prá trás,
Cada passo um tropeço,
Numa simples torção,
na virada do pescoço,
cada passo um acerto!
Cadê minha cotovia,
que ainda não voltou;
Qual de nós um dia ouviu,
o piar da cotovia?
Quem poderia cantar,
imaginar ou imitar,
seu canto ou seu piar?
Acho que nem mesmo sei,
Como é, uma cotovia...
Quase todo já viram,
como é um passarinho de relógio,
qual adulto saberia,
explicar para uma criança;
Qual criança cresceu,
conhecendo a cotovia?