From: LuaClara1972@netscape.net
To: menininho_ny@zipmail.com.br
Subject: Amigo
Date: Friday, August 06, 1999 4:15 PM
Amigo,
Recebi esse email, achei lindo e gostaria de compartilha-lo com você.
Te gosto muito, mas muito mesmo.
Lu@
PROCURA-SE
Procura-se um amigo. Não precisa ser homem, basta
ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir o que
as palavras não dizem. Tem que gostar de poesia, de
madrugada, de pássaros, das estrelas, do sol, da lua, do
canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então
sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e
respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve
guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que
seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de
segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são
enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja
de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um
ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser,
deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem de ter ressonâncias humanas, seu principal
objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das
pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos
solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não
puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,
que se comova quando chamado de amigo. Que saiba
conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes
chuvas e das recordações da infância.
Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar
o que vi de belo e triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de
caminhos molhados, de beira de estrada, de mato
depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um
amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida
é bela, mas porque já tenho um amigo.
Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não
viver debruçado no passado em busca de memórias
perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me
chame de amigo, para que eu tenha a consciência de
que ainda vivo.
(Vinicius de Moraes)>>