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Poesias-->MÁQUINA -- 13/10/2005 - 21:05 (maria da graça ferraz) |
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Intensas as tardes
em que ando entre multidões
esprimidas da cidade
Rostos desconhecidos
são sempre parecidos
Talvez cúmplices
do anonimato
de uma dor sabida
mas nunca consumida
muito menos partilhada
Irmãos da pressa !
Inquilinos da orfandade
desta vida moderna
Na tarde. Na cidade.
Mortíferas luzes!
O movimentos dos
que passam,
dos que atravessam,
dos que nem nome possuem
diante da indiferença dos Tempos
Ali , a multidão
que se repete, que se reveza,
que nunca sofre desgaste,
porque inúmeros são os grãos
que caem nesta árida terra
E a massa mexe-se
como peças de uma engrenagem
Estranha a máquina da vida
e seus personagens
Cada passo move uma roldana
Cada palavra dispara um mecanismo
Cada gesto , uma polia
E tudo gira. Pulsa.
Rítmico. Sob a batuta misteriosa
que rege o oculto mundo
Benditos os que nada
sabem disto
Benditos os que nada
querem saber disto
Benditos os covardes,
os desmoriados, os idiotas,
os enganados das tardes,
no centro da cidade
Bendito os imbecis
que se dizem "somos feliz"
no singular, no erro,na falha
Porque, no asfalto da rua, em giz,
desenhado o contorno
de mais um corpo
que caiu atropelado!
Nesta fôrma
cabe qualquer
corpo anônimo
que por ali passa!
Indefeso meu povo...
O quê vós possuis
são apenas os pés
para correr, para fugir,
mas são tantos os engodos...
E eu? O quê fazer de mim?
O quê farei conosco?
Nas tardes. Na cidade.
Uma criança corre nua e livre
Uma roda gigante. Um trem fantasma.
Um circo de horror. Um parque.
A marca do pneu
O rasto de sangue. O risco do corpo.
E eu grito por todos os fracos
Abrindo os meus braços
" DEUS!"
E meu grito é tão profundo,
tão comprido,
que embora eu cale,
o grito continua gritando
por todas as tardes
por toda a eternidade
gritando
até que a máquina pare
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