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Poesias-->OS IMPOSSÍVEIS DO AMOR -- 21/01/2005 - 15:32 (ADELMARIO SAMPAIO) |
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OS IMPOSSÍVEIS DO AMOR
(Um Credo Do Crente Louco)
Creio na amargura do medo
Na inutilidade da dor
Nos discursos dos políticos
E na vergonha da cor
Porque de mim o receio
Aviva mais o que creio
Nos impossíveis do amor
Creio também na loucura
Vendida em boa porção
Creio a verdade da língua
E na cegueira da visão
No morrer enquanto cedo
Na inconsistência do medo
Na descrente religião
Creio no conforto do tédio
E nos meus dedos de aço
Só não creio no que vejo
No ânimo do meu cansaço
Nas grades dessa prisão
Espelho do mundo cristão
Só creio no que desfaço
Creio no amor dos homens
Pregado em sermão avulso
Também na vida eterna
Negada a cada impulso
Creio na perda da luta
No filho de toda puta
Na cegueira desse indulto
Creio na beleza da terra
Vista do quarto escuro
E na maciez das grades
Sexo em cima do muro
Não é que falo de gato
Na amizade com o rato
Ouço mios nesse escuro
Creio na idade de Deus
No dia do aniversário
Eu só não sei do diabo
Tido como contrário
Que todo dia expulso
A volta pro outro culto
É a garantia do salário
(Eu já percebi que esse
Que finge ser expulso
Já faz parte do programa
Comentado em todo culto
Parece que é aliado
Encenador derrotado
Um artista absoluto)
Creio também no espelho
Mostrando rosto contrário
Só não creio nessas rugas
Que sobram do meu salário
Meu coração conforma
Creio nessa reforma
De todo salafrário
Sei também da potoca
Que mostra só o seu lado
Creio que não vou morrer
Convido pro meu traslado
No final da minha vida
Vejam a minha subida
Mudança do meu estado
Só não creio no que vejo
Nem no olho que me lê
Literatura é cordel
Que nessa zona me vê
Cala a boca já morreu
Não creio que eu sou eu
Nem que você é você
**
Adelmario Sampaio
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