Acangacuera de Curupira se gargaiou, se contentou:
-“Uh uh uh upucá!”
Índio com medo sumiu-se, se escondeu detrás
De um pau de cunuri.
Curupira se nasceu de novo...
Gritou de sopetão, chamando Tapir:
-“V’ambora Juão! V’ambora!”
Taiaçu veio depressinha.
Curupira saiu montado no Juão por aí.
Agora deu pra se aparecer do jeito de gente
Na tauapuranga da Guanabara.
Depois já o viram na capital do Brasil: Paranoá-tauapiçaçu,
Se candidatou, dizem, pra deputado...
Do partido verde! Do Greenpeace até...
E inté na tauacuera-paris discursou:
- “Todo verde tem um coração curupiresco!”
Tapir se aparece também, mas em terno de assessor.
IX – Mani Made
(tradução metamoderna – transdução – de um soneto do Poeta Xavier)
Mani, criança branca que nasceu de virgem mãe: branquinha!
Toda tribo gostava da menina magrinha,
Devido de certo ao alto índice de mortes entre curumins:
171 por 1.000 nascidos vivos, de acordo com dados de 1.970...
Já depressa se mandou deste mundo, Mani, seria meningite?
A mãe chorou até juntar um igarapé.
Quando surgiu no céu o ajuntamentos de astros chamado Garça,
Brotou da cova uma arvorezinha mágica.;
Tinha os pés sob o chão, todo branco que os índios comeram,
Amassaram em cuí e maçuca, beberam em cauim: -Hic! hic!
Que o padre Durão no Caramuru achou um nojo: - Cruz credo!
Era uma coisa de canibal, coisa mágica comer çapú de Mani,
Toda tribo se contentou e dançou um tipo de carnaval:
Grêmio do Samba Unidos da Mandioca pede passagem!
X – Cobra Norato e Maria Caninana
Entre o Trombetas e o Amazonas.
Uma índia pariu a duas serpentes:
Cobra Norato & Maria Caninana,
Em couro de cobra, pirerabóia, se criaram nos igarapés.
Cobra Norato era turama cordial,
Duma vez tornou-se amigo de Poeta-Bopp,
Quando o poeta viajava no meio da selva selvagem,
Salvando o vate de se acabar na virada da ubá.
(Cairê se acende no céu,
Cobra Norato sai das águas do Amazonas,
Tira o couro de cobra, pirerabóia e vira homem.
-Viche Nossasinhóra!
Vai então visitar a princesinha da mata...
No céu as jacitatás brincam de acender e apagar num vôo...)
Maria Caninana era cobra má e juá,
Quebrava os barcos, jogava n’água os navegantes.
Duma vez mordeu a cauda da Cobra-Grande,
Que deu um salto que partiu o chão de Óbidos do mercado até a igreja...
Cobra Norato partiu então pra dar uma sova na irmã saída à Maquiavel! Bateu tanto na danada, que a marvada Maria Caninana zarpou-se, sumiu-se, desapareceu-se!
Cobra Norato, sem couro de cobra e com cara de moço,
Deu de dançar com as virgens,
Beber cauim e tragar charuto com os moços:
“O tragá contenta a gente,
o bebê nos dá prazê,
quem num bebi e num traga
Qui contenta há di tê?”
Poeta-Bopp e um soldado de Cametá
Partiram pra ajeitar uma mezinha de cura
Pra Cobra Norato se desencantá:
-“Taque o machado virgem
na cabeça da cobra, soldado!
Eu vou fazer puçanga com três gotas de mel tirado de seio de cunhã... Schuap! Schuap! Schuap!
Agora abre a boca do bicho
Que eu vou jogá ycamiauá dentro!”
-“Virgê Maria, Nossassinhóra, seu poeta!
Zóia o moço saindo do ventre da cobra!”
Cobra Norato saindo de dentro do couro da cobra, pirerabóia:
-“Tô desencantado!
Vamo bebê minha gente que é tudo por minha conta!”
Poeta-Bopp vestiu o couro de cobra
E se mandou a buscar
A princesinha da mata que mora no sem-nunca-se-achá!
XI – Uauiara
Uauiara nadava nos igarapés,
Era época da pocema.
Uauiara cantava e dançava
Nas noites de Jaci-no-céu:
-“Muié, dá-me uma chama
do teu amor que o homem tanto chama
põe tua boca junto à minha boca,
abre os segredos de teu beijo pra mim!”
As moças dengosas se jogam nas águas
Querendo abraços e beijos do Boto maroto,
Mas tem paixão que vira tragédia,
Se cunhãmucu não sabe uoitá como um pirá,
Se acaba nas águas de tanto suspirar!
O boto Zé Curuqui
Com dó traz o corpo da cunhã
Pras margens dos igarapés,
Deixa o corpo no seco...
Mas tem gente que acha
Que as vistas do boto
São um bom patuá...
O Uauiara disse que vai virar gente de vez
E entrar pra turma da cidade ou brincar de cinema!
XII - Iara
Iara, mãe d’água!
Iara, cunhã bonita de cor prateada!
Iara, cunhã bonita de zóios verdes de esmeraldas!
Iara, cunhã bonita de penteado cor de ouro!
Iara, vive nas águas dos igarapés.
Iara encanta enquanto canta nas águas como as sereias...
Unheengare Iara!
Unheengare Iara!
Jaraguari, curumi-açu bonito como o Sol!
Jaraguari, curumi-açu-jaguar-bonito!
Jaraguari, subia toda tarde
com sua canoa até a ponta do Tarumã...
Mamé Jaraguari? Pergunta pro xamã-pajé!
Mamé Jaraguari? Inquire tuxaua corajoso!
Mamé Jaraguari? Busca saber dos curumins!
Mamé Jaraguari? Busca ouvir as cunhatãs!
Mamé Jaraguari? Indaga sua mãe preocupada...
Jaraguari está a se casar com Iara,
Sua igara agora aguareja vazia no igarapé...
XIII – Cecás de Curumim
-Tupá dê um curumim pra essa índia dos maués!
Pediu o pajé e Tupá atendeu.
O curumim cresceu vigoroso e sadio,
Sábio, cordial, curi, prazenteiro.
Anhangá teve ódio, virou serpente:
-“Vem cá, curumim. Vem cá...
Come destas iuazinhas doces, são só uns ingênuos araçás!”
O menino pegou as iuás
E Anhangá deu o bote...
Machucou curumim que dormiu pra sempre
por causa do veneno da serpente.
A índia-mãe de curumim chorou e chorou pedindo ajuda a Tupá:
-“Tupá! Tupá! Dê nova vida ao meu embira!”
Tupã-beraba desenhou seu nome no céu
E se ouviram nheengas por todo o azul escuro...
-“É um aviso de Tupá,
tire os zóios do menino e jogue no chão da mata”, disse o pajé.
Nasceu depois de sete dias um matinho com bocadinhos
parecidos os zoinhos do curumim...
-“Guaraná! Guaraná!”
Uma indústria de Piratininga
Soube da poranduba,
Mandou buscar os cecás do curumim que davam no matinho
E produziu bebida adocicada...
Americano-yankee só toma Coke
Porque não sabe dizer o nome do curumim:
-“GWA-RAH-NAH!”
Tem vergonha que o bodegueiro caçoe de seu sotaque...
XIV – Micura e Iauretê
A micura de novo com sede já estava
Bateu uma de sorva árvore
Besuntou-se bem goma-de-sorveira-com
E espojou-se caa-seca em,
E chegou da águapoço a.
A Onça viu quando o tal animal disse:
-“Eu sou o bicho caa-seca.”
Iauretê disse: -“De beber antes,
Jogue da águadentro eu ver
Para não bóia se teu couro.
Micura se jogou águadentro.;
Seu couro não boiou,
Porque goma não se soltou na águadentro.
Desse jeito a micura beber pode
Águadachuva o tempo chegou quando...
XV – Festa da Tribo
J_e_n_i_p_a_p_o_________________v_e_r_d_e_Y
T_u_i_ú_c_a_i_a_________________v_e_r_d_I_A
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XVI - As Amazonas
Quando Macunaíma mandou uma carta pras Icamiabas,
Chico que era desbravador espanhol a serviço de gigante Pietro Pietra que era o Mapinguari,
buscou na caixa de cartas e pegou endereço,
descobriu onde moravam as índias combatentes.
Se mandou pro Amazonas querendo conquistar as Icamiabas. Ignorava Chico Espanhol que as Amazonas não eram só bonitas, mas também corajosas,
brigavam sem medo, energia sob Guaraci e Jaci.
Manejavam o arco e a seta com perícia.
Chico Espanhol tomou uma boa sova e saiu se mancando pra capital do Pará, nem parou em Manaus e sabe-se pouco se alguém o viu em Santarém!
As Amazonas só se casam com índios Guacaris...
Só continuam na tribo as meninas. Os curumins voltam com os pais pra oca dos Guacaris.
Jaci protege as Icamiabas.
Nas águas do Jaciurá, Jaci desce do céu, nada até o Jamundá
pra tomar banho com as Icamiabas.
Icamiabas cheirosas de putiras na cabeça,
Icamiabas dançando até o coração de Jaci pegar tatá.
As Icamiabas jogam çacuena no Jaciurá:
-Vamos pegar cerâmica do Jaciurá e moldar muiraquitã sagrado com a cara dos bichos do Jamundá!
-Não podemos esquecer de mandar um pro herói!
Tuiuca Iquira que parece de aço ao secar. O trágico Chico Espanhol ainda tem tanto medo das Icamiabas que doutra vez encontrou os índios Cunuris madeixudos e se atirou dentro dum tonel e voltou pra Europa girando, girando...
XVII – Puçanga de Pajé
A certeza-boa sígnica da cura,
A tragança do petam do pajé,
Uma maraca, aray, a conjectura.;
Gênesis do Mytho: Umbaé! Umbué!
Um choque entre diversas culturas,
Sabedoria de mil anos, açupé,
Tratado de imperceptível cesura,
O traduzir numa espécie de Sé.
ARaoni através de imagem dá o diagnóstico:
-“Um homem que está com cara de sapo!”
Sapaim concorda: -“Virou Sapo!” - Gnósticos!
-“Caso isso cure, ao beiço meto um prato!”
Homem douto diz. Mas qual um acróstico,
Invisível se não se vê, mas guapo.
XVIII – Malpertuis
Era a hora da chuva, garoava muito...
Uma igara grande e antiga
cheia dos mais antigos heróis e mitos do Hades
desembarcou em Marajó
e começaram a erguer cidades.
Macacos nas árvores
coçavam a cabeça e catavam quiuas
se perguntado o prá que de tantos teiados...
Os passarinhos acabaram na cadeia,
bruxos hipnotizavam jacarés
pra depois virar todos em sapatos,
árvores distraíadas caíam tropeçando nas cadeiras,
Jacó-pum-pum se mandou a buscar seus trajes
de couro de cobra,
nunca que os achou mais!
Numa estranha inquisição
outros paus acabaram nas chamas,
O Chico, pegaram de emboscada no Xapuri,
Seringueiras choraram seiva de sangue,
Xexéu voou pra Nova York
e contou essa história
pra cidadão Orson
que passeava de jangada
com neguinho amigo do Oscarito e cantora Batista.
Um branco saxão
de nome parecido com espora,
aguou uma árvore de canções
e tirou pestana esperando crescer,
quando deu sombra
chamou cacique e cantor pensador
e começaram a tragar cachimbo da paz...
Camêra de cinema copiou tudo,
Estavam todos na beira do igarapé
Esperando o Xexéu voltar
De Wall Street
Com o Guesa e o Citizen Kane
que tinha escondido o muiraquitã do Macunaíma
na sua grande oca de pedra.
Na selva escura as árvores
Deixam uma estreita passagem,
Onde só o viandante com sabedoria pode passar.
Cassavius! Cassavius! Um assobio de Jean-Jacques...
Um dragão comedor de sentenças e todos os motes
dizquediz que vai mudar tudo
que metade da mata vai virar carvão
e outra metade em papel
pra se escrever teses de histórias de cangaceiros da idade média.
Malpertuis quer dizer casa de anhangá,
Jean-Jacques procura o manuscrito antigo
que vai ensinar o segredo do ontem e do agora pra diante...
Nas águas da mata, antiga igara espera a volta dos mitos
e dos heróis do Hades...
XIX – Caricupanema
A Cobra–Grande estava dormindo na sua toca
enquanto caía chuva sem parar inundando as árvores grávidas
O Jabuti, a Onça, o Tamanduá, o Jaguar & a Preguiça,
E até o soneca do Matamatá,
Mais o Mutum, o Mão Nua-Sem-Nada,
A Cuíca d’Água,
A chispante Jaguatirica
E o compadre Tatu
E todos os demais bichos do mato
Subiram a se abrigar na Montanha Nua-Sem-Nada.;
A Cobra-Grande que também era Boi-Guaçu subiu
até o alto da Montanha Nua-Sem-Nada...
E ainda no outro dia estava chovendo,
Boi-Guaçu com iumací, que é precisão-de-comer,
Começou então a comer os cecás (que sãos os zóios) dos bichos
Os cecás que Boi-Guaçu comeu
Continuaram chamejando como tochas
Dentro do ventre da serpente gigante,
E então, Tupã-Beraba
Deu uma chicotada pela malvadeza de Boi-Guaçu
E Boi-Guaçu que era a Cobra-Grande virou Boitatá.
Os cecás-zóios que Boitatá não comeu
Mas que já tinha tirado dos bichos
Viraram pepitas de ouro: Caricu! Caricu!
Caricu chamejante que acabaram chão-dentro
A serpente escondeu caricu
no chão-dentro de Montanha Nua-Sem-Nada!
Mas Anhangá que tem cecás de fogo
Se banzou dos bichos sem zóios
E catou cecás de guaraná
Que já tinha muito no chão da mata-sem-cultura
E botou nos animais da selva escura...
Mas isso aconteceu no tempo
em que não se contava o tempo,
Nos tempos de agora-hoje-em-dia a Montanha Nua-Sem-Nada
Se vestiu de aventureiros,
Porque Uauri foi contar esse segredo nas cidades do sertão...
E Montanha Nua-Sem-Nada virou cratera de Jaci,
Virou um buracão onde o gigante Mapinguari se esconde
Por de trás das nuvens de poeira da enorme cratera
pra poder enganar e pegar alguns garimpeiros
e depois tirar as cabeças
que Mapinguari adora chupar como se parecessem inçás...
pau da máquina dizquediz-na-distância tocou na mata,
Caapora se ajeitou pra atender:
-“Pois não, aqui é da mata, com quem você quer conversar?”
era a Jaguatirica discando do jardim-zoo da Guanabara:
-Caapora, comadre Arara manda te dizê que tá boa
e também te manda uns abraços.
Caapora: -Qui qui manda avisá?
Jaguatirica: -Junte os bichos do mato todo e se mande pra cá.
Caapora: -Uai, por quê, comadre?
Jaguatirica: -Porque caçadores querem tirar a vida da mata, e por os couros dos bichos pra se mostrar nas casas da moda da Europa. Cunhãs bonitas de caraíba vão usar os couros dos bichos pra sapato, bolsa, casaco e vestido!
Caapora: -Viche Nossassinhóra! Credoincruiz! E junto tumbém os passarim? As avezinhas nem couro que preste têm, uai!...
Jaguatirica: -Tumbém comadre, os passarim são presos, são empaiados, nunca mais vão pudê vuá...
Caapora deixou máquina dizquediz-na-distância
E se mandou pros matos a avisar os bichos da urgência,
A Matinta Pereira que ouvia tudo,
Pois sua toca era no pau da máquina dizquediz-na-distância, pensou e disse:
-Caraíba quando quizé vê bicho
vai tê que montá um na arte origami...
XXII – A Cunhamembira dos Caraíbas
No princípio
todos os povos tinham surgido da Cobra-Grande,
Os Tucanos saíram da cabeça da Cobra-Grande,
Que estava nas bandas das matas boas de pescar.;
Já os Desanas têm que trocar maniura por peixe.
Cada tribo tinha sua sabedoria e seu canto.
No princípio
o homem branco não tinha a sabedoria da selva virgem.
Diziam: “-Hades? Éden?
Anhangabaú verde, ninguém pode viver na mata escura!”
Mas o homem branco não se importou com a Natureza,
Se esqueceu que também era taíra do mundo.
Primeiro,
Com 1.000 canoas, com armas de trovão,
Prenderam morubixaba Ajuricaba como muçuranas,
Ajuricaba disse:
-“Se viver solto não posso,
se viver com minha tribo
na mata solto não vou,
também escravo não quero,
também vencido não sou,
sou solto no mundo sou,
sou da caaçauá e do caaiarí!”
Dito isso se atirou mesmo encordoado
Nos braços da mãe d’água...
Depois,
Com açucri, sabunetis e ispêis
Enganaram e prenderam o herói Émeco Boréca.
Conduziram Émeco Boréca pra Guanabara,
Torturaram então o herói na ocara de pedra
E tiraram-no a sabedoria.
Por fim,
Disseram os caraíbas: -“Vamos montar Cunhamembira!
Vamos tirar também toda a energia
Deste bravo morubixaba!”
E assim se deu,
Homem branco veio machucar o bojo da Cobra-Grande,
Trocaram o nome das coisas,
Monstros-tratores comiam o mato,
Bicho-corta-tudo-sozinho escangaiva as árvores...
Pindorama cedeu seu canto à cor do Arabutam.
Ironia,
Novo nome de Pindorama é da cor do pau pegando chama-tatá!
Queimarão toda a mata,
Matarão toda a vida,
Até os unas bom de pescar e nadar...
Subirá nuvem negra pro céu
E aí caraíba vai ver
Que não destruiu Pindorama, pois Pindorama já não havia,
Destruiu sim sua nação
Que tinha posto no canto de Pindorama.
E na distante Iuaca azul, azul,
Junto de Jaci, de Guaraci,
De Papaceia, da Ursa Maior,
Máquina-voa-sozinha-em-volta-do-mundo
Que está sempre de butuca
Vai soltar chororô e tossir
Por causa da poeira negra
Que subirá do mundo em chamas-tatá...
XXIII – Tapera
E quando todo a selva estiver malsã,
Imprestável no chão,
Nas águas, no ar,
Tupá vai descer de sua oca no céu.
Guaraci virá numa coisa de chama-tatá,
Jaci numa nuvem.
Se ouvirão os gritos de ira de Tupã-Cunenga
E Tupã-Beraba vai queimar meio mundo.
Tupá virá numa ubá voadora toda de chamas,
Com muitos tuxauas e morubixabas
Mostrará pra caraíba que sua casa é nossa casa...
Não existirão mais toras de pau pra montar quarup,
Por isso os espíritos vagarão pelo mundo,
Sem destino,
Sem saber o caminho do céu
Nem o porquê e o porquém das coisas...
Mundo de pedras vatós, sem vida, só de areia e pó.
itá.....itamurutinga....itatinga........itapeuá
itá.....itapajé.........itaúna..........itapuã
itá.....itacoatiara.....itamaracá.......itatauá
itá.....itapiranga......itacendi........itaverá
itá.....itaquera........itaturí.........itá-tatá
E distante no céu todas as noites
Os astros irão chorar...
Isso que caraíba chama de deserto
Na nheenga do índio não existia esse conceito,
Todo o mundo tinha que ter vida,
Nheenga de índio não concebe mundo sem vida.
nheengatu.......nheengaíua......nheengaturupi
auanheem........auapecu.........auanheenga
quichua.........apecu
Não mais haverá nada que dê jeito,
Nem puçanga,
Nem putirum!
XXIV – O Acabou-se
(No deserto da desolação, Tupá hasteia uma bandeira numa duna de areia e volta prá selva do bem-distante no céu, parecendo Armstrong pisando em Jaci, só precisava agora tocar o tema de Aquário ou do Danúbio azul):