RETRATO DO AMOR
O salmo almo, extasiado no pensamento,
Esgueira-se, hábil, da senhoria do tempo.
Constante é o amado perfil esguio, excitante
Nos infindos trejeitos faceiros do horizonte...
O desejo amolga os longos, traiçoeiros
Ponteiros do caduco quadrante das horas.
O desvario refulge no perpétuo solário,
Cegando a tediosa referência do firmamento...
Surge o mestre pintor do bulcão silencioso,
Imortalizando, realçando os sutis traços,
Alastrando tintas mistas, alquimia e sabedoria.
Reluzente, a tela vibra e trescala na sala
Alheia fragrância, divina ressonância...
No entreato do exato relato e do delírio
O desencanto afoga-se no etéreo encanto,
Devassando mistérios nas lavras do trilhar...
Na trajetória do Sonho unem-se mais elos
Da Verdade outrora escrava da fria Razão.
Retrato do Amor.
12.12.2000
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