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| Poesias-->CONFLITOS -- 17/04/2005 - 23:15 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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PORQUE ESTIVERAM OS VENTRES DAS MULHERES
SANGRANDO, EU VI, A NOITE TODA
AS CRIANÇAS CHOROSAS A MORDISCAREM-LHES
OS BICOS DOS SEIOS
OS PÉS INCHADOS A LATEJAR.
A LUA, OURO ANTIGO A CLAREAR PARDIEIROS
MULHERES, MARINHEIROS E O BATOM POR VEZES
SENSUAL DAS PROSTITUTAS, DONAS DE FALSO BRILHO:
FULGURANTES!, A FICAR PELOS FILTROS
DOS CIGARROS ESPEZINHADOS PELOS SALTOS
DOS SAPATOS, DEUS, QUANTOS! VÁRIOS!
DOS SOLITÁRIOS.
OS DEDOS SE CONFUNDEM.; O BRILHO DAS FACES
É ROUGE: O ROSTO LAVADO, DESCREMEADO
DISSECADO, NÃO TEM BRILHO ALGUM. A NÃO SER
O DAS LÁGRIMAS, PENDURICALHOS
QUE FICAM BOBAMENTE A ENFEITAR O CORPO DOENTE
OS ROSTOS NÃO TÊM BRILHOS!
OS PONTOS DE VISÃO SE MULTIPLICAM
DOBRA, O HOMEM, O PESCOÇO, RECOSTADO
NO ESPALDAR DA CAMA. ALGUMAS RUGAS
PRECOCES NO CANTO DOS OLHOS
SEMPRE OS OLHOS NO MUNDO
E A FUMAÇA A FLUIR PELAS NARINAS
NO ESCURO DO QUARTO VAZIO.
DEUS É UM LABIRINTO
O HOMEM SE MEXE
DEUS É UM CONFLITO
A MULHER QUASE DORME
UM BRAÇO SOBRE O TRAVESSEIRO
AS PERNAS DOBRADAS, FETO
O CORPO BRANCO, SEM MARCAS
A ALMA POUCO RESISTENTE
SEIOS A DESCOBERTO, ANCAS NUAS
O HOMEM É UM MOMENTO DEPRIMENTE
OLHAR CONFUSO
(DEUS É MEU OLHAR CONFUSO)
OLHAR COMPRIDO, ALMA ESTAGNADA
TODO AMOR TEM SEU PREÇO
SERVENTIA E PERÍODO DE VALIDADE
DEPOIS CADUCA, ETERNO E BREVE
QUE TODAS AS PORTAS ABERTAS LOGO
SE FECHARÃO, O QUE TAMBÉM
SERVE PARA A MOCIDADE
A PORTA ABERTA, VENTO FRIO ENTRANDO
NO CANTO ESQUERDO, UM MEIO SORRISO
NAS RUAS A CONFUSÃO DIÁRIA:
METRÔ, ÔNIBUS, TREM, ESTAÇÃO
OS PÉS AOS PARES, DEUS, MILHARES!
O CORPO FRIO, O VENTO FRIO
NO DIREITO UM SOLUÇO DOLORIDO.
1982
jgmoreira@oi.com.br
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