Um carro percorre as ruas de Roma, seguindo em direção ao campo. Uma enorme vinícola, que circunda um imenso casarão construído em uma montanha. Ali foi o berço do poder da família Ravasi.
O jovem que dirige o carro para. Ele veste-se de preto, tem o cabelo comprido, caído no rosto, à esconder um marca que carrega na face esquerda. Para, e pelos óculos escuros, olha a plantação. Seu nome é Tomas von Reichbeger.
- Antonio Candido. Foi fácil incorporar este personagem. Quando descobri que um policial de Curitiba vinha para Santa Cecília, foi fácil arquitetar o plano, e tomar seu lugar. – o jovem fala em voz alta, com um sorriso de vitória no rosto sombrio.
Segue com o carro, e passando por uma porteira de madeira, muito bem cuidada, para o carro no pátio do imenso palácio. Tem um rolo de nas mãos. Apresenta-se ao porteiro, e em italiano, conversam por alguns minutos. Pareciam espera-lo.
Ele segue por uma ampla sala, decorada com móveis do século XVII. Passa por um imenso corredor, com os quadros dos patriarcas da família. Chega ao pé de uma escada que leva à torre mais alta do castelo. É escuro. No fim da escada uma sala. Alguém esta sentado a espera-lo.
- Esperando por mim a muito tempo, mamãe?
Ermínia Ravasi se vira e vem receber o filho.
- Tomas, que bom que possa me chamar de mamãe livremente meu filho. O tempo todo que estiveste em Santa Cecília, mal pude te ver. Quanto tempo meu querido. Desde que fui obrigada a te mandar para a Suíça com teu pai, para que não fosse descoberto por meu marido.
Mãe e filho se abraçam. Ermínia a muito queria ser abraçada por seu filho, fruto de um amor proibido. Quando engravidou, estava viajando pela Europa. Permaneceu por doze meses, a pretexto de fazer um curso. Quando teve a criança, entregou-a ao pai, um relojoeiro suíço, para que o criasse. Quando ela ficou viúva, e logo depois o relojoeiro também morreu, o jovem Tomas veio para o Brasil, onde foi educado em um internato, e mantinha correspondência por carta com Erminia. Se viam apenas algumas vezes por ano.
- Aqui está mamãe. O documento de posse destas propriedade. Foi somente seguir a tia Márcia, que estava matando feito uma louca. Me passar por policial foi fácil. Conhecia todos os passos dela.
- Mas, porque você não a pegou antes?
- Simples, mamãe. Eu sabia que mais dia, menos dia, chegaríamos ao local onde fora escondido estes documentos. Porém, se pegássemos o livro antes, ele iria fazer parte do processo, e ai, adeus. E mais. Se descobrissem que a Márcia estava procurando algo,o resto da família iria querer saber, e ai complicaria mais ainda. Quando deixei ela fugir, e na perseguissão atirei em seu carro. O tiro pegou no tanque, e começou a vazar combustível. Dei um tiro no vidro traseiro, e a Gina pensou que tinha atingido a Márcia. Mas não tinha. Ela ainda estava viva. Retirei ela do carro e o peguei os documentos. Quando o carro explodiu, aproveitei o barulho e atirei nas costa dela. Foi um plano perfeito.
Ermínia aproxima-se da janela, que dava para ver toda a propriedade, e abaixo da janela, o abismo em que estavam os corpos de alguns de seus antepassados. Ela sorri.
- finalmente, tudo o que foi de meus antepassados, e que o medo de meu avo nos tinha privado, hoje é meu novamente. As terras, as jóias. Tudo meu.
- Você quer dizer, meu, Ermínia Ravasi. Meu! Não achas que teria este trabalho todo pra você, não é? Tomas tem uma arma apontada para Ermínia.
- Filho, o que pretende fazer? Socorro!
- Não adianta gritar. O único funcionário daqui foi para a cidade a pedido meu. A pessoa mais próxima daqui está a quilômetros. Ninguém sabe de minha existência como filho seu. Somente você sabe nossa história. Adeus Ermínia.
Tomas atira seis vezes contra Ermínia, que cai pela janela. Sendo enterrada pelo precipício. Ninguém ouve. Ninguém vê. A morte mais uma visita a família Ravasi.