Um dia, sonhei que era uma boneca...
E que morava numa casa de palha;
A noite, a chuva caía,
levando meus sonhos,
cheia de lama,
na cama,
o frio:
Seus cabelos molhados,
Sua roupa de retalhos:
Um corpo com vísceras de tecido,
mesmo assim sentia frio...
Na manhã seguinte,
num rio corrente,
num desfiladeiro;
passava aos pulos e de costas ela trepidava...
Minha boneca encharcada,
se afogava;
Qual tal nos meus sonhos,
ela passava;
Corri, mergulhei sem nadar,
e num instante de desespero,
ela e eu, fomos ao fundo do rio:
Seu corpo inerte,
em minhas mãos,
quase não a socorri...
Suas vísceras saindo,
um pouco na água...
Não soube o que fazer,
pus-me a chorar,
minha boneca tão linda, tão minha...
Ali caída e sem vida:
E minha boneca morreu!