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Poesias-->Pedras -- 16/04/2005 - 15:58 (Ari de souza) |
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No meio do caminho tinha uma pedra.
No meio da pedra tinha um caminho.
No meio do meio, meu caminho de pedras
e nas adjacências, meu sorriso vazio.
No meio eu tinha, uma pedra no caminho,
mas não tinha no caminho, uma pedra que fosse meio.
Mas todos os meios, eram pedras no caminho,
e todas as pedras, eram caminhos ao meio.
Nem todas podiam matar-me inteiro
na sede seca que na pedra eu tinha.
Mas todas juntas, eram pedreiras erguidas
acima de todos, por onde se viam os caminhos.
Eram tantos, os meios, caminhos que eu tinha
que uma pedra entre meios, abria caminhos que eu não via.
e todas, ligeiras, bordadas com brilho
eram espelhos de areia, nas margens de um rio.
Fundo, nauseante, macio nas profundezas,
meu rio de pedras brilhava sozinho.
Tocava nas margens. Cortado em espinhos.
Passavam-se anos, seguia caminho.
No meio do caminho, as pedras surgiam
e aos poucos ficavam todas polidas.
As correntezas dançantes, levantavam fontes
depois seguiam apaziguadas dormindo.
E no jogo dessa vida, nas leis não havia
rebeldia das pedras que para trás nunca voltavam.
As águas batiam, as pedras se diluíam,
e no ar eram suspensas: num pó de deserto se decantavam.
Deltas partiam-me, partes me eram arrancadas.
Mas no fim, como um todo,
diante do mar tudo se juntava.
E no meio, dos infinitos caminhos
reflexo de todas as jornadas,
eu era uma mistura,
de todas as vidas,
por mim em pedras, passadas.
Obs. Trata-se, pois, de uma clara bebida fermentada e inspirada nos versos de Drummond.
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