Chegou ao sopé da montanha de chocolate e fez questão de pegar, sentir o cheiro inconfundível do bom chocolate. Os cumes, cheio de neve branquinha, calculou, deveriam ter sabor de chocolate branco ou, quem sabe, creme de baunilha. Tentou fotografar, mas curiosamente a máquina, emperrava cada vez que fazia uma nova tentativa. Pegou a filmadora, mas o mesmo fenômeno ocorreu. Alguém, alguma mão invisível, impedia que ele registrasse a realidade. Aquela mão estranha entregou-lhe um pacote com fotografias. Todavia, nelas as montanhas de chocolate estavam inteiramente diferentes, manchadas, sem os cumes nevados...era outra montanha.
Procurou falar com o Monge que tomava conta da Montanha. Ele ouviu pacientemente, porém disse que nada poderia fazer. Argumentou que as regras estavam sendo quebradas, as próprias regras criadas pelo Monge pastor de montanhas.
A mão invisível estava em toda parte, sabia de tudo, controlava tudo.
Era uma modificadora da realidade, cuidando de retocar a história à sua maneira, obrigando os outros monges a seguir suas orientação ditatorial.
Olhou para o pico mais alto da montanha, o sol deitava a sua enorme cabeça de fogo no leito do poente e, na mesma hora em que o seu olho gigante se fechava, nascia a primeira estrela...Aí ele pensou na grandeza de Deus, recobrou a fé, teve a certeza de que nem tudo estava perdido.