MEDALHAS ENFERRUJADAS.
O mundo dos ricos respira Olimpíada.
Homens e mulheres no auge da força física se esforçam para provar ao mundo que são os melhores.
A pompa e o brilho da abertura encantaram quase todos no mundo inteiro, mas tudo foi artificial, até o sol recusou deixar seus raios penetrar na nuvem negra que cobre o país onde o povo não tem o direito de decidir sua vida.
O mundo dos pobres ouve o estrondo das bombas e são feridos em ataques sangrentos enquanto o mundo inteiro está contaminado pelo vírus da indiferença.
O mundo dos ricos procura recorde.
Recordes serão batidos e a pujança da juventude será mostrada com toda sua força.
O mundo dos pobres procura justiça.
Milhões são gastos para alimentar a barriga e o sonho dos filhos da elite, (existem exceções), enquanto milhares de pobres no mundo inteiro passam fome e vê os seus sonhos sendo desfeitos pela ganância e opressão.
O mundo dos ricos corre atrás de medalhas.
O mundo dos pobres implora um pouco de paz e solidariedade e condição de ser chamado de humano.
E quando as medalhas enferrujarem?
O que os governantes e os atuais campeões estão fazendo para assegurar vida digna para os que, cansados pelo tempo não podem mais competir?
Eu não gosto de Olimpíada.
Eu não gosto de Copa do Mundo.
O esporte de verdade deveria ser levado a todas as escolas públicas onde o filho do assalariado brinca de aprender em prédios mal cuidados e caindo aos pedaços.
Onde estão os professores de Educação Física?
Quanto é o seu salário.
Qual escola pública tem os aparelhos para os exercícios?
Até mesmo uma simples barra!
Outro dia o meu filho disse que na aula de Educação Física ficou jogando dama.
Deve ser uma aula de Educação Física para a mente.
Então quem vai a uma Olimpíada?
Tirando uma meia dúzia de gênios abnegados, a grande maioria dos campeões são filhos da elite que domina e massacra a grande massa dos que lutam para sobreviver.
Cada um se preocupa com o seu umbigo.
Quem já viu um campeão de natação pobre?
E um campeão de ginástica?
Pelo que pude perceber, a única modalidade que pobre tem vez é no Atletismo e nas Maratonas, porque, querendo ou não, ele já passa a vida inteira correndo.
Porque não criar uma Olimpíada de sobrevivência e investir em qualidade de vida para quem compete todos os dias contra a indiferença e o abandono?
E quebrar recordes.
De paciência.
Tolerância.
Humilhação.
A maioria destes atletas são enviados para a Vila Olímpica dos abandonados, antes chamada asilo e agora precisa ser chamada de lar.
E os jogos continuam.
A vida não!
Ela é uma constante corrida com barreiras que atrapalha e fere a dignidade de quem já está cansado de viver.
Que venha uma nova Olimpíada.
Mas que a vida seja respeitada em todas as esferas da sociedade enquanto houver um sopro do Espírito fazendo um coração bater.