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Infanto_Juvenil-->As Formigas Malucas -- 16/04/2000 - 15:36 (Márcio Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As Formigas Malucas
De Márcio Silva



Prefácio

As Formigas Malucas é a maior de minhas metáforas.
A exaltação do coração sublime, contradiz quase que sempre à pequenez do homem.
O emparelho de idéias navega do absurdo ao crucial, derrotando a imposição.


Alguém, uma vez, perguntou-me se as formigas sonham.
Eu disse: “não sei.”
Pois, na verdade, eu não sabia.
Mas o tempo foi passando, e as formigas vivendo e...
Sempre quando eu as via, meu peito doía respondendo:
“sonham”
Quem vive, só de sonhos vive!

Numa roseira havia mil formigas
Estavam de piquenique folgadas ao sol.
Comeram e beberam
E, depois, com a valsa do adeus,
Deixaram um tapete vermelho pelo chão...

De uma folha singela
A formiga montou caravela
Saiu remando no rio como se fosse no mar.
Jurou que atravessaria até a outra margem...
Mas o vento a levou aos céus.

Uma formiga segredou à outra o amor da vida:
Formou-se uma estrada longa de ouvintes e viveram com o segredo
Para sempre, debaixo da terra.



Formigas picam os dedos de pessoas.
Formigas comem doces à luz do dia.
Formigas só não trabalham de barriga cheia.

Se as formigas amassem, a sua pequenez era nada mais que um detalhe.

Correndo em cima do sofá
lambendo a gente, formigas variam de pose.
Vêem televisão igual a todo mundo
E passeiam na tela, sem achar nada estranho.

A vida é doce...
Todas as formigas sabem disso.
Por isso, são tão pequeninas
Deixam mais espaço para a felicidade.

Quando eu me sentir só, lembrarei das formigas:
No mundo de gigantes, fazendo trilhas ao sol...
Se cair um pé d’água vai ser só uma ilusão:
As formigas vão flutuar e serão guiadas pelo seu destino
O meu coração vai boiar, na mesma condição.

Tem gente que não sabe o que é formiga
Despreza a pequenez de tudo...
Estranho.
São as mesmas pessoas que não conhecem estrelas!






Passou por mim uma formiga e eu quase a pisei.
Ela estava tão leve com o seu fardo às costas que o descuido foi dela, não o meu.
Seria errado se eu a matasse com a minha sensibilidade?
Perdoa, meu amor,
É tanto carinho que a gente, às vezes, se aflige.

Aconteceu uma festa no reino das formigas
E as mais nobres bordavam para as mais feias
E tinha comida farta caída do céu.
Os sapatos da Cinderela cabiam em todo pezinho
Era uma festa à fantasia.

Quem já viu uma formiguinha se assanhar?
Ninguém!
Ninguém vê nada
Presta atenção em nada
Se dá pelo menos ao luxo
Do prazer ou do absurdo.

Quero cantar como as formigas...
Mas quem canta são as cigarras.
As formigas só trabalham.
Mentira
Ninguém vive só de prazer!

Quando uma formiga se enfurece
Enfrenta o adversário de qualquer tamanho
Por isso é valente
E burra...




Para dormir: contam-se carneirinhos para sono pesado
E, para sono leve, formiguinhas.
Estou pensando em dormir coberto de bichos.
Bichos são bons,
São como pessoas que amamos e nos fazem tão bem
Sem precisar revidar o amor.

Uma formiga louca cruzou à ponte; sedenta, viu o rio.
E o remanso da vida, suave a descer pelas ondas
Seduziu-lhe de desejos.
O céu azul, testemunha, cobria à terra.
A sua alma se banhou e, foi-se pela longa estrada do desejo,
até saciar-se nos seus dias.



Se as formigas tivessem alma, de tanta leveza, flutuariam perto dos olhos dos homens...

Contaram-me uma vez, que o segredo da guerra é a paz
E que o da paz é a vida:
Portanto não há quem de paz deixa de guerrilhar
Tampouco, quem faz a guerra, desentende o que é paz.
As formigas ensinam que a luta pela sobrevivência é justa e,
Que a natureza corresponde à verdade da vida.

As formigas picantes picaram o doce.
A doceira ficou picada e a esperança vazia.
Sobraram pedaços picados...
O interessante as formigas levaram embora.




Ri das formigas à ausência da alegria.
Uma formiga subiu no meu dedo e o picou
Chorei extasiado de dor, se só a dor extasia.
Beijei a ponta dos dedos e me veio um frescor.
A gente sempre troca uma coisa pela outra.

A grande diferença da formiga e do homem não é a mera pequenez de uma e, sublimidade do outro: é a simples precisão de existência que cada um conquista na própria condição de ser.

Olhos de formiga são detalhes que a gente nem vê.
Olhos de gente
A gente pressente e tenta logo entender e,
Muitas das vezes, quando menos se compreende
Apaixona-se logo de uma vez.

As reles formigas, desprezíveis, geram seus filhos amados debaixo dos pés da humanidade.

A formiga da nota musical sentiu-se mal.
Precisou de cantar, mas não quis cantar.
Precisou falar e nem ousou
Sentou-se no verbo.
Precisou sorrir e algo interferiu, desistiu,
morreu camuflada, talvez indagada de ser formiga.









Na louça ou na pia
No pano de passar, lá está
Formiga,
Como magia
A figura daquela pequena.
Quem diria que ela pudesse ser estrela
Ou se comparada à mais bela, ser tão bela...
Que aflição quando a ilusão
Assola a alma do poeta!

A formiga pediu fiança à francesa
Correu na vizinhança que se tratava de uma nobre
A dondoca la parri viajou o mundo
Foi presa de surpresa
E, continuou...
Não sabia falar outra língua.

Todo o mundo conta piadas de formiga e elefante, porque o extremo de um enobrece o outro. Quando nos falta alguma coisa nem atinamos que, mesmo em extremo, esta coisa está para nós e a nossa frente.

A formiga, desamparada, subiu o monte de cupim, comeu muita terra, engordou e “virou” um cupim ; assim, viveu isolada da sua era, da sua espécie, da sua existência: se em Ser não vale, de nada a vida vale.

No aniversário de Formiga,
Formigas cantavam, batiam palminhas e,
Rebolavam as bundinhas, serelepes
Veio o vira,
Veio o dia,
Veio o sol extasiante brindar à vida pequena.

A neve caía nos pés da formiga.
Soluçando, ela dizia:
“Que frio doce, que mar de lama”
A formiga, porque trabalha, nunca reclama,
Só abençoa.

A formiga foi tocada.
Estava trêmula na mão do mortal sonhador
“Senhor, tende piedade”
Mas os olhos dele, eternos de saudade, sorriu.
Com um impulso, jogou a formiga para o vento e,
A formiga partiu...
Que boa a liberdade se o coração foi carrasco!

A formiga pensou amar.
Sentou na pedrinha,
Cruzou os bracinhos e disse:
“vem amor”.

Todo dia de alegria
Desce ao bosque uma formiga satisfeita
Se ajeita de um lado, do outro,
Pega seu fardo, feliz da vida e
Segue seu caminho sem pensar se há volta
Sabe, que na verdade, há apenas um consolo:
o de partir.








Formigas peladas jamais lavam roupas
Formigas taradas desarvoradas da vida
São trouxas ou panos que correm pelo riacho,
Correm dos olhos, da picada...
A vida dura, cheia de formigas, dá sempre uma lambada.

O começo da vida formigava.
Formigas preparavam o banquete.
Uma de sorte, voava numa folha,
Para o norte
Para o sul...na monotonia da vida.
Que beleza enfadonha; alcança-me
Mas não a possuo...

Num espelho a formiga passou.
"Que estranha coisa cheia de pés!"
ela pensou.
“Sou eu ou ela a mais feia?”
Ninguém respondeu.
E, a bonitona foi-se embora.

As formigas olham para o firmamento, como qualquer outro ser, de vida e visão, mas só o homem vê o céu.

A picada da formiga tem o mesmo carinho de uma mão: no toque da ilusão.

A formiga não sabe do homem,
Mas o homem sabe da formiga.
A existência que não compreende outra existência é insignificante.
A indiferença é pecado mortal.




Os meus olhos formigavam e eu amava às ondas.
Uma formiga veio me beijar de repente
Ninguém (como a formiga) jamais ousou
Ninguém viu, interferiu
E o meu coração se banhou.

Tem luar cheirando,
pano queimando e cabeça vazia.
O tempo está ótimo para ser amado
Do meu lado, formigas comem pipocas...

Tomei café com uma formiga na xícara.
Repulsante ou não, foi calmante para os meus nervos.
No mundo negro, de olhos vermelhos, ainda suspirava
Coitada dela
Que morreu para o meu riso.

Quando a gente não tem o que comer as formigas entendem que são comidas, principalmente, na linguagem das galinhas, tamanduás...

Descendo dentro de um pescoço de galinha
Uma formiga aflita
Não
Não faz nenhuma fita de morrer
Se a noite embrutece o dia, a mera alegria
Faz
Só arder a garganta.






Puxo meus cabelos na incerteza e as formigas, de fora da beleza,
Comem néctar na sua calma apavorante.
Se eu me dou ao descuido, presumo, o tempo insensatez...
De nada vale a lucidez, para morrer sem memória.


A formiga passou pelo manto na hora do carinho,
Picou o destino
E o pranto chorou
A mãe, amável, embalava como a vida
E a dor foi passando...
O bebê, de novo dormia,
Para algum dia ser um homem.

Olho o horizonte e as formigas sempre são amáveis comigo:
Fazem trilhas além do meu olhar...

Se as formigas sorrissem na sua pequenez , talvez o mundo fosse menos estranho, mas nos banhos da solidão, assopram-se bolhas de sabão que sobem: voando, voando...

A mãe acalenta o filho nos braços e,
A formiga sai da sentença as pressas, à fuga.
Estranha ilusão: a de morrer.

A formiga, na hora do recreio, procura o menino feio
Para dividir com ele o lanche.
Depois, quando se empanturra, mais gorda do que nunca
Comenta alucinada:
“Que delícia a vida na inocência de um menino!”









É hora de sorrir, pois a vida não condena nem as formigas.
Em todos os caminhos há trilhas para todos os lados.
Ninguém precisa vencer o inimigo
O inimigo também é mera ilusão
De tantas
Que somam-se à vaidade.

Se as formigas quando picassem, ardessem mais um pouquinho, correria o risco de me apaixonar ...

Na hora do azul
As formigas estendem o lençol
O vento sopra a grama e o carinho se faz
Sentam-se, de mãos dadas e, em ninhos, meninos...
Esperança comovente do amanhã.

É o ruído da vida que as formigas cavoucam.
Segredam a ira no contorno ou contorço de um abraço.
Nivelam terras, desnivelam
Acrescentam montes a planícies
Fazem tanta diferença quando são olhadas
E, fazem mais...
Quando são sentidas.

Onça vermelha, a guerra, sinal de pânico
Tenho medo das formigas em marcha
No batalhão do sangue...
Prefiro a grandeza
De uma plantação de mostarda.

Não formigas
Se só formiga o deleite
Quem pressente formigar o peito se contorce
O amor
Sim
Inspira e, não pode nunca
Ser chamado de sorte.

Preparem-se à verdade
As formigas da saudade são homens que não cresceram.
Homens que à vida se perderam, ainda que no olhar...
E se na grandeza de tudo mora junto à pequenez,
O coração também é resumo da verdade:
Uma formiga pode fazer sonhar.


A formiga da festa causou frisson
Nobre, nunca modesta
Se a nobreza vem de Ser.
Rebolou como sempre a bundinha
Comeu do bolo, provou do guaraná
E do champanhe, se embriagou
Viveu a sua vida e bem, na intimidade.
Não precisou apontar aquela formiga
Nem ressalvar aquele cabelo
Nem inventar aquela moda
Não viveu detalhes do camarote
Foi fiel e,
Protagonizou.
















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