De cara pálida
Nariz rubro
Pálpebras cansadas
Lábios intumescidos
No espanto do silêncio
Dominava-me palavra alguma
Molhava-me a face
Transversa ferida
Verticalmente não cicatrizada
Era todo medo
E fugia-me ao olhar
Transgredindo as normas
Daquelas felicidades que prego
Vi-me pobre
Vi-me infeliz
Vi-me procurando o nada
Perdido na contagem infinita
Da daltônica aquarela circundante
Fechado ao mundo
Sem sorrisos
Sem brilho
Sem conselho algum
Aos que me suplicam explicações
Era pó sobre pedra
Pó fétido de indecisão macabra
Sobre a dureza cardíaca
Hipócrita sensação de saciedade.
Um prurido forte tomou os olhos
Acordei-me frente ao espelho.