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Infanto_Juvenil-->Drogas? Um bem irremediável? -- 13/11/2002 - 23:57 (Veridiana Rocha Monteiro de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


É tão engraçada a nossa vida!
Andamos rindo, chorando, correndo, cansando... enfim, vivendo. Vivendo em um mundo de contrastes, contrastes esses que são inevitáveis na vida de qualquer ser...
Você acreditaria, se por acaso eu contasse como a minha vida é totalmente barroquiana?
Detalhe: não suportaria viver em outra vida!
Bem... dia 27 de novembro, nasce uma menina linda, uma garota que pode ser a salvação de um casal, de uma família que estava nas ruínas, seu nome era Vitória, um nome que já diz tudo... ela nasceu por um milagre.
Vivi teve um parto demorado, ficando à beira da morte, mas conseguiu sobreviver. Sinceramente, toda a vez em que lembro dessa história, acredito que Deus existe, agradeço-o todas as noites...
Isso tudo aconteceu, porque eu, a mãe, havia feito muitas inutilidades, passando por momentos não muito agradáveis... eu era uma adolescente rica e tinha apenas 16 anos.
Meus pais perderam tudo: prestígio, fama, popularidade, dinheiro... tudo isso porque meu pai, um médico famoso, havia sido acusado injustamente de ter matado um paciente, não sei ao certo, mas o acusaram de não ter cuidado direito de uma senhora que já estava nas últimas e sofria de câncer. Disseram que MEU PAI, justamente ELE havia retirado o oxigênio da velhinha que estava em coma...
Quando eu soube disso, não acreditei, minha mãe não acreditou, meu irmãozinho também não... mas a sociedade... AH, a sociedade não perdoa, acusaram meu pai, cuja noite era de plantão para ele.
Agonia, pura agonia, sofrimento. Minhas amigas começaram a distanciar-se de mim, ficava cada vez mais triste, muito triste.
O dinheiro foi acabando e tivemos que mudar para um bairro humilde, muito diferente da mansão que morávamos, a qual passei quase toda a minha adolescência... para mim aquilo era o fim!
Mudei de casa, de colégio, de amigos... amigos! Ah, esses eu não tinha... a vizinhança acusava-me de metida, que tinha um rei na barriga, para mim eles eram um bando de vagabundos, só andavam nos bares da vida, viviam fora de casa, fazendo sei lá o que... e... porque eu “não dançava de acordo com a músicas que eles tocavam”, chamavam-me assim. Sinceramente, tinha mais o que fazer!
Uma vez, quando fui ao colégio em que estudava, a turma estava preparando a festa de São João da minha rua e Magna, a única menina do bairro que conversava, havia chamado-me para ir...
- Vamos Diana, vai ser legal, só assim você conhece a minha turma e quem sabe acaba com a besteira de briguinhas!
Fiquei de pensar, mesmo sabendo que provavelmente não iria. Eu? Me juntar com a gentinha! IMPOSSÍVEL!
A tal festa era na casa dela... Poxa, tinha consideração por ela, voltava a pensar e pensar...
Será que valeria a pena ir para a tal festa? Ela era a única que realmente me entendia, nem meus pais, meu irmão... a vizinhança, nem comento... vou ou não vou?
Acabei indo... Magna vinha aqui em casa todos os dias para ver se eu ia... e a garotinha aqui sempre com uma desculpa diferente. Acabei cedendo... além disso, eu me sentia muito só, precisava conhecer novas pessoas, novos mundos, fazer com que os vizinhos vissem como realmente sou... se bem que eu era orgulhosa até demais... não iria ceder tão cedo, mas fui!
Minha mãe ficou muito alegre.
- Minha filha, que bom, depois de quase um ano você resolveu andar com seus coleguinhas!
- Eles não são meus coleguinhas. Eu só vou porque Magna me chamou! por pura consideração!
- Tudo bem, Diana, vá! Fico feliz mesmo assim.
- É né, terei que ir... não tenho outra escolha!
- Ela vai acabar com a festa de Magna! - gritou meu irmãozinho Rafael, da forma mais cínica possível.
- Que é isso, filho!
- Tá vendo, mãe! Até ele fica me abusando! Acho melhor não ir...
- É melhor mesmo, do jeito que você é metida e adora falar mal dos outros... além disso, anda sempre com um ar de superioridade. Fica no lugar de onde você não deveria ter saído... da sua solidão de espírito!
Essas palavras de Rafinha foram como um punhal encravado em minhas costas... BRUTUS!
Até ele, meu próprio irmão!
Mas foi isso que ele me disse me deu forças para ir a tal festa e mostrar quem realmente é Diana... aprontei-me, estava linda, liguei pra Magna para que ela viesse até aqui buscar-me... eu não iria chegar na casa dela sozinha e meu irmão não queria ir comigo.
Ao chegar na casa dela, comecei a escutar piadinhas... tipo: "chegou a metida", "shiiiii... minha roupa está tão pobretona, com certeza terá ALGUÉM para mangar", "não li a revista Claudia para estar por dentro do mundo da moda", “não sei porque Magna, uma garota super legal, pode ter chamado aquela ali"...
Pela primeira vez nem dei ouvidos e estava lá, firme e forte, rindo com minha amiga e conversando um pouco... até que, de repente, um garoto chegou, se bem que não era um simples garoto, era um monumento histórico que havia chegado na festa.
Ele andou em nossa direção e cumprimentou Magna, ela era sua prima, então Magninha apresentou-me a ele:
- Di, este aqui é Rodrigo, meu priminho!
- Digo, essa é Diana, minha melhor amiga!
Ele me beijou no rosto, foi maravilhoso!
- Prazer, você é muito linda! - disse ele.
- Obrigada!
Magna, como não é besta, deixou-nos falando a sós! Isso foi ótimo!
Moras por aqui?
- É...
- Estranho... nunca tinha te visto!
- Bem, é que não sou muito de sair, fico mais em casa, com minha mãe.
- Que desperdício, tão jovem, deveria curtir mais a vida.
- De que forma?
- Bem, saindo... conhecendo pessoas novas...
- É que não sou muito acostumada...
- Pois deveria passar a ser, vale a pena.
- Tudo bem, se você diz...
- Quantos anos?
- Dezesseis, e vc?
- Dezoito. Tão jovem... bonita... trancada em casa!
- Ah, eu gosto!
- Você gosta apenas porque ainda não vivenciou o lado bom da vida!
- ...
-Quer dançar?
- Pode ser...
Detalhe: eu não sabia dançar forró, não era acostumada a dançar este tipo de música... morria de vergonha de pagar mico, mas mesmo assim fui dançar...
- Solte-se mais, estás tímida ou é apenas impressão?
- Eu sou tímida!
- Fica não, gata! Venha para cá!
Todos na festa estavam notando como é que eu estava, alegre, feliz, rindo e conversando com o garoto mais paquerado da minha vizinhança.
- Para onde vamos?
- Vem, eu não vou te fazer mal... qualquer coisa você grita! hahahaha...
- Tá!
Fomos até o jardim da casa de magna e lá ficamos olhando as estrelas, a lua que por sinal estava linda... até que , de repente, eu vi Rodrigo acendendo um cigarro...
- Você fuma?
- Sim.
- Tão jovem, estragando a vida!
- Que nada menina, é bom, relaxa.
Depois notei que o que Digo estava fumando não era apenas tabaco... mas sim... DROGA!
- Aceita um pouco?
- Não, obrigada... vou voltar para a festa!
- Diana, deixa disso, vem pra cá... vai me dizer que você não gostou de estar aqui comigo... nós, a sós... uma noite linda, um fundo musical maneiro... te aquieta... prova um pouquinho!
- Eu não quero! Não gosto.
- Você já provou?
- Não!
- E como sabe que é ruim?
Porque todos dizem.
Então você é o tipo de "menina vai com as outras"?
Claro que não!
- Então, pega um!
- Não! Vou embora!
- Você quer ficar, que eu sei... sei que ninguém daqui do bairro gosta de você, agora notei... e lembrei de alguns comentários que o pessoal falava... com quem você vai ficar nessa festa? Magna? Ah, ela tá dançando e ficando com um de meus amigos, André! Logo, você vai ficar só!
- Eu vou embora!
- Mas você não quer... você quer estar aqui, comigo, do meu ladinho!
- Mas que petulância a sua!
- Não, eu sou realista... e notei seu olhar comigo, mas não vou negar, fiquei bem interessado em você, caso contrário não iria insistir para a senhorita estar comigo...
Ele insistiu tanto, eu estava com vontade de ficar... tudo que Rodrigo falava tinha coerência. Eu não tinha com quem ficar, Magna estava muito bem acompanhada dançando forro lá, meus vizinhos não falavam comigo... resolvi ficar!
- Tá bom, eu fico!
- Isso Di! Posso te chamar assim?
- Claro que pode.
- Aceita um traguinho?
- Eu não sou acostumada...
- De inicio ninguém é, eu não era, mas quando passei a provar, vi o quanto era gostoso. Além disso, você pode parar de fumar quando você quiser... você é quem manda!
- Tá bom!
Coloquei na boca o cigarro, mas como não estava realmente acostumada, tossi, e muito...
Rodrigo ria.
- Vamos, tente novamente, é assim mesmo!
Eu queria mostrar que não era nenhuma burra e traguei, traguei com toda a força.
- Olha aí, eu não disse que você conseguiria? É ruim?
Não, até que é bonzinho, o cheiro até que faz bem...
Quer mais um pouco?
Me dá!
Fumei novamente... e assim passamos algumas horas lá, rindo e rindo muito, mangando dos outros e eu, orgulhosíssima, pois estava ao lado do garoto mais paquerado do bairro da Estância.
O tempo foi passando e não nos demos conta que as pessoas já estavam indo embora, meu irmão já estava em casa há um tempão e Magna, nem sei o paradeiro dela... estava ficando com André e sumiram da festa... só notei tudo isso quando a mãe dela apareceu e disse:
- Diana, minha filha, você sabe de Magna? - e voltando-se para Digo - Sabe, Rodrigo?
- Não senhora! - foi em coro.
- Para onde ela poderia ter ido, meu Deus? Ela não é de fazer isso - disse a mãe de Magna preocupada.
- Da última vez que a vi tia, ela estava com André.
André está namorando com ela é Diguinho?
Não sei tia, parece que está.
Tudo bem, mas vão meus filhos, já está tarde e tomei o tempo de vocês... cuidado com a rua, está deserta...
- Não se preocupe tia, Diana está em boas mãos!
Eu fiquei feliz ao escutar isso! Rodrigo levou-me até em casa... estávamos com as mãos dadas, ele as acariciava e eu retribuía...
- Pronto, a senhorita está entregue... linda, sã e salva.
- Obrigada, muito gentil de sua parte.
- Relaxa!
Antes de ir, ele olhou bem profundamente nos meus olhos... meu coração palpitava, estava com distonia, nervosa, ansiosa também... e finalmente um beijo ele me deu... foi lindo, era meu primeiro beijo e até que para uma principiante não fui tão ruim... acho que ele nem percebeu... acho!
- Adorei a noite de hoje, gatinha! Espero termos noites assim, agradáveis... lindas e que você compartilhe comigo o nosso segredinho...- Rodrigo mostrou o maço de cigarro.
- Tudo bem, amei a noite de hoje.
- Boa noite.
- Ótima!
Deu-me um novo beijo e se foi... Eu estava no céu, cheguei em casa cantando, coisa muito estranha lá em casa, minha mãe estava preocupada, meu pai já tinha saído a minha procura com Rafinha... mas eu... ai...estava nas nuvens!
- Filha, isso são horas!
- O que, mamãe?
- Já são 3:50 da madrugada! onde você estava? Magna veio a sua procura com um rapaz.
- Magna????
- É, porque o espanto?
- Nada mãe... vou deitar-me! Boa noite.
- Deus te abençoe... mas filha...
- Diga?
- Por que estás tão alegre? O que aconteceu nesta festa?
- Ah, mãe, foi maravilhosa...
- Conheceu gente nova?
- Uma única pessoa que valia pela festa inteira...
- Quem, posso saber?
- Eu acho que a senhora não conhece, ele se chama Rodrigo, é primo de Magna.
- Claro que eu conheço! É o filho do senhor João Paulo, dono de uma mercearia aqui perto! Que bom minha filha, parece-me que este rapaz é um bom moço, trabalhador, esforçado... e até galanteador...
- Galanteador?
- Bem, é uma linguagem do passado!
- Tá bom, vou dormir...
- Filha, mas o que você e o filho de João Paulo fizeram para estares assim, tão feliz?
- Mãe, nos beijamos! Estou tão feliz!
- Como é que é? Filha, quer dizer que vocês estão namorando já???? Mal se conheceram...
- Não mãe... quer dizer, não sei... só sei que adorei esta noite, foi a melhor de toda a minha vida!
- Está certo, filhinha, vá dormir!
- Beijo, mãe!
Eu subi e fui até meu quarto sonhar, não conseguia esquecer o beijo de Rodrigo. Foi mágico, lindo, romântico... emociono-me ao lembrar deste dia! Quando estava trocando de roupa, senti em minha blusa o cheiro forte da maconha que ficou presa em minha roupa... até que era bom o troço... sentia vontade de mais...
Amanheceu e nem dei bom dia ao meu pai, com a cara feia que estava... nem me atrevi, sabia que possivelmente iria levar uma boa reclamação, mas não foi isso que aconteceu. Meu pai tratou-me super bem. Nem quis tomar o café da manhã e pela primeira vez estava ansiosa para ir ao Decisão, colégio onde estudava, pois sabia que iria ver Rodrigo por lá. Ele cursava o 3º ano.
Passei na casa de Magna e fomos juntas até o colégio, ela me contava o que havia feito na noite de ontem e eu contava o que tinha acontecido entre Rodrigo e eu... Ela tinha ido com André para a casa dele e lá ficaram mais à vontade, se é que você, leitor, me entende... eu, na época, fiquei horrorizada!
- Você teve coragem?
- Claro, Diana! É muito bom.
- Sei não, és tão jovem...
- Mas eu não fiz nada demais... o que é meu ainda não foi entregue... apenas trocamos algumas carícias... mas fiquei feliz entre vc e meu priminho... hummmmm... tô sentindo que vai ter clima de namoro no ar...
- Será?
- Ficou interessada, hein?
- Muito! Ele é tão... tão... sei lá! Mas... Magna, ele se droga!
É... eu já sabia, pra falar a verdade, todos do bairro já sabem, com exceção dos mais velhos, claro, pois se meu titio J.P. descobre, Rodrigo está frito... você provou?
Sim... é bom!
- Não faça isso amiga, já provei... é gostoso, relaxa, traz uma coisa boa, uma vontade de fazer coisas que nunca pensou em fazer na vida, mas não faz bem à saúde, não faz bem a você, não faz bem ao seu futuro.
- Eita, Magna! estas parecendo a minha mãe falando, aff!
- É para o seu bem, Diana. Ande com meu primo, ele é um gato e ótimo partido, mas não participe das coisas que ele faz... acabarás dando-se mal... e muito mal...
- Eu tenho consciência do que faço, não sou nenhuma destrambelhada.
- Todos dizem isso, mas continuam fazendo besteiras por aí...
- Ah, Magna, esse papo está muito chato! Bora mudar de assunto, Júnior está vindo aí...
Júnior era um amigo de Magna lá da sala, pois como vocês já sabem, quase ninguém, ainda, não falava comigo.
- Bom dia, garotas!
- Bom dia! - respondi.
- Maravilhoso dia!
- Estás alegre hein Magna?...
Eu os deixei a sós conversando lá no colégio, antes que o professor chegasse na sala. Enquanto isso, havia visto Digo... ele estava lindo, olhou-me e caminhou em minha direção...
Diana, como vai você? Conseguiu dormir bem? O que você achou de ontem?
Nossa, quantas perguntas! bem, estou ótima, tive uma noite agradabilíssima... só que não consegui dormir pensando no que aconteceu conosco...
Você gostou?
Muito...
Não vai me perguntar se eu gostei?
- Ah, sou tímida... você sabe...
- Eu já disse, comigo você vai ter que largar esta timidez...eu amei a noite de ontem - disse Digo, praticamente sussurrando em meu ouvido, quase fico louquinha, mas não demonstrei, claro!
- Bem, Jorge Victor, o professor de inglês, acabou de entrar lá na sala... vou ter que ir... até depois.
- Quero falar com você na hora do intervalo... tenho um sério assunto a tratar.
Tá!
Senti medo nas palavras dele, mas assim que chegou a hora do intervalo, estávamos nós no mesmo lugar... olhando nos olhos e conversando...
- Diana, eu não parei de pensar em você um só minuto... seu jeitinho tímido conseguiu chamar a minha atenção... sua beleza, sua forma meiga... enfim... tá afim de sair comigo depois da aula... assim eu apresentaria alguns amigos meus! Topas?
não pensei duas vezes.
- Topo!
Depois da aula, fomos eu, Magna e Digo até a casa dos amigos dele... primeiramente passamos na casa de André, o love de Magna, depois conheci Daniella, uma garota muito engraçada; conheci Thiago, gatíssimo e o mais velho da turma, tinha 26 anos; tinha Jacqueline tambem; Allan, Ricardo, Danielle.. dentre tantos outros garotos e garotas... todos se reuniram em baixo de um dos prédios da Inocoop e começaram a fumar... Eu, a princípio estranhei muito... olhei para Magna, mas ela estava aos beijos com André, os outros já fumavam há muito tempo... estava perdida...
Tinha consciência de que estava fazendo algo errado, mas não sabia como reagir e fumei também... Digo, olhou-me e gostou de ver-me fazendo aquilo... nos beijamos também.
Com o tempo, acabei me acostumando, Magna voltou a fumar, devido a André... e também por causa de Daniella, de tanto ela insistir... já haviam passado algumas semanas.
Eu andava suja, não me cuidava direito, mal conversava com a minha mãe e Rafael começava a desconfiar das minhas saídas contínuas...
Fumávamos todos os dias, batia vontade, era uma tragada... sentia que não conseguiria viver sem a maconha... mas aos poucos começamos a diversificar as drogas, André conhecia Rogério que também fumava e trocávamos por algum dinheiro para saborearmos a cocaína, o crack...
Passei a mentir em casa, a pegar dinheiro escondido, chegava tarde... mainha havia proibido as minhas saídas com Magna, mas mentia e continuava saindo... Rafinha, já sabia o que eu fazia e sempre olhava para mim de uma forma indiferente, como se não me conhecesse... o pior que era verdade...não era a mesma Diana...
Fiquei até que popular no colégio, passei a conversar com todos, os meninos deixaram de chamar-me de metida. Isso era muito bom!
Aos poucos, via que meu relacionamento com Digo era meramente de dependência da droga... eu queria, ele também, curtíamos juntinhos... assim como as outras pessoas, nossos amigos, quer dizer, as pessoas que diziam serem nossos amigos...
O dinheiro foi acabando, eu queria mais e mais droga, Magna, já havia começado a roubar as coisas de casa. Eu, tinha ainda um pouco de vergonha de vender as coisas da minha casa e roubava nas ruas as velhinhas que passavam por lá e Allan me ajudava... os meninos ficavam escondidinhos também para conseguirem dinheiro, utilizando a tática do roubo... fumávamos hoje, amanhã, depois, depois e depois... era bom, gostoso... não vivia sem a droga. ela era meu almoço, jantar, café da manhã...
Passava mal com as comidas que a minha mãe fazia...
O tempo passava e continuávamos na mesma, meu pai, finalmente, conseguiu comprovar a sua inocência no caso da velhinha a qual haviam dito que ele era o assassino, mas na realidade, era um sobrinho dela que queria ver a velhinha morta, tadinha... Painho estava tentando se reestabilizar economicamente. Maravilha!
Como havia dito, acabei falando com a galera, meus vizinhos, meus colegas de classe, além das pessoas que fumavam comigo... fiz amizade com um menino de nome José Ricardo, um amor de pessoa, sempre me dava bons conselhos, só que eu nunca os usava... a turma dizia que ele era louco por mim, mas eu não acreditava... ele era um moreno e tanto, respeitador, o cdf da turma e sempre tratou-me super bem... Digo morria de ciúmes. Minha amizade com Zé Ricardo estava aumentando, mas eu não abandonava a droga, ele sabia que eu fumava, meus pais sabiam, meu irmão sabia, a vizinhança sabia...
Várias vezes briguei com minha mãe e apanhei também por causa disso... uma vez meu pai ameaçou de jogar-me para fora de casa, mas Rafael não permitiu (essa atitude de meu irmão eu não esperava, foi uma linda surpresa!)
Eu não conseguia mais pegar dinheiro escondido da minha casa, papai e mamãe escondiam muito bem o dinheiro, Rafinha não dizia onde ficava a carteira, então não restou-me outra coisa a não ser roubar... apareceram propostas como prostituição para conseguir alguma graninha. Até que não era uma má ideia... acabei topando...
Nenhuma das meninas que andavam conosco era virgem, eu, Magna, Daniella, Danielle, Jacqueline, Priscila, dentre outras... todas já tinham feito sexo, mas nem me pergunte como eu perdi a minha virgindade, estava muito drogada... disseram que havia sido Thiago, por isso que Digo não falava mais com ele, mas não lembro e nem sei ao certo...
Topei a vida de prostituição... drogava-me e ia com um, dois, três... sei lá... perdia a conta, mas o importante era que ganhava uma boa graninha para satisfazer-me com as drogas... havia fugido de casa nessa época, estava na casa de Allan, uma pessoa que me apoiou muito... Digo freqüentemente ia me visitar, esse tinha ciúmes de todo o tipo de garoto que se aproximava de mim... aff!
Uma vez estava andando sozinha, exausta... e deparei-me com José Ricardo, ele estava mais lindo que nunca, meus olhos brilharam ao vê-lo, mas ele nem me reconheceu...
- Ricardo? - ele virou-se rapidamente.
- Oi?
- Oi, sou eu Diana, lembra de mim?
- Diana, como estás mudada, o q aconteceu com você menina? Soube que seus pais mudaram de casa, voltaram a ser ricos e colocaram Deus e o mundo atrás de você e nada... minha mãe diz que a sua não dorme direito desde o dia em que você foi embora.
Nessa hora meus olhos encheram de lágrimas, mas fui forte.
- É? quem manda! Eles não me aceitaram do jeito que eu sou...
Mas como você queria que eles aceitasse, Di? Drogas nunca foi uma coisa boa... vamos para a minha casa, você deve estar com fome, estás mais magra, suja, não tens ido ao colégio... sinto a sua falta...
Não posso, é para o seu bem, do jeito que estou, vou acabar aproveitando-me de sua vontade e roubá-lo... a droga me deixa assim, faço as coisas consciente, mas de um jeito inconsciente... acho que você não entenderia. Muito obrigada pela força...
- Gostaria de lhe ver.
- Eu também... - meu coração disparou nessa hora.
- Quando lhe verei?
- Eu apareço.
Então sempre, nessa mesma hora, passarei por aqui e esperarei por você!
Todos os dias?
- Sim, porque não? Esperei durante esses meses, um dia só não seria esperar muito, muito menos agora que sei que estás viva!
Eu ri e ficamos conversando um pouco... existiu uma hora que Zé Ricardo tentou roubar um beijo meu, mas, mesmo querendo também, resolvi não beijá-lo, seria pior... Dei um beijinho em seu rosto e saí...
Quando cheguei na casa de Allan, como sempre bem recebida, sentia que havia um sinal de interesse por mim, mas deixava-me oculta por puro respeito a Rodrigo. Bem, não tinha mais nada com ele, mas o devia respeito, pois sabia que Allan era um de seus melhores amigos.
- Boa tarde, minha linda! - falou Allan.
Se você acha que é boa...
O que aconteceu?
Não sei Allan, tô curtindo esse lance que está acontecendo, mas estou com uma saudade da minha mãe, do meu pai, até do chato do meu irmão...
Tô ligado, mas é assim mesmo... ou você está querendo voltar pra casa?
Não! Mesmo se eu quisesse não me aceitariam de volta... olha o lixo que eu estou!
- Também não é pra tanto, olhe para mim - gritou Sérgio, mais uma das pessoas que estavam na casa de Allan.
- Pow, é difícil pra mim tá?
- Garanto que não é só para você, patricinha.
- Para com isso Sérgio, não mexa com a menina!- defendeu-me Allan.
- Eu não sei porque é que você baba tanto essa menina, ela não é para o teu bico rapá! ela já tem dono, chama-se RODRIGO!
Rodrigo é apenas um amigo!
Hahahahaha... se for amizade o que vocês fazem nos escuros dos quartos... é melhor ficar calado!
Sérgio, estás passando dos limites.
- Deixa ele Allan, eu não ligo!
- Uma vagabunda feito você, que faz de TUDO para ficar com a droga...
Nem esperei ele acabar a frase, dei-lhe um tapa bem forte na cara. Sérgio tentou revidar, pois estava fora de si, mas Allan defendeu-me.
- Não se atreva a bater nela!
Ele não bateu, mas quebrou a janela do apartamento com um murro e saiu.
- Muito obrigada, não sei o que seria de mim se não fosse por você.
- Bem que você poderia agradecer de outro jeitinho que só você sabe, né?
Eu não estou entendendo você, Allan!
Você sabe perfeitamente o que eu quero, porque fica fazendo esse joguinho?
Eu pensava que você fosse meu amigo...
Amigos, amigos, sexo à parte! Hehehehehe... tô brincando princesa, mas se você quiser... sempre tive uma tara por você!
Não, obrigada. bem... vou dar uma saidinha, vou ver se encontro Rodrigo, ele disse que ia ver se conseguia mais droga com André, isso se André conseguir comprar a Rogério!
Nessa hora, Allan, pegou-me pela cintura e tentou me beijar, mas resisti.
- Você é dura, hein menina?
Entenda-me!
O que Rodrigo tem que eu não tenho?
Isso não vem ao caso!
Claro que vem... vocês estão ou não estão juntos?
Não, mas tenho respeito a ele, sei que gosta de mim. vou nessa Allan, vou ver se encontro Diguinho.
- Tá.
Urfa! Consegui sair, foi um alívio, tinha medo do que ele poderia fazer comigo... continuei a andar a procura de um de meus amigos e finalmente encontrei Daniella no meio da rua.
- Dani, você viu Digo?
- Vi sim, ele estava na casa do namorado de Magna.
Eles estão namorando?
Bem, fiquei sabendo que ela estava grávida.
- Grávida??????? Mas grávida de André?
- É o que parece...
- Que descuido o dela... a droga não vai fazer bem para a criança...
- A vida é dela, Di!
- É, a vida é dela, mas que pena... ela pode estar matando uma criança...
- Deixa pra lá, relaxa, não é você que está grávida...
- Mas fiquei preocupada...
Digo estava vindo em minha direção neste momento...
-Oi Diana, oi Dani!
Digo, conseguiu a Droga? eu não estou agüentando, estou com uma agonia, uma coisa quente dentro de mim, não sei explicar... to com vontade de droga, não paro de pensar nela um só minuto... você tem? me dá um pouco...
- Calma, gatinha! Tenho, mas consegui pouco!
- E você Dani, tem aí para mim?
- Faço minhas as palavras de Rodrigo!
- Por DEUS, só um traguinho!
- Menina, DEUS não está nos ouvindo, olha o nosso estado...
- Mas Rodrigo, me dá só um pouco, por favor!
- Tá bom, toma!
Na hora em que ele mostrou o pacote, peguei logo a parte que ele me deu e fui logo fumando.
- Eu tenho uma seringa - falou Daniella.
- Eu quero, me dá amiga!
Diana, controle-se, o que está acontecendo? Ou melhor, o que aconteceu para você estar neste estado?
Nessa hora eu não agüentei e chorei, chorei pacas. Abracei Rodrigo como se ele fosse meu irmãozinho.
- Por que você está chorando, Diana? - falou preocupado, Digo.
Vocês não entenderiam...
Se você não fala, ai é que não vamos entender - falou Dani.
- Eu quero abandonar isso aqui, estou longe de casa a quase três meses, fiquei sabendo que meus pais estão loucos, colocaram a polícia atrás de mim, mas eu sei que não conseguiria viver sem a droga... ela já é a minha vida!
Depois que falei isso, os dois se calaram e apenas me abraçaram... todos nós sabíamos que o que estávamos fazendo era errado, mas tínhamos medo de abandonar, pois nós já éramos totalmente dependentes da DROGA!
Fumei o resto do cigarro e deixei os dois lá, fumando na deles, no mesmo lugar de sempre.
Caminhei mais um pouco, deparando-me com um orelhão, não pensei duas vezes, resolvi ligar para casa, minha memória estava fraca, tentava lembrar-me do número da minha própria casa. Liguei.
- Alô! - disse a minha mãe ao atender.
- Alô, mãe!
Filha! GRAÇAS A DEUS, ELE OUVIU MINHAS PRECES! Onde você está? estás bem? Filha, pelo amor de DEUS, volta pra casa, estamos desesperados...
Nessa hora fiquei calada e desliguei o telefone... Chorei novamente... eu me considerava um nada... minha cabeça rodava, estava perdida, sabia que a minha única saída era a morte... morrer de tanta droga, mas nessa etapa da vida, não me importava mais nada.
Pensei em voltar para casa, mas tive medo de Allan tentar me atacar novamente e fiquei ali mesmo, encostadinha no orelhão, pois já era noite e estava chovendo. Não sabia mais para onde ir, me sentia perdida!
Não sabia o porquê, mas José Ricardo não saía da minha cabeça. Ele era a única pessoa, entre os meninos, que não se drogava e me tratava super bem. Sentia um interesse da parte dele e eu também estava interessada. Todavia, sabia que esse sentimento não poderia existir... nós éramos de mundos diferentes.
Tentava não pensar, mas estava ao lado de um orelhão... então liguei para ele.
- Alô, José Ricardo, por favor?
Ele não se encontra, gostaria de deixar recado?
Não, muito obrigada - desliguei.
Realmente estava só, olhava para todos os lados e o máximo que via eram as rãs pulando de um lado para outro... sentia necessidade de droga, qualquer uma, até da maconha, que era a mais fraca, mas queria!
Estava toda molhada, não tinha pra onde ir...
Casa de magna, seria levada para casa, impossível; casa de Daniella, essa já estava pensando em fugir; casa de Jacqueline, nem sabia onde era... pensei, pensei e nada veio à minha cabeça, estava fraca, com fome, com vontade de droga. A única coisa que via era a igreja que estava aberta, um abrigo!
O tempo foi passando, nunca mais havia encontrado a minha turma, tentei suicídio várias vezes, mas nunca tive coragem de consumá-lo. Vivia de roubos e consumia mais droga com o pouco dinheiro que tinha.
Cheguei a conhecer outra turma, andei com eles, mas não era A MINHA TURMA, é difícil explicar... sentia muita falta deles, perambulava pelo meio das ruas, só e independente. Às vezes vinha Zé Ricardo em minha mente, pensei em voltar ao bairro, mas tive medo, medo de reencontrar a turma... eu não sabia porque, estava tonta e imunda.
Fugia da polícia, temia de outros ladrões ou coisa pior e finalmente resolvi ir até o meu bairro buscar ajuda... eu não sabia a quem recorrer, estava tonta e sentia que precisava ter alguém cuidando de mim.
Liguei para José Ricardo novamente.
Alô, José Ricardo, por favor?
Um momento, quem deseja?
- É uma amiga dele.
- Vou chamá-lo.
- Alô... - disse ele.
Ricardo, sou eu, Diana...
DIANA!!!!! Onde você está minha linda? estou preocupadíssimo com você, assim como todas as pessoas que lhe querem bem... onde você está? Eu vou lhe buscar...
Estou mal, fraca... - chorei.
Onde você está???????
Não sei ao certo, estou em Olinda.
Por que você está ai? Estás com alguém?
Não, estou só, não sei porquê, resolvi fugir da minha turma... por falar neles, você sabe como eles estão?
Diana, diga-me mais ou menos onde você está... temos muito o que falar...
Eu expliquei tudo, ele foi ao meu encontro, levou umas roupas de Andréa, sua irmã, e me tratou muito bem...
Ricardo estava lindo, diferente, alto, forte e sempre da mesma maneira de me tratar, com seu jeitinho meigo e doce de ser, nos abraçamos e começamos a conversar.
- Minha amiga, como você passou todo esse tempo?
- Como você acha?
Realmente, não precisa responder, mas aconteceu alguma coisa de ruim?
Toda a vez que sentia que algo iria acontecer, fugia. A polícia estava atrás de mim, roubava...
- Mas e a droga? Conseguiu largar?
Digamos que esteja largando, faz algum tempo que não consumo... estou louca!
Compreendo... mas o que você acha de tentar se tratar disso?
Tratamento??? Eu não sou uma doente!
- Diana, seria para o seu bem, veja o que aconteceu com seus amigos...
E o que aconteceu com eles?
É uma longa história, espero que você seja forte...
Mas antes disso, minha família, como está?
Como você acha que eles estão? Minha mãe disse que ao falar com a sua mãe viu que ela estava muito mal, afinal, você não está sumida há dois ou três dias, mas sim há dois anos.
Pois é... mas eles ainda querem a minha volta?
É claro, Dianinha... por isso que estou aqui, quero levá-la até a sua casa, não quero que aconteça com você o que aconteceu com seus amigos.
E o que aconteceu com eles????? - falei muito aflita.
Bem, fiquei sabendo que seu amiguinho, o Rodrigo, estava preso, só que estava louco pela maldita droga, acabou se matando lá...
Minha virgem santíssima, Rodrigo não, NÃO, RODRIGO NÃO!- abracei Zé Ricardo desesperada em prantos...
Calma, Diana, isso não é tudo... espero que você seja forte, seu grupo, infelizmente se desintegrou...
Como assim? Snif...
Seja forte, sua amiga Magna estava grávida, perdeu o bebê. Ele nasceu com problemas respiratórios e não suportou... faleceu já faz 4 meses... mas a mãe está fora de perigo, continua com André, mas na vida de sempre... com a morte de seu filho, ela aparentou perder o juízo... vive dizendo que a vida para ela não tem mais sentido...
Meu Deus... mas enquanto a André? Ele continua na mesma?
Pelo que eu soube, ele foi levado pelos pais para se tratar... ficava na clínica, mas quando saía, a vida voltava na mesma ou até pior... pois a vontade da droga é enorme...
Realmente, eu que o diga...
Mas você vai se tratar, né?
Tratar... se for a solução, eu acho que vou... vai depender de como meus mais vão reagir com a minha volta, mas e o resto do povo? Daniella, Danielle, Allan, Sérgio, Jacqueline, Adriano, Luciana????
Fiquei sabendo que Allan está junto com Danielle e os dois continuam com as drogas, se juntaram ao grupo de Rogério; Luciana e Jacqueline foram presas e enquanto a Sérgio, não sei de seu paradeiro. Ele estava com problemas. Priscilla, bem... infelizmente, minha amiguinha de infância, Priscilla, morreu de overdose! Diana, por DEUS trate-se, quero ver a minha amiga bem... não quero que o seu fim seja esse, ou melhor não quero presenciar o seu fim, estou aqui para lhe ajudar...
Nos abraçamos... foi inevitável, nos beijamos...
Mas porque você me quer tanto bem? Eu nunca te tratei bem... sempre fui grossa e vivia te dando foras...
Não sei, Diana... o que eu sei é que me apaixonei por você... fica comigo, te trata, volta a ser aquela menina linda de antes...
Vi o quanto era querida por Ricardo, sentia-me bem ao estar ao seu lado... sentia-me confortável, alegre, em paz... sabia que ele me fazia um bem enorme e resolvi voltar pra casa com ele...
Foi o dia mais difícil da minha vida, reencarar meus pais... a vizinhança, meu irmão!
Nossa, Rafael já deve estar muito grande né?
É...
Eu estou hoje com 18 anos, ele está com 16... meu irmãozinho que amo tanto e que fiz tanta bobagem... estou tão arrependida...
- Graças a DEUS! Você não sabe o quanto eu fico feliz ao ouvir isso de você... arrependida!
- Eu quero me tratar! Ajude-me!
- Seu pedido é uma ordem... Minha Dianinha... você não imagina o quantos és importante para mim, estarei com você quando precisar...
- Obrigada...
Estávamos chegando cada vez mais próximos da minha casa. Eu estava nervosa, com medo, e sentindo vontade de droga para ver se me fortalecia, mas só de ver o rostinho de Zé Ricardo, tentava esquecer da droga...
Chegamos!
Não me deixe só!
De maneira nenhuma...
Minha casa está tão linda!
Pois é, A SUA CASA está linda! não saia mais dela.
Dona Marlucia!!!!! Tocamos a campainha, mas estava desligada...
Parece não ter ninguém em casa - eu disse nervosa.
Não, eles estão sim. Se não tiverem, você vai para a minha casa.
Cada vez que olhava para Ricardo, via o quanto ele era uma pessoa maravilhosa, estava encantando-me mais e mais...
Quando já estávamos de saída, via que a porta estava abrindo... ERA RAFAEL!
- DIANA!!!!!!!!!!!!!!
- RAFAEL!
Ele não falou nada, encheu seus olhos de lágrimas e correu ao meu encontro... abraçou-me com toda a força de irmão! Foi mágico, a sensação mais maravilhosa de toda a minha vida, meu irmão... Rafinha, me tratando assim, tão, tão carinhosamente bem...
- Onde você estava, Diana! Não some mais não maninha, por favor, fica aqui... pensei, pensei tanta coisa, pelo amor de DEUS, volta para casa, fica comigo, te amo mana! Desculpa as palavras grossas que eu te disse - disse Rafa, desesperado, chorando e muito feliz com a minha volta...
Eu só pensava em DEUS, agradecia a ele e principalmente a Zé Ricardo... sabia das minhas dependências da droga, mas não queria pensar em nada... queria estar com a minha família e... me tratar!
O barulho que Rafinha fez chamou a atenção da minha mãe e do meu pai, que apareceram correndo até o portão.
- MINHA FILHA, DIANA! MINHA FILHA, VOCÊ VOLTOU, DEUS OUVIU AS MINHAS PRECES... OBRIGADA!!!!!
Mainha correu em minha direção, não tinha palavras só podia dizer:
- Desculpa por tudo que eu causei e fiz...
- NÃO SE DESCULPE FILHA! - disse meu pai, emocionado.
Ricardo viu a cena e ficou muito feliz!
- Mãe, pai, irmão, só peço desculpas... quero me tratar!
Nos abraçávamos, era um chororô... uma agonia, uma saudade, eram vários sentimentos misturados... enfim, eu estava em casa!
Foi maravilhoso. Contei a meus pais, inclusive a Ricardo que me ajudou tanto, estávamos namorando... NAMORANDO, finalmente estava feliz, realizada, ria. Cada vez queria o tratamento, queria esquecer o pesadelo que vivi, sem esquecer de pessoas que marcaram a minha vida como Magna, Rodrigo...
Sempre Digo vem em meus pensamentos. Fico só a imaginar o que eu poderia ter feito por ele se não fosse fraca, ingênua... sentia e sinto saudades dele. Lamento até hoje.
Pois é, aqui estou, curada. Já fazem cinco anos, tenho 21 anos, casei-me com José Ricardo... estávamos felizes... vivíamos bem, agora vem a Vitória, nossa filhinha que havia mencionado no início da história. Ela nasceu, realmente, por um milagre. Com a droga que consumia, poderia fazer algum mal a criança e o parto foi muito complicado.
Tinha consciência de que a minha filhinha poderia ter problemas e entrava em depressões às vezes, mas graças a DEUS, por um milagre dos céus, Vitória está viva, sã e salva.
Minha Vitória foi o maior símbolo de que VITÓRIA existente. Eu sobrevivi, não sei como, mas estou VIVA.
Vejo que nunca mais vou querer entrar neste mundo, um mundo de destruições e tristezas... quando olho pra trás não vejo nada, o livro de minha vida, ou melhor, de minha adolescência não passa de um papel em branco ou de uma folha rasgada que perdi e nunca mais a encontrarei.
Não desejo este mal a ninguém.
Só tenho a agradecer as pessoas que me ajudaram e a DEUS primeiramente...
Droga é uma DROGA!
Eu sobrevivi, mas e as outras pessoas que morreram e morrem com o passar do tempo?
É lamentável...
Estou viva! Sobrevivi! Repetirei essa frase quantas vezes for preciso.
Obrigada Deus!


Veridiana Rocha
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