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Poesias-->DESERTIFICAÇÃO DO BRASIL -- 04/06/2005 - 11:58 (ALMIR CÂMARA) |
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DESERTIFICAÇÃO DO BRASIL
Desertos surgem nas catingas do nordeste.
O Catingueiro sem recurso fez a roça
quando a chuva caiu em sua terra agreste.
Tudo ficou verde e ele deu risada grossa.
Ao florescer só deu céu cor azul celeste.
Perdeu tudo que fez e caiu numa fossa.
Ano após ano assim, o solo fica pobre.
Pra tudo há solução, só falta gente nobre.
Desertificação vê-se no sul também.
Povo que tem recurso fez a plantação
em terra remexida e adubada tão bem.
Alternaram-se, chuva e sol, com perfeição.
Tudo correu bem e ele encheu seu armazém.
Ano após ano assim, o solo perde a ação.
O campo sem fim faz que o bom clima soçobre.
Pra tudo há solução, só falta gente nobre.
Se o catingueiro colhe só para o sustento,
tristeza ele não sente, acha até que deu sorte.
Acostumado está a viver no tormento.
Produzir o carvão lhe dá maior suporte,
pois esse em qualquer tempo lhe dá o alimento.
Ele cria o deserto fugindo da morte.
Ninguém pode culpá-lo se de pau faz cobre.
Pra tudo há solução, só falta gente nobre.
Se o plantador do sul tem um fruto rendoso,
muito alegre não fica, ele acha que é normal.
Acostumado está a viver no gostoso.
Produzir para exportar é fundamental,
pois isso lhe dá hoje um viver mais garboso.
E a terra sem os paus cada vez passa mal.
Culpá-lo pode alguém pelo chão que descobre?
Pra tudo há solução, só falta gente nobre.
(01/02/1992)
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