Os pais de Jorge, Alejandro Salas e Maria Antonia chegaram a Santa Cecília para fazerem o funeral do filho. O corpo de Jorge seria cremado, e suas cinzas levadas para o Peru. Toda a cidade ainda estava chocada com os misteriosos crimes que ocorreram nos últimos dias. André, Valquiria, Benedito e agora Jorge, mortos em circunstancias ainda não explicada. A pacata cidade agora era um lugar onde o medo reinava. Os alunos da Faculdade estavam apavorados com a idéia de que um deles poderia ser o próximo a ser assassinado, visto que todos os outros eram alunos da Faculdade.
No mesmo dia do funeral de Jorge, chega a Santa Cecília a policial Gina. Adelmo não se preocupa nem um pouco em mostrar todo seu descontentamento. Gina é recebida afetuosamente por Joana:
- Filha, não esperava que chegasse hoje, fez boa viajem?
- O que a senhora disse? – Adelmo muda de expressão, meio assustado, meio nervoso – ela é filha da senhora?
- Sim, ela é minha mãe. Foi nela que me espelhei para tornar-me policial? – a jovem parece não perceber a raiva do investigador. Ela é jovem, tem uns 28 anos, mas já está na policia desde os dezoito. Alta e branca, como a mãe, tem cabelos longos e sua camiseta branca realça-lhe os seios. – Aliás, ainda não fomos apresentdos. Sou Gina Carmem Castanho, e o senhor?
- Detetive Adelmo, e não sou tão velho para ser chamado de senhor!
- Bom detetive, Gina será a responsável pelos assassinatos a partir de agora, mas fique tranqüilo, não precisara trabalhar com ela, como era seu grande medo. Estão transferindo mais um para cá. Um novato. Estes são melhores, pois não tem o ego inchado e querem mostrar serviço. Agora quero que repasse para a Gina tudo que aconteceu nestes últimos dias.
Beatrix não fora trabalhar. Pedira folga para Marina, alegando estar muito cansada e abatida pela morte de Jorge. Ele lhe falara do livro, ela sabia que ele foi o ultimo que o tocou. E agora ele estava morto. Jamais alguém poderia saber disso. Ela precisava pegar logo esse livro e devolve-lo ao seu lugar. Somente assim ela teria como lê-lo em segurança. Se antes de ele sair de casa para ir ao evento onde encontrou a morte, ele ainda estava com o livro, o mesmo só poderia estar guardado em sua casa. ela esperaria anoitecer e com a cópia da chave que pegara, seria fácil conseguir o livro de volta.
Adelmo detalhou para Gina toda a história de Santa Cecília. Ele estava começando a gostar da simpática policial, quem além da aparência física, não tinha nada de sua mãe. Era simpática, doce.
- Bem, deixe-me ver se compreendi direito. A primeira vítima foi encontrada morta arremessada de sua janela, na mesma noite em que brigou com a namorada. Dias depois a namorada dele também é morta depois de uma briga no shopping com o amigo gay do namorado morto. Este morre afogado em sua patente. No dia da morte da Segunda vitima, a terceira vitima que era o principal suspeito estava com visitas, e uma desta visitas vem a ser a quarta vitima. O que esta acontecendo com esta cidade, meu Deus. Nunca vi um caso tão complicado em uma cidade tão pequena.
- Esta compreendendo agora porque está tão enrolado. E sua mãe fica que chamando de incompetente e um delegado já caiu por causa deste caso.
- Bem, se o psicopata, está matando seguindo uma lógica, ou por um motivo, as vitimas deveriam saber de alguma coisa, ou ...
- Ou poderia simplesmente matar pelo prazer de matar! – uma voz interrompe a conversa de ambos. Um jovem entra na sala. Não muito alto, cabelos pretos e uma cicatriz na diagonal na face esquerda, da orelha até o queixo. Olhar firme, roto fechado, vestido inteiramente de preto. – Como boa especialista em psicopatas deveria pensar nisto também, senhorita. Quando me mandaram para cá, para trabalhar com a senhorita, disseram que é uma das melhores. – disse enquanto sorria, ironicamente, e estendendo a mão para Gina, apresentou-se – Sou Antonio Candido, mas o pessoal me chama de Tom.
- Prazer, sou Gina Carmem!
- Gina Carmem?
- É, minha mãe era fã de Carmem Miranda, e meu pai da Gina Lolobrigida. Deu nisso, mas não admito gracinhas, hein.
- É, podia ser pior. Já pensou se ela fosse fã da Ava Gardener.
Os dois caíram na risada, e foram interrompidos por Adelmo.
- E, vejo que estou sobrando em meu próprio distrito. Se os grandes investigadores querem continuar fazendo gracinhas, é melhor me retirar.
- Calma camarada. Não queira tomar o lugar de ninguém. Mas, sabe como é né, você também já foi novato. Tem que marcar território.
- Tudo bem. Sei quando estou sobrando. Senhorita Gina, espero que tudo que lhe relatei lhe seja de alguma valia. E boa sorte novato!
O quarto de Jorge estava escuro. Beatrix não sabia que era arriscado ascender a luz. Já fora um sufoco conseguir entrar lá sem ser vista por nenhum dos alunos. Levara sorte Jorge não gostar muito de altura e ter escolhido um quarto no térreo. Os quartos da pensão eram todos iguais. Tinham uma sala, cozinha e quarto com banheiro. Assim que entra no quarto, Bia percebe um vulto fugindo pela janela. Seu coração acelera e ela quase solta um grito. Se contem por causa dos outros moradores da pensão. Ela sem pensar corre pela janela e segue o vulto, mas o perde na escuridão da noite. A noite está fria e as nuvens do céu anunciam uma tempestade. Relâmpagos iluminam a noite, quando Beatrix percebe que alguém vem em seu encalço, e ameaça a correr, quando é chamada por uma voz conhecida:
- Para que tanta pressa garota?
Beatrix volta-se ainda com mais medo. Estava perdida, era o policial Adelmo que a estava seguindo. Com certeza ele devia ter visto ela saindo do quarto de Jorge. Enquanto ela pensava, ouviu um ronco de motor, e só teve tempo de gritar cuidado. Um carro branco em alta velocidade invadiu a calçada, atingindo em cheio o policial e o arremessando contra uma vitrine, que ficou despedaçada. Beatrix ficou paralisada com a cena, quando a pessoa que estava na direção do veiculo, desceu usando um capacete de motoqueiro escondendo o rosto, e empunhando uma arma apontou na direção dela. O som de três disparos ecoaram na noite fria e chuvosa de Santa Cecília.