LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->afinal -- 20/08/2005 - 23:01 (maria da graça ferraz) |
|
|
| |
Afinal...
mdagraça ferraz
Afinal, o que há comigo?
O que há com meu povo?
Qual de nós terá se esquecido
das justas medidas do outro?
O que há em mim
que nâo me impede o grito
diante de tantas desonras
à grandeza da Pátria desferida?
Porque hoje, é dia quinze
de julho de dois mil e cinco,
e eu me pergunto:
O que há comigo?
Ando nas ruas fantasmas,
gris, marasmo, spleen
Ruas povoadas por zumbis
assombrados, sem vontade,
meros robôs de carne,
conduzidos pela mídia covarde
e tudo que possuo
é meu canto longínqüo
que me chega através das sombras tristes
que vagam
seu cruel destino de massa
e meu canto canta:
O que há com meu povo?
O que há comigo?
E os que passam e me vêem
são tão poucos: os andarilhos,
os pássaros, os caminhos
abertos e os poetas loucos!
Tudo que é livre
comigo anda e ...vive!
Tudo que conheceu a curva
que afasta, a lua que mata,
o escuro que se torna facho
débil, colo de cisne,
virado para baixo,
torto como olho de deus
a espreitar o diabo
Por que não sorrio-
desvairada e cínica-
como todos que conheço?
Por que não me conformo,
não me calo, não me imobilizo,
recuso-me ao cabresto?
Ah, seria tão cômodo
se eu agisse como meu povo
Reduzir-me ao palco fictíceo,
ao espelho, ao meu passo,
ornar com ouro
o ponto fundo do meu umbigo
Mas não consigo
Ó, diga-me, o que há comigo?
O que me faz diferente
das novilhas, dos contentes,
das gentes que movem dentes
e enchem as esquinas, as boates,
os clubes, as bocas de lixo,
quais números- serpentes?
Ah, como queria ser como eles!
Frívola. Tonta. Enganada.
Viveria a alegria das fábulas
engendradas no dia-a-dia
Abençoados os pequenos
de coração seco, os práticos,
os mansos, os cegos, os utilitaristas, os idiotas,
porque deles é este inferno
claustrofóbico em que me debato
furiosa como uma semente
de rosa no chão ruim
Qual a força , em mim,
que me impele à partir,
como uma errante
para lugares distantes,
cada vez mais distantes?
Ah, este meu inconformismo tolo...
Afinal,o que há em mim?
O amor?
Amor ao meu país
Amor ao meu povo
E o que eu faço com este amor?
Está tudo morto!
Onde eu o ponho?
Para quem eu o dou?
|
|