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Poesias-->rebobinando ...mais uma vez -- 30/01/2005 - 01:00 (maria da graça ferraz) |
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Rebobinando
mdagraça ferraz
De onde estou,
ao longe,
vejo um homem
tonto, manco,
descendo a colina,
vindo em minha direção
***
E o homem
vem vindo
Presta atenção!
Tonto e manco
Ritmo inalterável
de passos
Lento e determinado
O homem vem vindo
Rua vazia
Sol à pino
Meio-dia
***
O homem ,ainda,
está vindo
no mesmo compasso
que marca
o meu pulso
Mantenho-me em guarda
Não há problema
Exceto que,
estou contrariada
com este poema
***
Porque o homem
continua vindo
E nunca que
o homem chega!
E nunca que
o homem se aproxima!
Ah, pesadas pernas
Eu, à espera
Mas o homem
não coopera
Não pára e nem
acelera
Preciso de uma
trégua
***
Porque o homem...
é...continua vindo
Por que não lhe
encurto o caminho?
Por que não faço
com que ande mais depressa?
Por que, simplesmente,
não escrevo:
" Chegou aqui, o lerdo"
Sim, seria factível
Mas o homem continua
vindo
***
Meu amigo,
entenda:
Todo homem
possui um destino
E cada destino
tem um capricho
Destino
é menino malvado
E o destino
deste homem
é "estar vindo" mesmo
Se, por acaso,
por exemplo,
ele chegar,
antes do tempo,
será mísero e pequeno,
do tamanho
da sua figura
que, ao longe, vejo
***
O homem ainda
está vindo
Persiste vindo
até este momento
Devo deixá-lo
vir naturalmente
até que
seja chegada a sua hora
***
E que a vida prossiga
sua marcha
Às vezes acontece isto:
O personagem
antecipa ao autor
Ou o autor se atrasa
Talvez, um dia,
ele me encontre
ou quem sabe eu o sonhe
outra vez
e cheguemos juntos
ao quê, não sei
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