LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->OS PILOTIS -- 30/04/2005 - 21:30 (ANTONIO MIRANDA) |
|
|
| |
OS PILOTIS
Poema de Antonio Miranda
Os pilotis estavam em toda parte
a partir de Le Corbusier
e Niemeyer:
nos edifícios públicos,
nos prédios de apartamentos,
nos clubes e parques
criando espaços vazados
arejando as nossas cabeças,
ampliando a nossa visão
- éramos tão modernos
tão avançados, imensos... -
imersos no mundo (hodiernos!!!)
e não cabíamos em nosso tempo.
Os pilotis sustentavam o Brasil
e projetavam a nossa criatividade:
nos poemas dos concretistas
na diagramação do Jornal do Brasil,
nas esculturas geometrizantes
de Amílcar de Castro e Lygia Clark,
nos jardins do Burle Marx
e, estilizados, avarandados,
nas construções de Brasília
e até mesmo na bossa-nova
de João Gilberto e Tom Jobim.
Eu via pilotis por onde andava
até onde a vista alcançava:
nos filmes de Nelson Pereira dos Santos
e do genial Glauber Rocha
que a gente adorava mas não entendia:
- em Deus e o Diabo na Terra do Sol –
havia tantos mandacarus-pilotis
suportando um céu de inclemência...
Em Terra em Transe os pilotis
não eram apenas cenário
mas o discurso arbitrário
de arquiteturas impossíveis
no desvario da linguagem
do cinema-invenção
numa estética de rompimento
e aproximação planetária.
Nunca houve tanta utopia
e tanto questionamento!
Nunca fomos tão originais
- e como éramos universais!
Estávamos tão alienados
entre pilotis teoréticos
em manifestos proféticos
de uma (abortada) revolução.
Chácara Irecê, 20.04.2005
|
|