Mamãe tem um senso agudo de observação. Eu era criança ainda e, mesmo de boca cerrada, e ela descobria que eu não havia escovado os dentes, quando retornava de seu turno na fábrica de tecidos... Duma feita descobriu-me um berne alojado em minha testa, bem debaixo de meu topete...doutra, desembrulhando um naco de coxão duro, descobriu nos farrapos de jornal - o Diário de Minas - que ainda havia tempo para eu, que andava sem muito o que fazer, ou o que pensar, inscrever-me no concurso de provas para ingresso na carreira diplomática, do Instituto Rio Branco...
Dia desses ao ver-me passar o café num coador de pano, esperou pacientemente, depois de sorvida a rubiácea, para mostrar-me que no fundo da xícara, passado um par de horas, assentava-se uma fina borra de detritos que, na sua leitura podia ao longo do tempo causar mal para o meu sistema digestivo que está a léguas da eficiência de um ruminante...
Agora já não sei se, passada a pandemia, ou vinda e tomada a vacina chinesa, se a levo comigo a passar uns dias na Turquia onde de balão se voa, mas o café...nem se coa...
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