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Infanto_Juvenil-->UMA BARATA NA PRESIDÊNCIA -- 06/03/2005 - 13:01 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA BARATA NA PRESIDÊNCIA
(Baseado em fatos reais)

[Para ela a limpeza era o inferno]

O pai do garotinho tinha vários metais líquidos no laboratório nos fundos do quintal. O menino presenciara várias experiências, mas ainda não entendia direito qual era a ocupação do pai. E mesmo assim sem entender, queria fazer o mesmo trabalho. E era por isso que a porta ficava sempre trancada para evitar acidentes.
Mas um dia, ela foi esquecida aberta, quando o pai saiu às pressas. E pior que a porta aberta, eram os frascos de metais todos espalhados, e até destampados. E muito pior que tudo isso foi que o garoto que brincava no quintal, logo percebeu.
Entrou, e logo assumiu ares de cientista. Viu os frascos todos à sua disposição. Viu ainda os insetos e pequenos animais vivos em umas caixinhas transparentes. Então com uma enorme pose de cientista pegou uma caixinha com uma barata. E a bichinha assustada viu cair sobre si, pelo orifício da tampa, vários produtos que desconhecia até então. Ela ainda tampou o nariz, numa tentativa desesperada de sobrevivência, mas em pouco tempo, tudo escureceu.
Quando acordou, estava andando às tontas em um lugar totalmente estranho. Não enxergava direito, nem sabia quanto tempo tinha andado. O corpo estava muito pesado, como se tivesse carregando uma armadura.
Foi aí que esfregou os olhos, e viu que tinha mesmo algo muito parecido com uma armadura. A sua casca estava toda tingida com uma espécie de tinta metálica. Só então foi que se lembrou do que aconteceu. Primeiro, tinha sido capturada por um homem, que a colocou em uma caixa. Depois viu um homem um pouco menor se aproximar e derramar a tinta dentro da caixa, e não se lembrava de mais nada.
Olhou ao redor, depois que a vista ficou mais clara. Não viu nem uma barata sequer. E pelo jeito, não encontraria nenhuma nesse lugar tão limpo. Horrivelmente limpo, e impróprio a baratas.
Tentou andar, mas conseguia com dificuldade. Nem sabia como tinha chegado até ali com essa armadura toda. Era muito pesada, e tinha que quase se arrastar. Se aparecesse um humano, seria presa fácil, num salão tão grande, tão limpo, e ela com esse peso todo, por certo não fugiria com facilidade. E o pior era a sua cor. Seria vista de longe por quem entrasse no lugar.
Começou a caminhar. Precisava se esconder. Precisava também comer alguma coisa, pois na caixa que estivera presa, não tinha comida, e nem sabia há quanto tempo não comia. Sabia que a fome era enorme. Andou algum tempo, e encontrou um enorme armário. Lembrava que sempre encontrara comida neles. Mas nesse não. Estava cheio de roupas. Procurou, e encontrou a gaveta com meias. Mas toda limpas. Por mais que procurasse, não encontrava nenhuma com um pouquinho sequer de chulé.
Mas como fome de barata é insuportável, resolveu comer uma meia assim mesmo. O estômago revirou de nojo. Parecia que cheirava um perfume importado. Uma coisa repugnante mesmo. Mas como estava fraca de fome, teve que comer.
Comeu o cano de uma das horríveis meias, quando ouviu um barulho. Parecia que tinha alguém por perto. Ouviu que os passos se aproximavam, e ela conseguiu se esconder, quando a gaveta foi aberta. Sentiu que retiraram algo de dentro dela, e fechou em seguida. O coração da barata estava disparado por causa do susto. Prudentemente, esperou mais um pouco depois de ouvir os passos se afastar, para sair do esconderijo.
Ainda tinha fome, mas não queria comer mais meias limpas. Resolveu sair para procurar comida em outros cômodos. Saiu do armário, e andou em direção a uma porta. Quando passou por baixo dela, ouviu um bip baixinho. E levou um grande susto, porque a sala estava cheia de pessoas conversando. Voltou o mais rápido que a armadura permitiu, e se escondeu novamente no armário, para esperar a noite, quando geralmente todos dormem.
Quando tudo estava escuro, saiu do esconderijo. Passou pela mesma porta que tinha passado durante o dia, e ouviu novamente um sinal bem baixinho. Andou um pouco, e viu uma enorme mesa, e subiu nela. Ouviu novamente um bip, quando passou em frente a uma placa com um nome: PRESIDENTE.
Não encontrou nada que pudesse comer. Os armários estavam cheios de livros, as janelas de cortinas, o chão de tapetes, mas tudo muito limpo e cheirando horrivelmente. Resolveu que sairia desse lugar antes que morresse de fome. Passou por baixo de várias portas, e o metal da sua armadura despertava bips em cada uma delas. Andou o mais rápido que pode, até encontrar uma porta maior que parecia a saída desse inferno.
Mas quando finalmente saiu, foi cercada por um número enorme de pessoas, com umas coisas apontadas para ela, e umas luzes horríveis acesas, e outras acendendo e apagando como se fossem relâmpagos.
Ficou tonta com tanta luz, e com a dificuldade que tinha para fugir, não pode evitar ser novamente capturada. Um cesto enorme foi colocado em acima, e não tinha para onde fugir. Foi colocada de novo em uma caixa transparente, e a caixa foi cercada por um batalhão de fotógrafos e cinegrafistas. E pouco tempo depois, soube que a sua imagem estava sendo transmitida ao vivo para todo o país, e para agências de notícias em todo o mundo.
Algum tempo depois, foi transportada por uma escolta enorme. E ela não podia entender o que falavam ao seu redor:
_ Fui eu mesmo quem descobri que ela estava dentro do palácio. O alarme tocou algumas vezes, e disseram que era falso. Mas eu percebi um minúsculo ponto luminoso andando diante de uma das câmaras...
_ Dizem que o bicho mexeu até na mesa do presidente... Você acredita que é um robô como dizem?..
_ Não só acredito, como tenho certeza!.. Ou você acha que existem baratas dessa cor andando por aí?!...
_ Será que é um espião do estrangeiro, ou é mesmo coisa do PT, como dizem?
_ Pra falar a verdade, eu creio muito mais que é coisa da oposição...
_ Será que isso onde parecem os olhos são mesmo câmeras?...
_ Que pergunta idiota!... Ela é toda câmera!... Isso é coisa desses coreanos aliados da oposição!...
A barata mexeu na caixinha, e um deles falou:
_ Chefe, ela parece viva... Será que não é uma barata de verdade?...
_ Não seja idiota!... Você é um ignorante que não conhece a tecnologia desses coreanos comunistas. Os chineses então, já inventaram espiões muito menores que esses!... Tecnologia, meu caro!... Tecnologia!...
_ O senhor viu ontem na televisão?... Foi a primeira pista... Acharam vestígios do mesmo metal na meia... Hoje já descobriram que foi ela que a cortou, para mandar para os inimigos fazer DNA...
_ Pra quê, DNA?...
_ Sei lá!... É coisa da oposição!... Se não tomarmos cuidado, esse Lula ainda vai ser presidente, você vai ver!...

A barata ficou presa quase toda a noite na sede da Polícia Federal. De madrugada, a tinta metálica perdeu o efeito, e ela ficou livre do peso, e conseguiu fugir.
Mas está tudo registrado nos arquivos secretos do governo, a fuga espetacular do robô espião... Com a suspeita de que isso sejam coisas do PT...


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Adelmario Sampaio
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