Escolho as palavras que vou escrever para voce, como quem escolhe a roupa mais bonita para ir a uma festa, o perfume que vai usar e como vai arrumar o cabelo.
Fui ontem a uma festa e a aniversariante acredite estava linda.
Mas escolho dentre todas as palavras que existem, como lhe dizia, a mais delicada.
Fossem estas as que serviriam para lhe expressar essa minha alegria de poder estar escrevendo pra voce, estas entao as que eu escreveria . Porem minha carta e enfim escrita sob a superficie-nevoa umida dos dias londrinos.
As noites e as pessoas sao outras. Os olhares e os onibus, os trens e o vento, as paisagens e os passos sao outros tambem.
Eu ando de bicicleta com minha mochila rosa todos os dia "in a street" junto com alguns milhoes de pessoas e lembro de voce.
Sei tambem que a sua carta demora e que talvez nunca chegue, nao porque voce nao queira escrever.
E que a saudade, e palavra onde ha sal. Nao e mesmo?
Mas afinal ha sal tambem no mar, nao ha?
E quando pensamos no mar, nao pensamos no mar como "salagado".
