Então o que é certo?
Faz-se hoje o que manda o coração
Desfaz-se amanhã o que acusa a consciência
Fez-se ontem o que mandou o sentimento
Hoje se usa a razão
E dizem os filósofos:
Amor inverso de razão.
Racionalizando-me, amei.
E amando irracionalizei.
Numa freqüência diferente,
Tênue, porém infinitamente presente.
Do amor fizeram o surreal
Da razão fizeram o simétrico.
E há razão nas coisas feitas pelo coração?
Dizia o poeta
Conforme pensam os mortais,
Desfazendo a roupagem profeta
Do que em razão fez a loucura.
E de que vivem todos
Se não de uma loucura de pura fé?
Crê-se que se acorda num dia seguinte.
Desconfia-se dos anos
Quando as armadilhas se apresentam em semanas.
Fechamos a porta ao grande amor
E abrimos ao traidor.
Por fim cremos que fechando-nos
Abrimo-nos à evolução,
Quando mergulhamos na estagnação.
Descobre-se que não há tempo a perder
Quando ele se esvai por completo
E esbravejamos contra a racionalidade.
Mas se dada nova oportunidade
Fechamo-nos num psicocentrismo.
Ironia?
Não.
Talvez puro egoísmo.