Em cidade do interior, raramente aparecem atrações externas para o divertimento das pessoas. Quando aparecem espetáculos maiores, tipo um circo, a divulgação anterior ao início das apresentações, tomam conta de toda a cidade. No rádio, não se fala em outra coisa sem anunciar a novidade para breve. Anunciaram que antes do início das apresentações, diariamente haveria um desfile pelas principais ruas da cidade com a presença de todos os carros, animais, palhaços, o tão falado globo-da-morte e todo o elenco de artistas provenientes de todas as partes do mundo. E assim foi feito. Na véspera da estréia, a caravana circense saiu pela cidade fazendo o maior alvoroço, soltando fogos, com muita música e na frente um carro com alto-falantes anunciando paulatinamente cada número a ser apresentado. Tonhola nunca havia ido a um circo. Quando ele ouviu aquele som mágico, saiu correndo, alucinado, atraído por aquela vibração que só o circo consegue impor às crianças. Tudo lhe era novidade: os elefantes, leões, ursos, macacos enormes, todos animais que ele só conhecia pela televisão. Ficou fascinado e acompanhou o desfile pelas ruas por um longo trecho. Voltou para casa correndo, saltitando pelas ruas de contente e ao chegar, foi logo insistindo para que a avó o levasse ao circo.
Há anos Dona Rica não assistia a um espetáculo daquele porte. E também a idade lhe havia levado toda a motivação para uma atração tão agitada como aquela. Mas, avó é avó, convenceu-se. Decidiu ir ao circo com o moleque no domingo, afinal, o preço não era tão caro assim. Tonhola não cabia em si de felicidade.