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Poesias-->Tia Octacília -- 26/11/2000 - 16:13 (Georgina Albuquerque) |
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Minha tia fazia os próprios partos
na imensidão da fazenda.
O moleque corria, arfante,
adentrava na mata, sedento,
e então retornava, tardio,
parteira ao seu lado não tendo.
A mãe amarrava o cordão,
cortado com tato e sem medo,
valente e amorosa leoa,
levava a criança ao seu peito.
A água fervida servia
pra bem-receber seu rebento,
porque, na verdade, ele vinha
trazendo alegria e alento.
O amor pelas crias seguia
- o choro, a febre e os segredos.
Sábia e doce, protegia
os filhos crescidos, do vento,
que a vida assoprava, bandida,
injusta, alterando o enredo.
E é quando recebe a notícia
de um filho deixado no tempo.
A vida ceifada no asfalto,
o peito abatido por dentro.
Minha boa e bela tia,
elevo-lhe o pensamento.
Por certo abraça e acarinha
seu filho nascido, o primeiro.
Afaga-lhe, tia, os cabelos,
compensa-lhe o tempo de ausência.
Proteja-nos, os que esperamos,
nesse mundo desordeiro,
beijar-lhe o rosto macio,
amá-la de perto e com jeito,
provando que a morte não leva
o que foi vivido no peito.
E que o molequinho retorne,
das matas urgente e ligeiro,
trazendo-nos boa notícia,
o cordão refeito inteiro.
mgalbuquerque@ig.com.br
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