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Infanto_Juvenil-->O grilo de uma nota só ou O grilo que descobriu a acústica -- 18/04/2001 - 15:07 (Bruno Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CAPÍTULO 1: De como, o pequeno grilo André, importunava sua mãe com a questão das três leis dos grilos.

Era uma vez uma pequena comunidade Grilosídea, onde viviam vários e inúmeros grilos, dividindo afazeres e obrigações. A comunidade estava situada, a beira de um milharal, onde os próprios grilos retiravam sua subisistência. Bem perto do milharal, existia um brejo, onde se ouviam o coaxar de sapos e muitas rãs. Sabe-se muito bem, que os sapos são inimigos naturais dos grilos, por isso era imperativo que nenhum grilo, deixasse a comunidade. Os poucos grilos que tentaram ir além dos limites do milharal, nunca mais voltavam. Diziam os fatalistas, que foram todos engolidos pelo monstruoso e gigantesco sapo, que por ali perto vivia. Nesta mesma comunidade bem perto do brejo, onde todos os grilos viviam em harmonia, existiam certas leis que giravam em trono da própria tradição milenar dos grilos, de cantarem uma única canção milenar por séculos, e mais séculos. Nenhum grilo jamais questionara as três leis da comunidade Grilosídea, porém existia um certo e pequeno grilo que não se contentava em obedecer as mesmas leis. Ele nem mesmo sabia do que se tratavam, o que eram, ou o que diziam. O pequeno grilo André, queria saber o porquê das três leis dos grilos. Elas existiam e só? Ele queira saber a razão dessa existência, e desvendar toda a repressão em torno das questões dessas leis. Ninguém se lembrava o porquê, ou mesmo quais eram as leis que ninguém comentava. Ninguém parecia nem mesmo se lembrar das próprias leis, ou não falavam muito delas, e de fato era proibido mencionar as tais leis, que o pequeno grilo André tinha necessidade de saber a resposta. Enquanto toda a comunidade, julgava-o um problema, ele ouvia sussurros em sua volta que diziam:
_ Lá vai aquele impertinente. Imagine só? Querendo discutir sobre as três leis. Só vai criar encrenca, pode apostar.
Alguns até diziam que ele era igual ao grilo Zé. Quem era esse grilo Zé? Algumas vezes além de perguntar sobre as três leis, ele também perguntava quem era o grilo Zé. Ninguém parecia com disposição de elucidar todas suas dúvidas. Até mesmo seus pais lhe diziam para deixar tudo isso de lado e esquecer.
_ Meu filho. _ dizia sua mãe. _ Você não vai querer ficar igual o menino Zé? Vai?
_ Quem é esse grilo Zé? Mãe? _ questionava o pequeno André.
_ O grilo Zé, foi um menino muito desobediente, que não gostava nem mesmo da nossa canção milenar.
_ Por que?
_ Porque ele queria ser cantor de ópera.
_ E é bom ser cantor de ópera?
_ Não sei. Os grilos não podem ser cantores de ópera. _ afirmou com convicção, sua mãe.
_ Por causa da canção milenar? _ entusiasmou-se André.
_ Sim meu filho, sim... e também pelas três leis.
_ E o que são as três leis?
_ Quando você for mais velho, vai descobrir.
_ E por que? As três leis?
_ Foram as leis de Mãe Narceja.
_ Quem era a mãe natureza?
_ Mãe natureza, não. É Mãe Narceja. Ela era mãe do grilo Zé... Foi banida da convivência por um dia ter sido contra as leis. _ dizia sua mãe, com o intuito de assustar o pequeno André.
_ Mas ela não era dona das leis?_ só conseguindo atiçar sua curiosidade.
_ Ela não era a dona das leis. Ela era só a mãe do grilo Zé.
_ E cadê o grilo Zé?
_ O grilo Zé, desapareceu de tanta desobediência. _ e desconversava o questionamento do filho.
E era só isso que lhe diziam. Até mesmo sua mãe lhe ocultava a estória das três leis. O pequeno grilo André, não queria esperar até que crescesse, para saber as respostas naquele momento. O pequeno André era tratado como um grilo-problema, e não se fazia outra coisa na comunidade Grilosídea, a não ser recriminá-lo por sua impertinência.


CAPÍTULO 2: De como surgira na comunidade, João Suassuna, um grilo andarilho e conhecedor das maravilhas do mundo.

Até que numa noite de lua cheia, surgiu na comunidade um grilo andarilho, dizendo que havia vagado por todos os caminhos desse mundo e tornado-se doutor honoris-causa em matéria da vida. Seu nome era João Suassuna, ele contava com a exatidão de detalhes, todas as maravilhas do mundo. Era um grilo mais velho, porém não tão velho assim, e ainda era ágil e forte, mais por sua condição de andarilho, que lhe proporcionava exercício de sobra. Todos encantaram-se com ele, parecia demais familiarizado e adequou-se muito bem aos afazeres da comunidade. Aos poucos conquistou os mais velhos, e não tardou a conquistar os mais jovens. Principalmente o grilo André, que lhe fazia milhões de perguntas. Ele queira saber como eram os homens de quem tanto escutara, saber o que existe além da comunidade, e o porquê das três leis dos grilos. Quais eram elas?
_ Três leis? _ dizia perplexo João Suassuna. _ Não conheço nenhuma lei, quanto menos três de uma só vez.
_ As três leis? _ dizia o pequeno grilo André reformulando sua pergunta, como fosse fazer-se entender. _ Não me diga que não conhece as três leis?
_ Não... _ e de fato, João Suassuna não conhecia as três leis.
_ Não conhece as três leis da mãe natureza? _ continuava o pequeno André.
_ Mais um! Isto mais parece uma sina! Deixe de lado garoto, deixe tudo isso de lado. _ dizia-lhe João Suassuna.
_ Deixar de lado o quê?
_ Não vai me dizer que não gosta da canção milenar?
_ Não é isso... É que eu queria saber das três leis? _ continuava André.
_ Que leis?
Realmente, João Suassuna não sabia da existência de nenhuma lei. Havia estado viajando por tanto tempo, e longe do convívio com qualquer outro grilo, que nunca ouvira falar das tais leis. Tanto que ele nunca soube o que responder ao pequeno grilo André, e suas próprias questões, intrigaram-no suficiente para questionar o conselho da comunidade. Naquela noite todos estavam reunidos num gigantesco círculo de grilos, onde todos os grilos mais influentes e os mais importantes ali estavam. Tratava-se de uma reunião extraordinária da comunidade Grilosídea, ali, iriam discutir todas as metas da comunidade, para o resto da temporada, até chegarem as chuvas. Pois foi naquele ambiente em que o grilo João Suassuna, pediu a palavra e questionou todos sobre as três leis. Aquela questão provocou suspiros e soluços impugnados pelo receio que todos sentiam em mencioná-las. Logo, levantou-se serenamente, aquele que era considerado o grilo mais velhos de todos. Muito poucos ouviam sua voz, e mesmo assim muito poucos o escutaram, pois ele quase não falava, e devido a idade e às aflições sofridas por longo na vida, não pode se fazer ouvir por todos os presentes.
_ Não se pode mencionar nem a primeira, nem a segunda. _ dizia o velho Antunes.
_ Qual é a primeira? E a segunda? _ retrucou, João Suassuna.
_ De acordo com a terceira lei, não se pode mencionar, nem discutir as outras leis. _ impacientando-se com João Suassuna, que parecia assustado diante tanta hostilidade do conselho dos grilos._ Você, acabou de causar tamanho constrangimento à comunidade Grilosídea. _ continuou o mais velho dos grilos. _ deverá ser banido da convivência com a comunidade.
Nisso, todos deram-lhe as costas e começaram a cantar a canção milenar em uníssono. Era um barulho tão ensurdecedor, que João Suassuna não pode se fazer ouvir, decidindo ir-se embora de uma vez. Tão logo alcançou certa distância da cantoria milenar, a ponto de não mais escutá-la, João Suassuna notou que estava sendo seguido. Ele continuou a caminhar como se nada estivesse acontecendo, apresando seu passo imperceptivelmente. Após muito caminhar, João Suassuna, logo cansou-se e resolveu sentar para descansar. O grilo João Suassuna, sentou-se e acostou-se à uma folha, e sem nem mesmo perceber, caiu em sono profundo.


CAPÍTULO 3: De como o pequeno grilo André ficou sabendo da incrível e triste história do pequeno grilo Zé.

Já era noite de lua alta quando João Suassuna despertou, ainda exausto de cansaço da noite anterior. Para sua surpresa, bem a sua frente, prostrado como uma estátua, o pequeno grilo André, atônito e em silêncio, que parecia estar desde cedo da noite a sua sombra. André tinha seus olhos esbugalhados, esperando por milhares de respostas.
_ Era você quem estava me seguindo? _ exclamou João Suassuna.
_ Sim! Tinha milhares de perguntas a lhe fazer... _ respondeu-lhe, o grilo André.
_ Não esta muito longe de sua casa?
_ É que também sou como você. _ disse-lhe, o grilo André.
_ Como assim? _ quis saber, João Suassuna.
_ É que também não sei quais são as três leis da mãe natureza, e sempre quis saber, porquê existem.
_ Lá vem você com a mãe natureza de novo!
_ É que ela é a mãe do grilo Zé.
_ O pequeno grilo Zé? _ parecendo surpreso com a afirmação do pequeno André.
_ Não sei se ele é tão pequeno assim. Você sabe quem é o grilo Zé? _ insistia André.
_ Sei sim. _ afirmou-lhe, João Suassuna.
O pequeno grilo André, sentou-se bem em frente a João Suassuna, permanecendo imóvel e atento, esperando que o grilo João contasse toda a verdade. João Suassuna, sem saída alguma, teve de iniciar uma história que a muito tempo não ouvia.

“Era uma vez um grilo pequeno, que não se contentava em cantar apenas uma única canção. O pequeno grilo Zé, queria ser cantor, para ser admirado por todas as fêmeas do pedaço e invejado por seus colegas de escola. Desde os tempos em que aprenderam a pular altas distâncias e os gracejos da canção uníssona dos grilos, os grilos sguiam a tradição de cantarem a canção milenar, e o pequeno Zé, não conseguia entender o porquê daquela canção nunca mudar dentre todos os anos da existência dos grilos. Uma canção entoada desde os séculos, a fim de agradar as fêmeas de seus bandos, ensinada de pai para filho, e que o próprio Zé, aprendera com seu pai em sua precoce idade. O pequeno grilo Zé, questionava o professor Pernas-de-Serrote, que era o mais velho da região, e também possuía o canto mais lindo de todos.
_ Professor? _ levantando as mãozinhas para o ar. _ O que me intriga, é o porquê de os grilos cantarem a mesma canção durante tanto tempo?
_ Meu filho... _ dizia o professor Pernas-de-Serrote. _ Esta é uma canção milenar, e que durante séculos seguidos, foi entoada por todos os grilos que já existiram.
_ Até mesmo por......., pelo grilo..., que descobriu o homem? _ perguntou novamente Zé.
_ O grilo Procópio, era seu nome... Até mesmo por ele.”

Já era passada a hora de dormir, e o sol vinha raiando no horizonte, quando João Suassuna interrompeu sua estória.
_ Acho que devemos dormir, pois amanhã é um longo dia, e vamos precisar caminhar bastante.
_ Por que? _ insistiu André.
_ Deixe disso moleque, parece até o grilo Zé, com tantos porquês. Vai dormir que amanhã te conto o resto.
_ Mas eu não vou conseguir dormir, pensando no grilo Zé. _ indagou André. _ O que vai acontecer com ele?
_ Amanhã, Amanhã.... Sonhe com o grilo Zé, pois não me importo.
_ João Suassuna? _ insistia André.
_ Sim?
_ Você já viu “o homem”?
_ Não, nunca vi....
_ Aposto que o pequeno grilo Zé, já viu “o homem”. Aposto que sim. _ dizendo isso, André adormeceu.


CAPÍTULO 4: De como o pequeno grilo André, e João Suassuna, tornaram-se amigos e companheiros de aventuras.

No primeiro raiar da lua, o pequeno grilo André, já estava de pé e ansioso em saber o final da históriado grilo Zé. João Suassuna propôs que caminhassem enquanto a hisstória fosse narrada.
_ Por que??? _ insistia André.

_ “Porquê?? Porquê?? Porquê?? _ Perguntava sempre, o grilo Zé.”_ Assim como você, o grilo Zé queira saber os porquês de tudo. _ exclamou João Suassuna, retomando a narrativa.

“Eram tantos os porquês, que o pequeno grilo Zé, era tido como um grilo- problema para todos seus colegas, e uma afronta àquela tradição milenar. Para o professor Pernas-de-Serrote, e ele era o único a ouvir o grilo Zé, o próprio era uma intriga, um caso de estudo, talvez até mesmo psicológico. Ainda assim, era o único, mas o único mesmo que não tratava o pequeno grilo Zé com apatia, tratavando-o com cautela e mas muita curiosidade. Pernas-de-Serrote, intrigava-se com o fato de que o pequeno grilo Zé, ainda assim, tão pequeno, pudesse ter idéias tão avançadas e tão reacionárias, para sua idade. Eram idéias de deixar qualquer cabelo em pé e ouriçar todo o serrote das pernas. Até mesmo os da canela do professor Pernas-de-Serrote, que mesmo assim, defendia seu pupilo a todo custo. Até mesmo os pais do pequeno grilo Zé, o achavam muito estranho, por suas atitudes, e suas perguntas impertinentes.”

_ Minha mãe disse, que foi a mãe do grilo Zé, quem descobriu as três leis. _ dizia André, interrompendo João.
_ A senhora Narceja? _ intrigava-se João.
_ É, a Mãe natureza. _ dizia André, aborrecido com o erro de João.
_ Não, mãe natureza é a nossa natureza. A que estamos vendo agora. _ corrigia João. _ Mãe Narceja, é que é a mãe do grilo Zé. Narceja! _ dizia, retomando a narrativa.

“ Certo dia o pequeno Zé procurou seu professor, que pacientemente contou-lhe a linda história de um Rei de uma nota só. O pequeno grilo Zé ficara maravilhado com a história daquele rei, e ele sentia uma pena terrível dele, que foi condenado a cantar em uma nota só, para o resto da vida. Ele imaginava-se na pele daquele rei, e imaginava sua sina de grilo de uma canção só, pois qual seria a maldade dos grilos, para serem punidos com uma tradição milenar de uma única canção. O castigo era terrível para, tanto os grilos quanto o rei, mas como no final da história, o rei redimia-se fazendo atos de bondade. Seria possível, que os grilos se redimissem como o rei, e passassem a cantar várias canções como no final da história, onde o rei recuperou as outras notas musicais. O próprio professor Pernas-de-Serrote, intrigava-se com a analogia do pequeno grilo Zé.
_ Meu rapaz, a natureza é sábia ao fazer com que os grilos cantem uma única canção pelos milênios afora. _ dizia calmamente, o professor ao pequeno Zé.
_ Mas professor... Como o senhor pode me assegurar que isto não é um feitiço da própria natureza.
_ Feitiço pra quê?
_ É o que eu pretendo descobrir, assim que eu encontrar essa tal natureza!
O professor Pernas-de-Serrote ria-se da insistência do pequeno Zé.
_ A natureza não existe personificada. Ela está em todos os lugares. Não se preocupe, você vai descobri-la mais cedo ou mais tarde.
_ Quando eu descobri-la, vou perguntá-la; qual foi a maldade dos grilos.
_ Os grilos não fizeram maldade alguma, somos apenas mais uma peça nas cadeias biológicas da natureza.
O professor foi a última pessoa que viu o pequeno grilo Zé, pois ele fugiu da comunidade para toda vida. Dizem o Zé foi embora atrás de aventuras, ou que foi expulso por órgãos defensores da tradição milenar dos grilos. Outros dizem que ele foi preso em confinamento por idéias profanas, mas somente o professor Pernas-de-Serrote poderia saber de seu verdadeiro paradeiro.”

O pequeno André, sentiu certa identificação com o grilo Zé e logo perguntou a João Suassuna, que mostrava-se sempre pronto a resolver as dúvidas de seu mais novo pupilo.
_ E onde está o grilo Zé?
_ Isso foi a muito tempo atrás, e ninguém jamais soube de seu paradeiro. _ respondeu-lhe.
_ Mas e o professor Pernas-de-Serrote? _ insistiu André.
_ Ele caiu no mundo em penitência por o quê não fez pelo pequeno Zé.
_ E o Zé fugiu por quê? _ insistia André.
_ O grilo Zé queria descobrir a maldade dos grilos. _ respondia João.
_ E qual é a maldade dos grilos? _ insistiu André.
_ Os grilos não têm maldade alguma, eles apenas cantam uma canção milenar por toda sua existência.
_ E isso não é um castigo? _ insistiu André.
_ Era o que achava o Zé. _ remetia João. _ Ele queria encontrar a mãe natureza e descobrir...
_ Mas então, por que o grilo Zé foi atrás de sua mãe? _ insistiu André.
_ Ele não foi atrás de sua mãe, foi atrás da natureza.
_ Mas a natureza não existe em pessoa. Não é? _ insistiu André.
_ É... _ Respondeu, João Suassuna, meio sem fôlego.
_ E quem é a mãe do grilo Zé? _ insistiu André.
_ A mãe do grilo Zé foi a senhora Narceja, que pelos meus cálculos, devia ser a mais velha da comunidade Grilosídea.
_ Mas ela foi banida como nós dois, não foi? _ insistiu André.
_ Não diga besteira garoto.... _ surpreendendo-se com André. _ O que foi que disse?
_ Que ela é como nós dois...
_ Não. Antes disso? _ insistiu João Suassuna.
_ Que ela foi banida?
_ Isso! _ entusiasmou-se com André. _ E por que ela foi banida? Hein?
_ Minha mãe disse que foi por ter sido contra as leis. _ continuou André. _ Mas como se ela era dona das leis?
_ Isso eu já não sei, André. Só ela poderia nos responder, André, só ela.
Ambos precisavam descansar, após uma longa noite de caminhada, e o dia já havia amanhecido quando deitaram-se em profundo estado de sono. Era o início de uma grande amizade entre os dois, pois tanto o grilo André, quanto João Suassuna sentiam-se recompensados pela mesma.


CAPÍTULO 5: De como o pequeno grilo André e João Suassuna, enfrentaram o maior perigo de suas vidas.

Na noite seguinte, João Suassuna foi o primeiro a acordar. Sentiu o cheiro de um brejo, ouviu o canto triste das rãs, imitando um assobio agudo. A melodia era hipnotizante, por várias vezes, o próprio João, sentira um arrepio, como se a cantoria o estivesse capturando para o fundo do lago. Se não fosse sua experiência nos assuntos da vida, ele mesmo cairia em tentação. Sabia que escondido por trás daquela melodia linda e triste, no fundo do brejo, estavam as rãs e os sapos. Sabia também, que os sapos são inimigos naturais dos grilos, e que não se poede brincar com aquele robusto inimigo. João Suassuna levantou-se com um pulo, em posição de alerta. Suas pernas de serrote se acirraram, mas não produziram som algum. Ele precisava estar em constante alerta, devido à proximidade com o brejo.
_ È a mãe natureza! É a mãe natureza! Posso ouvir! Olha só! _ dizia, o pequeno grilo André.
João Suassuna não pôde conter a euforia do pequeno André, que tão logo despertou, seguiu em direção ao brejo, hipnotizado pela cantoria.
_ Fique quieto André!!!! _ preocupou-se em vão, João Suassuna.
Era tarde demais, o pequeno grilo André corria em direção ao brejo. João Suassuna seguia em seu encalço, desesperando-se com a proximidade do perigoso e gigantesco, e rugoso, e tantas outras coisas desagradáveis... – o sapo.
_ Ela está me chamando! Está me chamando! _ dizia, André enquanto corria em direção ao brejo.
_ Pela tradição milenar! _ desesperava-se, João. _ Volte aqui! Por favor!
Quanto mais perto os dois chegavam perto do brejo, mas alto se ouviam o lamento das rãs e o coaxar dos sapos. João não podia mais alcançar o pequeno André, que foi então que João Suassuna, iniciou a mais bela execução da canção milenar dos grilos. Era tão viva e tão doce que as rãs pararam de se lamentar, mas os sapos começaram a coaxar em direção de João. O pequeno André acordou de seu transe e não reconheceu onde estavam.
_ Onde estamos João? _ indagou.
_ Rápido garoto. Retirando dois pedaços de algodão das folhagens na beira do brejo, enfiando-as nas orelhas de André. _ Corra André! Para bem longe daqui! Siga oeste!
Sem demorar-se, João Suassuna, saltou para longe de André, entoando a mesma melodia aveludada que executara antes, e cada vez mais perto ouvia o coaxar dos sapos, podia até sentir o bafo daquelas criaturas. Olhos nos olhos! Podia avistar aquele imenso sapo. Ele estava ali em sua frente, cada vez mais perto. Era preciso estar atento ao primeiro movimento brusco do sapo, pois era preciso pular, evitando o contato com sua língua. Logo veio o sapo, e esticou-se mais do que a outra vez. João Suassuna, saltou como uma flecha para longe da possibilidade daquela língua aderente. Voltaria a esperar a aproximação do sapo, sempre atento com a aproximação de outros.
_ Como está indo André? _ gritava com seu pupilo ao longe.
André, por sua vez, corria o mais que podia. Não por ele não conhecer seu inimigo natural, e sim, por ter sido pego de surpresa por um velho sapo em seu caminho. O sapo, com sua língua aderente, lançou seu golpe contra o pequeno André. O tiro não foi certeiro, e o sapo não foi bem sucedido na tentativa de engolir o pequeno André, mas conseguiu derrubá-lo.
_ Socorro João!!!!
O gigantesco sapo seguiu vagarosamente, pé ante pé, em direção ao pequeno André, que estava caído no chão e avariado pela queda brusca, também pelo susto com o sapo. Tão logo o sapo chegou mais perto do pequeno André, que João Suassuna, despencou sobre sua grande cabeça.
_ Rápido André! Salte o mais alto que puder! _ ordenou, João.
Com sua última gota de energia, André pulou o mais alto que pôde, seguido por João, que num pulo acrobático, saltou e foi tão mais alto, que passou carregando André e qualquer outro inseto que estivesse no caminho. Foram para longe do brejo no maior e mais completo silêncio.
_ O que era aquilo João? _ perguntou-lhe ofegante.
_ Aquilo era um sapo, pequeno André. _ retrucou João. _ Os sapos são inimigos naturais dos grilos.
_ E aquela música linda e triste?
_ Aquilo são as rãs. As vezes, é preciso muito esforço para não cair me tentação de seguir aquela música. _ continuou João.
O pequeno grilo André, descansou da noite agitada, e sossegou com seus porquês que já começavam a irritar João Suassuna. Pensou em sua mãe pelo resto da noite, imaginando o que acontecera com ela ao notar sua falta. Ficou até amanhecer, lembrando das histórias que sua mãe lhe contava, sentada à beira da cama, até que adormecesse. Naquela noite, o pequeno grilo André, mal pode dormir.


CAPÍTULO 6: De como a mãe do pequeno grilo André, decidiu também questionar as três leis dos grilos.

De volta à comunidade, todos se encontravam consternados. O pensamento geral era de que o grilo andarilho chamado, João Suassuna, seqüestrara o pequeno grilo André de sua casa, em retaliação ao seu banimento. Era mais convincente ainda, pelo fato de que o mesmo, questionava as três leis dos grilos, e diziam que era por desrespeitar as leis, é que João Suassuna seqüestrou o pequeno André.
_ Meu filho André. _ dizia sua mãe. _ Sendo muito curioso, deve ter seguido João Suassuna, por compartilhar suas dúvidas.
Ninguém lhe dava ouvidos, mas a mãe de André, Dona Anilia, sabia a verdadeira razão do suposto seqüestro. Tanto que quando todos os grilos se reuniram em conselho para determinarem os membros da comitiva que iria resgatar, nem que fosse a força, o pequeno grilo André, sua mãe fez questão de fazer parte da tal comitiva. Era claro que os grilos, em conselho, preparavam uma operação de resgate, o que seria uma horda insana de grilos fora de si. Todos estavam cegos que nem ao menos escutaram os questionamentos de Dona Anilia.
_ Não seria melhor repensarmos sobre as leis dos grilos? _ dizia ela. _ Principalmente essa última?
Quando reuniram a comitiva de resgate, Dona Anilia fazia parte dela, e numa decisão unânime, seguiram imediatamente em busca do pequeno André. Porém, na primeira noite não foram muito longe, apenas alguns metros além da comunidade, onde dormiram de cansaço até a outra noite. Dona Anilia, mal conseguiu pregar os olhos. Pensava em André, e como as coisas teriam sido fáceis se tivesse contado toda a história das leis. Começou a lembrar do que escutara, quando criança, de quanto os grilos falavam nas leis e em suas causas. Lembrava dos discursos inflamados de Mãe Narceja. Sentia-se agora identificada com ela, e não somente por ser mãe, mas por ter perdido o filho, que um dia também questionara as leis. Imaginava a verdadeira razão das tais leis, e era a mesma razão desta busca insana. Ela sabia que jamais voltaria a ter um minuto de sossego. A volta de seu filho, representava nova exposição da validade das leis, e possivelmente outros banimentos, assim como ocorrera com Mãe Narceja um dia e recentemente com João Suassuna. Talvez isso que lhe ocorria, tenha acontecido com a própria mãe do grilo Zé, Mãe Narceja, pois ela também voltara-se contra as próprias leis que criara, por perceber sua incoerência. Logo que anoiteceu, toda a comitiva estava pronta para seguir em sua busca. Tirando Dona Anilia, que não havia dormido, todos estavam bem descansados e dispostos. Caminharam por toda a noite, seguindo a trilha de João Suassuna. Perto de amanhecer, alcançaram o mesmo brejo, onde o pequeno André foi salvo por João Suassuna. As rãs ainda entoavam sua melodia triste, e alguns dos grilos mais influentes seguiram hipnotizados, em direção ao brejo. Dona Anilia, que estava mais que sonolenta, percebeu o engodo, e pôs-se a cantar a canção milenar. Todos os outros grilos acompanharam sua introdução, e continuaram a caminhar em direção ao brejo, entoando a canção milenar. Não havia saída, com a comitiva hipnotizada, Dona Anilia teria de fazer alguma coisa e bem rápido. Dona Anilia, iniciou uma execução qualquer, apenas friccionando suas pernas. Não era a canção milenar, nem qualquer outra variação da mesma, era apenas, o som do friccionar de suas pernas, que fez toda a comunidade despertar do transe, devido a heresia. Tão logo despertaram do transe, perceberam a proximidade do sapo, não só pelo seu coaxar. O gigantesco sapo, esticou sua língua aderente, capturando o primeiro grilo da comitiva. Todos os membros da comitiva, aterrorizaram-se com o ocorrido, e seguiram em disparada para longe do brejo. O sapo deu um pulo e capturou mais um grilo retardatário, enquanto ao resto da comitiva, conseguia fugir a tempo, para bem longe dali. Onde iniciaram o questionamento a Dona Anilia, que por sua vez, havia entoado outra canção qualquer diferente da canção milenar.
_ Segundo a primeira lei. _ diziam eles. _ Não se pode entoar qualquer canção, que não seja a canção milenar.
_ Mas foi apenas para que parassem de escutar a cantoria das rãs. _ retrucava Dona Anilia, sem saber que seu feito repercutiria para o resto dos tempos.
Assim, como ficou registrado que ela apenas cantara outra canção para o benefício dos outros. Ela foi perdoada, e mantida na comitiva. Porém seu feito, agora influenciava o preconceito contra si mesma. Os outros membros da comitiva sentiam-se inseguros com sua presença, apesar dela mesma ter-lhes salvado a vida no brejo. Mesmo assim, Dona Anilia continuava expondo seus pensamentos da noite anterior.
_ Lembram-se de quando o pequeno grilo Zé se foi? _ insistia ela. _ Vocês são mais velhos e devem se lembrar.
Nisso, Antunes, o grilo mais velho que comandava a comitiva, pediu a palavra, dizendo que conhecia muito bem a história, sentou-se juntamente com outros três grilos, seguidos por Dona Anilia. A comitiva, que antes fora numerosa em sete membros, agora, no momento da reunião extraordinária sobre as leis, eram em numero de quatro, sem contar Dona Anilia. Já passava da hora de dormir, porém, todos estavam dispostos a ouvir o que o grilo Antunes teria a falar.

“Depois que o pequeno Zé afastou-se com suas questões teológicas, Pernas-de-Serrote, seu professor, sentiu-se preocupado com a própria questão teológica em si, pois ele tinha sido o único que conversara com o pequeno grilo Zé antes dele partir. Pernas-de-Serrote repensou todas as perguntas e suas respectivas respostas, e percebeu o que o pequeno grilo Zé pretendia. Nesta altura o pequeno Zé já estava a milhas de distância, pois seguira em busca de aventuras, achando que encontraria. Como nos contos de magia, o grilo Zé encontrava-se envolto à um universo de enigmas, soluções, mistérios, premonições e predestinações. O que ele queria, era virar gente e ser cantor de ópera. O pequeno Zé queira, cantar qualquer canção que não fosse a uníssona canção milenar. Por isso é que Mãe Narceja, a mãe de Zé, exigiu a criação das três leis em pleno conselho da comunidade Grilosídea. O que realmente aconteceu com o professor, ninguém nunca soube, apenas que ele sumiu depois daquele dia que encontrou-se com o pequeno grilo Zé. Talvez Pernas-de-Serrote tenha sumido como num reflexo involuntário por compartilhar idéias tão revolucionárias com o pequeno grilo Zé, mas o fato é que ninguém mais soube do professor, tão pouco do grilo Zé. Talvez ele tenha sumido por sua cobiça por novas canções novas, ou a tentativa de mudar uma tradição milenar. O pânico instaurou-se entre a comunidade Grilosídea, a ponto de redigirem leis contra novas e quaisquer canções novas. Lembro-me bem, era um jovem robusto e promissor naquela época. Mãe Narceja, ficou tida como mãe de todos, até o dia em que questionou as próprias leis, e também sumiu para sempre do convívio com a comunidade Grilosídea, pois fora considerada louca e mentalmente desequilibrada.”


CAPÍTULO 7: De como os dois grilos conquistaram sua meta, descobrindo mais do que as três leis, em questão.

João Suassuna e o pequeno grilo André, seguiam firmes em sua jornada
_ Sabe André! _ exclamava João. _ Parece que foi ontem que eu passei por aqui, alguns dias depois de partir.
_ João? _ indagava André.
_ Se não me engano, reto assim como estamos indo, vamos chegar num vilarejo...
_ Como é que você faz para pular naquela altura? _ insistia André.
_ Logo poderemos arranjar onde dormir.
_ Eu queria aprender a pular daquele jeito! _ suspirava André.
_ Veja bem André. _ completava João. _ Basta ter impulsão.
Logo, o pequeno grilo André, estava tendo aulas de salto em distância. João Suassuna ensinava com demonstrações de saltos acrobáticos. O pequeno André, seguia seus passos e saltos, demonstrando futura e promissora habilidade. João Suassuna, empolgado com o aprendizado de sue pupilo, saltava cada vez mais alto, quando em meio às acrobacias, ele foi apanhado por um emaranhado de teias. Sua situação complicou-se com o fato dele ter usado muita força para induzir o salto. Quando foi aparado pela teia, suas pernas ficaram presas na teia, de modo a não funcionarem propriamente como um serrote. O pequeno grilo André ficou perplexo com aquela armadilha do destino.
_ João? O que é isso?
_ Uma teia de aranha. _ dizia João, preocupado. _ Não se preocupe com nada.
Quanto mais João Suassuna se movia, em ordem de livrar-se da teia, mais era apanhado e preso na mesma.
_ João? Você esta bem?
_ Não! _ preocupado. _ Vá embora André, que eu não tenho mais saída.
O pequeno André desesperava-se com a afirmação de seu amigo. Ele não entendia o perigo eminente da aranha, pois aquela teia muito bem esticada, servia para que os pequenos insetos, como os grilos, ficassem presos e servissem de desjejum para as aranhas. Afinal de contas, as aranhas, também são inimigas naturais dos grilos. E geralmente, tanto os sapos, quanto as aranhas, tinham sempre vantagem na luta com os grilos.
_ Eu não consigo mover-me, André. _ suspirava João. _ Logo a aranha vai estar aqui e estarei perdido.
_ E se eu fosse aí te salvar? _ insistia André.
_ Não André! _ ordenava João. _ Você vai acabar preso como eu!
_ Mas eu não vou deixar você para trás. _ dizia André, corajosamente.
O pequeno grilo André, pelo fato de ser bem pequeno, tinha uma certa agilidade pendurado na teia de aranha. Ele caminhou para perto de João, estendendo-lhes as pernas. André não possuia força suficiente para puxar João da armadilha da aranha. André, tentou serrar a teia com suas pernas, porém era extremamente difícil cortar aquela teia.
_ Desista André. _ reclamava João. _ Vá embora, pela tradição milenar!
_ É isso! _ dispôs-se a entoar a canção milenar. _ Cantando a canção milenar posso usar minhas pernas como uma tesoura.
Nisso, enquanto o pequeno André conseguia, aos poucos recortar a teia ao redor de João, uma aranha aproximava-se sorrateiramente. Imperceptível aos olhos dos dois grilos a aranha chegou perto dos dois, quase como se fosse invisível. Logo após o pequeno André conseguir serrar a teia e libertar João, que caiu como fruta madura no chão, a aranha atacou. João, estatelado no chão e ainda emaranhado pela teia, vendo a cena que se formava. A aranha era esperta e traiçoeira, mas o pequeno André era ágil em sua teia. A aranha era persistente, e atacava o pequeno André, a fim de vencê-lo pelo cansaço. Foram-se alguns minutos de ataques da aranha e escapadas de André. João ainda não havia se libertado da teia em volta de suas pernas, apesar de lutar ferozmente. O pequeno André começava a demonstrar sinais de cansaço e fadiga, ameaçando pifar, quando surgiu dos ares, uma linda borboleta noturna, para buscar o pequeno André, no momento exato do golpe da aranha, afugentando-a com suas asas flamejantemente coloridas. João, que já podia se ver livre da teia em suas pernas, saltou em direção à borboleta, à interceptá-la. Após passado o perigo, todos os três pararam para recuperar-se do susto.
_ Quem é você? De onde vem? _ questionava João à borboleta.
_ Meu nome é Flaminga! _ disse orgulhosa. _ Acontece que justo agora tornei-me uma borboleta. _ continuou. _ Antes mesmo, era uma larva, e ficava ali mesmo na árvore. Foi preciso apenas, aquela canção magnifica para despertar-me.
_ Era a canção milenar dos grilos. _ empolgou-se André.
_ Foi você que a cantou? _ perguntou-lhe Flaminga.
_ Foi.
_ Poderia cantar mais para eu ouvir? _ indagou-lhe Flaminga.
André iniciou a cantar novamente a canção milenar, para logo ser interrompido por Flaminga.
_ Mas essa eu já ouvi! _ exclamou. _ Não sabe cantar outras canções? _ Quis saber Flaminga.
_ Os grilos só cantam uma canção? _ interpelou João.
_ Por que? _ indagou André.
_ Por que? _ indagou Flaminga.
_ Ora, porque sim!
_ Por que sim não é resposta! _ exclamou Flaminga, irritada e apressada. _ Bem, se não querem cantar outra canção, não tem importância. Não queira ouvir mesmo.
Nisso, o pequeno André, iniciou uma cantoria parecida com a triste melodia das rãs.
_ Veja como as rãs fazem _ disse ele, sendo interrompido.
_ Pois dizem por aí, e eu ouvi quando ainda era uma larva, que tem um teatro sanitário para aquelas bandas ali. Lá dizem que existem todos tipos de atrações, e a grande atração, é mesmo um grilo cantor.
_ Como assim? _ indagava João. _ Todos os grilos são cantores!
_ Mas eu só ouvi falar... É para lá que estou indo. Vocês, se quiserem, podem aparecer por lá. _ dizendo isso, alçou vôo para o escuro céu da noite.


CAPÍTULO 8: De como a comitiva encontrou a Mãe Narceja, onde Dona Anilia exigiu uma resposta para a questão das três leis.

Já era a terceira noite de busca, e todos sabiam do longo caminho a ser percorrido. A questão de Dona Anilia ter entoado outra e qualquer canção que não fosse a canção milenar, já era fato ocorrido e perdoado, mas ela insistia em fazer-se lembrar, instigando e importunando os outros membros da comitiva. O grilo Antunes, sempre se mostrava menos perturbado que os outros, que demonstravam medo e agonia em desespero contínuo.
_Já pensaram, que os grilos talvez possam entoar outra e qualquer canção , que não seja a canção milenar? _ importunava, Dona Anilia.
Todos faziam-se de surdos, mas mesmo que estivessem com as orelhas tapadas por pedaços de algodão, não deixariam de escutar o que Dona Anilia tinha a dizer. O que era bastante coerente, pelo simples fato de que uma canção qualquer que não fosse a canção milenar, acabou por salvar-lhes a vida. Era demais não reconhecer que talvez Dona Anilia tivesse razão, nem que fossem apenas resquícios de razão. Foi quando todos despertaram de seus pensamentos, com uma exclamação do grilo Antunes.
_ Pela santíssima tradição milenar! _ disse ele com os olhos estatelados, como se encarasse um fantasma. _ Mãe Narceja!
Era a Mãe Narceja, parada e estática como uma pedra, em frente da comitiva. Era uma visão coletiva, ou pura realidade... Ela estava ali, prostrada e estagnada. Parecia bem mais velha e sofrida, do que o próprio grilo Antunes.
_ Ó velho Antunes! Tu sabes que ela tem razão? Não sabes? _ dizia ela, atordoante.
O grilo Antunes, não conseguiu emitir um único som que fosse. Estava perplexo e atordoado com a presença da velha Mãe Narceja. Dona Anilia, tomou iniciativa, questionando Mãe Narceja.
_ Quem tem razão? Mãe Narceja! _ perguntou-lhe, Dona Anilia.
_ Tu tens razão, minha jovem. _ devolveu-lhe Mãe Narceja.
_ Que devo fazer? _ replicava Dona Anilia.
_ Deves ser forte! Deves ser forte! _ Mãe Narceja.
_ E a questão das três leis? _ indagava Dona Anilia.
_ Já não posso mais resolvê-las, cabe ao mais velho dos grilos. _ Mãe Narceja.
Todos reviraram-se para o velho grilo Antunes, que era o mais velho dos grilos. Ele continuava perplexo e atônito, como antes estivera.
_ Por quê a senhora foi contra suas próprias leis? _ perguntou-lhe, Dona Anilia.
_ Percebi tarde demais, o que percebeste. Por isso estais certa. _ disse lhe Mãe Narceja, desaparecendo em meio às folhagens.
A partir desse momento, Dona Anilia sentia-se plena e cheia de razão. Partiu sem demora seguindo um invisível rastro da Mãe Narceja, e mesmo que nenhum membro da comitiva a seguisse, iria até o fim de sua jornada. Iria resgatar o pequeno André, e restaurar a ordem na comunidade Grilosídea. Ela era seguida pela comitiva mais por falta de liderança, do que por convicção, já que o velho grilo Antunes permanecia atônito. Dona Anilia sentia-se rejuvenescida pela experiência com a Mãe Narceja.


CAPÍTULO 9: De como os dois grilos encontraram o teatro sanitário e tiveram a maior surpresa de suas vidas.

João Suassuna e o pequeno André, seguiam em ritmo acelerado, fazendo saltos e acrobacias, para logo chegarem ao teatro sanitário.
_ João? Você nunca havia passado por aqui? Como não sabe do teatro sanitário?
Eram tantas as perguntas do pequeno grilo André, que João nem mais as respondia. Pois tornara-se fatigante, aquele bombardeio de questões. E assim viajaram todo o percurso até o teatro sanitário. O pequeno André, estava começando a demonstrar aptidão para o salto livre, e mostrava-se cada vez mais ágil e rápido nas suas execuções, até que enfim, avistaram o teatro sanitário, pois era maravilhoso aos olhos do pequeno André. Uma visão e tanto para João, que se lembrava de quando passou por aqui certa vez, era a Segunda vez que fazia o mesmo trajeto, só que ao invés de parar no teatro, quando esteve ali, na primeira vez, não parou, seguiu reto.
_ É ali, André! _ comunicando-lhe. _ Ali é o teatro sanitário.
O teatro sanitário era formado por paredes de louça devidamente arredondadas pela passagem de água. “Pois era muito usada por homens, quando existiam alguns por aqui.” Explicando a André, a arquitetura do teatro.
_ É lá que vamos ouvir o grilo que canta? João?
_ Lá mesmo, André. _ retrucou.
Os dois saltaram seguros até chegarem ao teatro sanitário. Lá dentro estava repleto de outros insetos, sentados numa arquibancada de palitos de picolé.
_ Um milagre da engenharia, não é? _ disse um velho louva-a-deus, apontando para a arquibancada, e dando passagem para os dois grilos. _ Entrem, e sentem-se. Há lugar para todos! _ exclamava. _ Dentre poucos instantes, o espetáculo terá início!
Em meio à arquibancada, puderam avistar a borboleta Flaminga e suas asas flamejantemente coloridas, acenando para eles.
_ Aqui! Aqui! _ exclamava. _ Você vieram? Sentem-se aqui!
Os dois se enfiaram no meio dos outros insetos. Haviam todos os tipos de insetos ali. As moscas faziam apostas de quem era capaz da maior porcaria, arrotando e cuspindo umas às outras. Os besouros formavam uma torcida organizada, que muito barulho fazia. As joaninhas tricotavam a esperar o espetáculo.
_ Vocês vieram? Não achava que viessem! _ exclamava, Flaminga. _ Quase perderam o melhor do show, o grilo cantor ainda não se apresentou.
_ Quem é esse grilo cantor? _ perguntou-lhe, João Suassuna.
_ Disseram-me que é o grilo Procópio, um famoso cantor de óperas.
_ O mesmo que descobriu “o homem”? _ perguntou o pequeno André, para João.
_ Não, não é o mesmo. Mas têm o mesmo nome.
_ Atenção Senhoras e senhores insetos! _ dizia o velho louva-a-deus no meio da arena. _ Damos início agora, à apresentação do grande grilo cantor de ópera Grilosídea! O grande, inesquecível e incrível, grilo Procópio!
O público foi ao delírio, estremecendo a arquibancada. O grilo Procópio entrou em cena, no meio da arena. Ele era forte e robusto, tinha um peitoral inchado, e com pernas lustradas e sedosas, para darem melhor sustentação das notas musicais. Era um jovem e promissor grilo, e impunha-se com maestria no palco. João Suassuna, arregalou seus olhos, e engoliu em seco.
_ É o Zé! _ exclamou. _ É o pequeno grilo Zé!
_ Fique quieto! Quero ouvi-lo! _ interpelou Flaminga.
_ Senhoras e senhores insetos! _ declamou o grilo Procópio. _ Hoje eu vou apresentar a ópera O grilo de uma nota só, de minha autoria. Obrigado, obrigado!
A platéia ovaciona o grande grilo Procópio, enquanto João Suassuna estremece em sua descoberta.
_ É o Zé! Eu sei que é!
_ Que Zé? _ dizia Flaminga.
_ O Zé que queria ser cantor. Não é, João? _ indagava André.
_ O próprio...
_ Mas, então, pra quê ele usa outro nome? _ insistia André.
_ Conheço alguns grilos que já fizeram isso na vida....
_ De quem vocês estão falando? _ replicava Flamiga.
Tão logo os aplausos foram acabando, que o grilo Procópio passou seus olhos sobre a platéia. Cruzando com os olhos estupefatos de João Suassuna.
_ Professor! _ exclamou bem bixinho para que ninguém o escutasse, o grilo Procópio.
_ Zé! _ respondia, João, que podia ler seus lábios.
André, então compreendeu, que João Suassuna, era o mesmo Pernas-de-Serrote, que desapareceu um belo dia. Enfim, ele entendeu toda aquela mudança de nome, e as outras que vinham ocorrendo desde sua saída da comunidade. Percebeu a sutileza de nomes que o fizeram confundir natureza com Narceja. Reservou para si, toda a descoberta feita em prol da comunidade Grilosídea.


CAPÍTULO 10: De como os grilos foram felizes desde então, por cantarem outras e quaisquer novas canções, que não fossem a canção milenar.

A comitiva se aproximava rapidamente daquela escultura de louça, jogada ao relento em meio à um terreno baldio. Todos encontravam-se exaustos da perseguição, mas ansiosos por descobrir o que representava aquelas luzes vindo da escultura. O velho Antunes dava sinais de melhora e já balbuciava algumas palavras.
_ Dona Anilia? Por que insistes em contestar a autenticidade das leis? _ perguntava ele, quase moribundo.
_ Por que você insiste, em manter todo esse segredo? A Mãe Narceja, disse-nos que você, é quem tem poderes para isso. _ retrucou Dona Anilia.
_ As leis são estritamente vinculadas à canção milenar. _ disse-lhe, o velho.
Tão logo, entraram dentro do teatro sanitário, avistando todos aqueles insetos juntos, perceberam o início do espetáculo do grilo Procópio. A melodia que Procópio cantava, era linda e maravilhosa, porém não era a canção milenar, e Antunes, sentiu o mesmo que sentira com João Suassuna.
_ É impossível! _ exclamou o estupefato grilo Antunes. _ Se não é o pequeno grilo Zé?
O espetáculo continuava, enquanto o grilo Antunes, enfurecia-se pela heresia da melodia, que trazia vergonha à tradição milenar.
_ Parem tudo! Parem tudo! _ interrompeu Antunes. _ Isso é um ultraje para a comunidade Grilosídea.! _ disse, completamente exaltado.
_ Do que se trata? _ interrompeu um besouro enfurecido.
_ Mais uma festinha ameaçada pela moral e os bons costumes! _ desafiaram as moscas em coro.
_ Ah! Mas que falta de decoro! Cherri! _ Dizia uma joaninha mais espevitada.
_ Esta canção significa uma profanação da tradição milenar Grilosídea! exclamava com muita autoridade, Antunes.
_ Qual é o problema? _ insistia o besouro.
_ É proibido por lei, executar qualquer canção que não seja a canção milenar! _ Exclamava Antunes. _ isso é um fato!
_ Quais são as leis dos grilos? _ gritou o pequeno grilo André, revelando-se na platéia.
Sua mãe, Dona Anilia, estendendo-lhe os braços, gritou à sua cria.
_ André! Meu filho!
_ Isso! Quais são as leis dos grilos? _ continuou o besouro.
Nesse momento, o velho grilo Antunes, reconheceu também, a velha feição desgastada do grilo João Suassuna. Reconheceu um antigo conhecido dos velhos tempos de escola. Algo o fez lembrar de seu antigo professor, que um dia fora testado em seus princípios e fugido para sempre do convívio da comunidade. Não conseguia pronunciar seu nome, devido à insistência do besouro. “Quais são as leis dos grilos?”

“Lei n 1 : É proibido entoar qualquer outra canção, que não seja a canção milenar.
Lei n 2 : É proibido questionar a lei n 1.
Lei n 3 : É proibido mencionar e discutir as leis n 1, e n 2.”

Sem haver percebido, o velho Antunes revelara as leis dos grilos. Parecia responder à profecia de Mãe Narceja. E como se estivesse tomado por uma força superior, João Suassuna, ou se prefere Pernas-de-Serrote, levantou-se de seu assento, interpelando o velho Antunes.
_ Mas, veja só! O senhor acaba de mencionar e discutir sobres a duas primeiras leis, invalidando todas, umas às outras. _ continuando seu raciocínio, João Suassuna, que um dia fora Pernas-de-Serrote, demonstrava toda sua perícia como velho mestre. _ Então és, um banido , como todos que aqui estão!
Toda platéia caiu em algazarra sincronizada. Eram as moscas emporcalhando-se umas às outras, os besouros urrando vitória e as Joaninhas em sussurros e suspiros espasmódicos.
_ Nunca houve algum questionamento de quaisquer das leis, por minha parte! _ exclamou Antunes.
Neste momento, o grilo Zé Procópio, usando toda sua energia vocal, começou a entoar a mais bela canção já escutada. A melodia era simples, mas eficiente. As notas reverberaram com facilidade nas paredes de louça que formavam o teatro. O som reverberado soava diferente do que jamais fora ouvido. Toda platéia ficou estupefata com tamanha perícia e determinação. O pequeno grilo André, ao escutar o som que se propagava pela antessala, num salto acrobático, juntou-se a Zé, numa sinfonia dodecafônica. A melodia era instigante e contagiante, com Zé e André, entoando uma canção unicamente para aquele lugar. O som propagava-se cada vez mais rápido, até encher a sala de rodopios e sensações. Aos poucos, os outros insetos acompanhavam a melodia como podiam. As moscas rodopiavam fazendo uma única voz uníssona. Os besouros faziam do baixo, um grave e forte, enquanto as joaninhas, com suas pequenas varetas de tricô, marcavam a batida num ritmo sensual e envolvente. Até mesmo os vaga-lumes que iluminava o recinto, relampeavam de alegria, a todo instante. O professor João Suassuna, saltou o mais alto que pôde, entoando a maravilhosa melodia que emitia de suas pernas de serrote. E foi rodopiando em pleno ar, que entoou as mais perfeitas notas já emitidas por um grilo. Havia um cantor de talento escondido, detrás da carcaça de velho professor. Quando João aterrizou, Dona Anilia, entoava timidamente uma variação mais aguda da mesma melodia. O som ecoava cada vez mais alto, e empolgava cada vez mais os insetos. Até mesmo, os três membros da comitiva, arriscaram uma desafinada em meio à improvisação. A única resistência, foi do velho grilo Antunes, porém era fácil de perceber seu balanço desajeitado em favor do ritmo da canção entoada.
_ Não sejam estúpidos! _ balbuciava em vão, o velho Antunes. _ Não vêm que isso é uma heresia?
Naquele momento, o velho Antunes lembrou-se dos tempos em que ainda era um jovem e promissor grilo. Recordou-se de suas cantorias noturnas, para impressionar as fêmeas. Sentia um arrepio em toda sua crosta peitoral, só de experimentar cantar outra e qualquer canção. Lembrava-se muito bem da jovialidade daqueles tempos e sentia uma felicidade por estar vivo. Naquele momento, para o jovem Antunes, não existiam tradição, nem leis e nem canções milenares, tudo era apenas alegria. Imaginava que qualquer e todas as outras canções, são milenares. E bastaria que fossem entoadas, uma única vez, numa única noite, para ser milenar. Lembrou-se da liberdade que exercia naquelas noites, e regozijou-se por tê-la encontrado naquele teatro.
_ Vocês não podem obrigar-me a isso! _ explodindo num choro de criança, escondidos dentro da mesma velha carcaça.
Num salto de alegria e jovialidade, o velho Antunes, quase que quebra suas pernas, tamanha felicidade e prazer, em entoar uma nova canção. Suas pernas pareciam saudáveis novamente e sua expressão refletia a prazerosa atividade exercida. Cantaram e dançaram até o dia amanhecer. E continuaram a fazê-lo por mais três noites seguidas. Foram noites concorridíssimas, que foram preciso instalarem novas arquibancadas.
_ Um milagre da engenharia, não é? _ exclamava o louva-a-deus. _ É incrível como nós louva-a-deuses, temos habilidade em fazer instalações!
A cada apresentação, a noticia da grandiosidade do espetáculo corria como vento. Na última noite, a lotação era recorde, ultrapassava o número que é o quadrado da hipotenusa. Durante todos espetáculos, o pequeno grilo André, era quem mais aprendia com Zé Procópio. O professor João Suassuna, aceitara enfim, seu novo cargo como diretor da escola da comunidade Grilosídea, assim substituindo o velho Antunes, que agora gozava de suas merecidas férias. Dona Anilia, empolgava-se cada vez mais com seu menino prodígio, pois André, já executava a mais difícil das peças já cantadas por um grilo, e assim na noite em que o teatro deveria partir, fizeram uma festa, onde acabaram, todos dançando salsa até o dia amanhecer. Caíram-se todos ao relento cansados de tanto cantarem.


CAPÍTULO 11: De como o pequeno grilo André recebeu um incentivo pessoal do grande grilo cantor Zé Procópio, a tornar-se ele também um cantor.

Estava anoitecendo quando o teatro sanitário preparava-se para partir.
_ Zé? Por que vocês vão embora? _ perguntava o pequeno grilo André.
_ Estamos contratados par fazer uma apresentação numa pia de cozinha de uma casa abandonada. _ dizia Zé.
_ Posso ir com vocês? _ insistia André.
_ Infelizmente não André. _ retrucava Zé. _ Você tem uma missão muito importante. Que é a de fazer os outros grilos compreenderem o significado de novas canções.
_ Mas como posso fazer isso? Ainda não sei de nada. _ insistia André.
_ O que sabes, é suficiente! _ continuava Zé. _ Tenho de seguir em frente, pois onde vou existem muitos outros grilos que também precisam entender e aprender.
_ Você não pode ir embora! Eu não posso ensinar ninguém! _ choramingava André.
_ Claro que pode, basta querer! _ exclamou Zé. _ Não quiseste vir em busca de respostas a todas suas perguntas? _ indagou-o. _ E, vieste, não vieste? De certo, encontraste!
_ Sim!
_ Então, dar-se-á bem na condição de instrutor. _ continuou Zé. _ Deves seguir apenas sua intuição.
Assim, o pequeno grilo André, despediu-se da caravana de artistas do teatro sanitário, e com a noite, já alta, os grilos seguiram a viagem de volta à comunidade Grilosídea com a coragem de questionar todas as leis dos grilos, que após acordaram de um sono profundo sem mais ver a caravana dos artistas, pensaram terem tido um sonho coletivo. Naquele momento, o pequeno André entoava a mais bela e mais triste canção já ouvida antes, a qual ouviriam por muito tempo, após a reforma da comunidade Grilosídea. A canção era a prova de que não seria um sonho coletivo, e a mais pura verdade, era que os grilos podiam, e deviam cantar novas canções novas. E a cada noite, mais novas e mais canções novas seriam entoadas em toda comunidade Grilosídea, pois tão logo retornaram à comunidade, convocaram uma reunião extraordinária do conselho dos grilos, onde foram comunicadas as novas medidas da comunidade, que ficaram conhecidas como a grande reforma da comunidade Grilosídea. Agora seria extremamente proibido, interferir no direito e liberdade de entoar outra e qualquer nova canção que não fosse a canção milenar, mas que a tradição milenar permanecesse, e vez em quando faziam os bailes milenares para regozijar os velhos tempos. Foi estabelecido também, que os grilos teriam a liberdade de questionar, mencionar, discutir e até supracitar, qualquer outra canção, lei ou comunicado. A Mãe Narceja, foi enfim, devidamente aclamada, reverenciada, santificada e proclamada, como padroeira da canção milenar, e a paz, a harmonia e a tranquilidade, enfim, reinaram absolutas na comunidade dos grilos. Voltando a ser tudo como era antes, com a única diferença de que os grilos, agora, gozavam da liberdade de cantarem, ou não, a canção milenar, até que fossem outras e quaisquer novas canções.


FIM



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