O sangue encharcava o chão, como se uma chuva vermelha tivesse caído sobre o local. Quatro corpos jaziam quase sem vida no chão. Estavam mutilados. Pedro os estraçalhara com uma fúria jamais imaginada por ele. Sentira prazer em varar-lhes o abdômen, amputar membros, quebrar ossos.
Mas prazer mesmo sentiu quando, não sabe o porque, rasgou com os próprios dentes o pescoço do último que restava vivo, imobilizado pela dor dos ferimentos da perna quebrada. Sentia o sangue quente escorrer do pescoço de sua vitima como um lobo atacando sua presa, o corpo se debater, a vida abandonando-o.
Não sabia onde estava. Era uma espécie de galpão abandonado, com janelas quebradas, com muitas teias de aranha, um lugar muito sujo. Contemplava agora a cena de morte e desolação, e sabia que fora o responsável por aquilo, embora não se lembra-se mais porque.
A foice a o facão estão no chão, como se tivessem sidos pintados de vermelho. Seu corpo esta cansado da luta, tem alguns cortes no corpo, sente uma dor aguda de soco no olho.
Não se lembrava muito do passado, estava cansado, mas sabia que não fora a primeira vez que matou. Nem seria a última.
Seus pensamentos forma interrompidos por uma pancada forte na cabeça. Fora atingido em emboscada pelo único que não matara.
Ainda sente o baque de seu corpo no chão frio e ensangüentado. Não vê mais nada. Inconsciente é amarrado pelo agressor, que tem no rosto uma expressão de medo e alivio por vê-lo desacordado. Arrastando Pedro pelo chão, leva-o até o carro parado ao lado de fora do barracão. Coloca-o dentro do porta-malas. O agressor sabe que ter permanecido vivo foi um golpe de sorte e covardia, pois se manteve escondido enquanto seus companheiros de infortúnio eram destroçados. Mas valeu a pena. Tinha conseguido completar sua missão. Antes de entrar no carro, liga para alguém pelo celular. Eles já o esperavam. Ao entrar no carro persigna-se com o sinal da cruz. Mas o faz da direita para a esquerda, como é tradição das igrejas ortodoxas. E tem no peito os ícones que o abençoam. Murmura umas palavras, um arremedo de prece. Ainda esta com muito medo. Tem um mostro junto com ele. Que atende pelo nome de Pedro.