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| Poesias-->Fascinante e Macabro -- 27/12/2004 - 18:02 (António Torre da Guia) |
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998040>FASCINANTE E MACABRO
Para Juan Olivas
No seu tempo Lorca escrevia
Para Rosália de Castro morta
Como se ela fosse algures a porta
Fechada de sua dilecta companhia:
00ffff>Ergue-te... Minha amiga
Que já cantam os galos do dia...
Ergue-te... Minha amada
Porque o vento muge como uma vaca...
Os arados vão e vêm
De Santiago a Belém
E de Belém a Santiago
Um anjo vem num barco...
Um barco de prata fina
Que traz a dor da Galiza...
Galiza deitada e quieta
Transida de tristes ervas
Ervas que cobrem teu leito
E a negra fonte dos teus cabelos
Cabelos que vão ao mar
Onde as nuvens têm seu nídico pombal...
Ergue-te... Minha amiga
Que já cantam os galos do dia...
Ergue-te... Minha amada
Porque o vento muge como uma vaca...
De Folhas Novas
Frederico decerto leu
O que Rosalía em 1880 escreveu
Sem saber para quem escrevia:
ff00ff>Daquelas que cantam às pombas e às flores
Que todos dizem terem alma de mulher
Pois eu que não as canto... Virgem da Pomba
Ai... De quem a terei?...
Bem sei que não há nada
De novo por baixo do céu
Que antes outros pensaram
As coisas que agora penso eu...
Que espantosa afinidade
Nesta longínqua sintonia
Eu sinto como se fosse magia
Que me inunda de inexplicável saudade
Sempre que leio Florbela Espanca
Imaculada pecadora
Que nunca mais será santa !...
Torre da Guia |
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