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Infanto_Juvenil-->A boneca que fala -- 04/12/2003 - 21:29 (Ana Monteiro e Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Marinaaaaaaaaaaaaaa!! Hora de dormir!
- Tá bom, mamãe!

Já no quarto, a doce menina de oito anos brincava com sua super amiguinha, a Fofuchinha. Linda bonequinha de quase oitenta centímetros de altura e com seus cabelos cor de rosinha, a criança ajeitava e acariciava tanto, com muito amor e carinho.

- Vem, fofucha! Vamos dormir aqui!

Marina deita na cama e coloca a boneca ao lado da menina. E numa pausa, a pequena começa a conversar:

- Sabe, Fofuchinha. Será que é legal ser boneca? Eu queria... queria ser assim, que nem você. Uma bonequinha, de pano, do seu tamanho, e que fale que nem eu!

A criança fecha os olhinhos e começa a imaginar como se fosse aquele brinquedo de menina. Após uma breve pausa, entrou no sono profundo e começou a dormir. Horas depois, Marina começa a entrar no sonho. Um outro sonho, só que diferente e muito especial. Sente-se um pouco menor, olhando para as mãozinhas e tocando suas perninhas, passando a mão nos seus cabelos agora rosados. Começa a falar algumas pequenas palavras, e surge uma interjeição. A voz, que está bem mais diferente e mais de boneca, entona e afirma: “Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!! Sou uma bonequinhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!”

Marina, que agora é Fofuchinha, inicia seus primeiros movimentos como boneca. São três horas da tarde, claridade total no quarto. Fofucha dirige ao espelho mais próximo e olha a si. Vê cada parte de seu corpinho, abrindo a boquinha, balançando seus cabelinhos, dizendo: “Agora me sinto uma linda boneca!” com a voz bem de brinquedo de menina.

A boneca toma rumo. Sai correndo de seu quarto em direção à sala, onde estão sua irmã e a empregada. Grudadas na TV, não vê Fofucha caminhando lentamente até sentar perto da irmã. Alguns instantes, Drica virou a cabeça para o lado direito e vê a boneca de Marina que surgiu ‘meio que de repente, do nada’. A irmã saltou um sorriso:

- Dri? ‘Cê’ ta rindo atoa, é?
- Não, Lu. Nada não. É que essa boneca não estava aqui minutos atrás.
- ‘Cê tá’ é doida, menina. Nunca vi boneca andando e sentando tão certinha!

Assim que a TV anunciou o intervalo, a empregada Maria Luísa levantou em direção à cozinha para buscar um copo de água. Fofucha, movimentando os olhinhos, levanta também e fica em pé em cima do sofá. Luísa retorna à sala, trazendo água para a moça. Ao beber, Adriana, irmã mais velha, olha outra vez a boneca, desta vez em pé. Drica leva um susto, quase a ponto de engasgar-se.

- Affe!! De novo, Dri?
- Mulher, essa boneca é uma comédia!

A empregada levanta novamente, desta vez pegando a boneca e levando até a cama de Marina, voltando em seguida. Fofucha, inconformada, sai do quarto outra vez em direção à cozinha, escondendo-se. Algum tempo depois, Adriana levantou-se para ir ao quarto, procura a boneca e não a vê. Drica gritou:

- Luuuuuuuuuuuuuuuu, onde você guardou a boneca??? Em cima da cama não estáááá!!
- Como não??? – a empregada caminha rápido ao quarto – eu coloquei aí em cima!!!! (apontando) ué... ah não! Fala sério! A bonequinha tava aqui!!!
- Oh, Céus!! Tem alguma coisa errada nesta história!

A empregada, quando adentrou à cozinha para colocar a panela no fogo, avista no canto a mesma boneca que havia colocado em cima da cama de Marina. Luísa, espantada, inconformou-se.
- Driiiiiiiii, vem ver onde está a boneca!
Levantou e foi ver.
- ‘Caraca’! ah... desisto.
E eis que surge...
- Oi! – a bonequinha começa a conversar.
- Hã? Que barulho é esse? – indagou Adriana.

Nesse momento Mamãe chama Marina para acordar. Imediatamente a menina saiu do sonho, e infelizmente saiu do corpo de boneca. Abriu os olhinhos, esfregou-se, olhou sua boneca ao lado e viu que agora, Marina é mesmo Marina.


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