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Infanto_Juvenil-->Filosofando -- 26/12/2016 - 21:39 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Leio livros só para falar deles. Bem ou mal. Li alguns dos quais nada pude dizer. Mas, aos dezessete anos, quando conversei com  Reika sobre vidas paralelas, não pude calar-me. Como pode uma estudante abandonar o curso de filosofia para acompanhar ciganos? Sentir prazer em acomodar-se numa pedra e conversar consigo mesma!...

— Sonhos que não se materializam, ficam guardados e nos perseguem, até que ponhamos  em prática nossos desejos. Não leste o comentário da Carlane sobre o texto que postaste na Net? Ela diz: ‘Temos a ilusão de que deixamos os sonhos para enfrentar os dragões da realidade. Mas os sonhos vão sempre estar escondidinhos no coração...’ 

Sonhos escondidos, fantasias guardas. Lembranças que não se apagam... Robert construía em sua mente imagens de uma cigana sentada numa pedra. Isso é filosofar, dizia ele. Depois, riu sozinho: ‘Dona Leide mantinha um sapo na cozinha para comer moscas. O sapo sempre estava sobre uma pedra. Estaria filosofando?’

— De que  ris?

— Estava pensando no filósofo de dona Leide.

— Quem?

— Um sapo que ficava sentado numa  pedra, comendo moscas.

— Eu me casaria com o príncipe que fosse dono de um sapo filósofo.

Robert não sabia se ela falava sério. Talvez ele fosse o sapo, não o príncipe, ambos eram cria da mesma casa.  Levantou-se  e garimpou  na lixeira duas laudas impressas em papel ofício.

— Isso não pode ser descartado! Alguns leitores são atraídos pela docilidade das personagens, outros pelo asco que elas  provocam. Não podes sumir com personagens num passe de mágica, nem deixá-las  para sempre na cartola. Algumas são amadas pelo público, outras odiadas...  

— É verdade, uns torcerão  para que Ramayana  morra logo. Outros, que ela abandone o mundo das drogas e se case com Leonardo.

— Não gosto de Ramayana, mas ela fez parte de nosso tempo de colegial!  Estivemos nos mesmos passeios pela Quinta da Boa Vista. Dividimos a mesma sala de aula. Será que naquele tempo ela já usava droga?

— Talvez não! Tinha apenas onze anos e algumas tatuagens. Já a mãe, era mais colorida que uma prancha de surfe!

***

Adalberto Lima - fragmento de Estrada sem fim...

Imagem: Internet

 

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