LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->O TEMPO, AINDA -- 21/09/2005 - 09:13 (ALFREDO ROSSETTI) |
|
|
| |
Estar neste tempo é não querer estar neste tempo.
Não é saudade, perplexidade nem compaixão.
É o querer de não compartilhar com essa realidade
irreal:
é o querer andar com apenas duas pernas.
É querer dar bom dia se o dia o é,
é querer os sentidos com sentido,
é querer viver no chão,
é querer ver o mar e dele poetar,
é querer perder quando se quer perder.
Estar neste tempo é mover na inação,
por ter de ser mutante e sorrir.
Não é mais conversar, é tempo
de discutir e da razão em cada bolso.
Não é o sabor do gosto nostálgico.
De ontens apaziguados.
É o querer da continuidade
da existência desses ontens,
ao sabor dos controle das horas a desejá-los,
como se pudéssemos gritar:
- "Isso, venham agora!"
Estar neste tempo é não saber o tempo,
diante das milhares fagulhas de viver
que se compôe ao homem,
cuja face se multiplica ao mesmo tempo que é uno,
simplesmente uno, nada mais que uno.
Só e uno.
Estar neste tempo é excretar o tempo de amar,
é cavar trincheiras intermináveis,
dentro do sítio que exproba a todo momento
o que já (um dia) chamamos de coração
e que neste tempo sobrevive válvula.
Estar neste tempo é não saber que o absurdo existe,
permeia a vida, sem que saibamos do valor
de cada ato
do homem que cada vez mais não quer, não pode
e acima de tudo, não deve,
pois estar neste tempo é não ter tempo
para o dever humano.
2003 |
|