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Infantil-->Do boteco pro bar do Teco -- 15/04/2023 - 10:33 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

 

 

Do boteco pro bar foi o Teco mudar. E não num tico, mas em dous tempos porém, pra 
não estafar. E tudo ali do lado de cima da pracinha da estação e da fábrica do povoado 
de São Gonçalo do Brumado. 

O boteco era miúdo, singelo e a lembrança que a ele me prende é de ver, e cobiçar, entre 
as miudezas expostas na vitrine do balcão, os cadernos escolares "Avante", o chaveiro
a que se chamava comumente de "pegadô" e os bonés da aba espelhada. Sem lograr 
meus intentos imediatos de terceiro grau, contentei-me com um par de bolinhas de gude 
que a venda de garrafas vazias, e laboriosamente por mim asseadas, havia produzido.
Transação toda efetuada no próprio boteco do Teco. Que, aliás, era parente, de terceiro
ou quarto grau. 

Já o bar, ah, o bar era mais espaçoso, tinha mesas e cadeiras espalhadas, mesa de sinuca, 
a geladeira enorme, horizontal, de onde saíam os picolés, os sorvetes e as cervejas 
que a homaiada do vilarejo consumia e, que para deixarem o registro de seus feitos, 
dipelavam os respectivos rótulos que se soltavam com facilidade assim que a garrafa 
começava a "suar", e o passavam para o forro de madeira verde no teto do bar. E do 
piso de vermelhão a gurizada - e se quisesse, também a muierada - podia apreciar aquele 
espetáculo inusitado bem acima de nossas cabeças, de rótulos de cerveja colados no 
teto, como se fosse um ceuzinho particular, estrelado aquele bar. 

Nunca cheguei a ver a materialização de uma ação daquelas, mas minha suposição é de 
que a mágica se produzia com a ajuda de um lenço de bolso, dobrado, bem empapado 
de umidade, sobre o qual se colocava o rótulo virado com o respectivo traseiro pegajoso
para o forro verde. 

E o bom Teco, cujo nome, pelo visto, era Evaristo, mantinha-se impassível, servindo 
a freguesia, rodeado das suas muitas filhas moças que, na falta dum filho varão, em 
mutirão, nunca o deixavam na mão. E enquanto acumulavam um modesto tesouro 
quiçá, distraído o olhar do pai, se arriscavam a algum namoro, sem porém perderem o 
bom decoro.

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