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| Poesias-->A máquina da reversão. -- 26/10/2005 - 11:52 (gisele leite) |
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A máquina da reversão
Lá vem você com a mesma fraseologia
Lá vem você a vociferar
Contra as injustiças, contras os vilões.
É quase um Quixote sem Sancho Pança
Não tem moinhos
Mas há tantos monstros a nossa volta.
O computador ameaça tomar nosso lugar...
A máquina substitui o braço do homem,
O robô faz-tudo, e rápido, e infalível...
O remédio que dá cura imediata, e sem contra-indicações
Quer desmistificar o velho adágio que tudo tem preço.
E o tempo, o homem inventou a máquina da reversão...
Um erro no passado, não há problema.
Entra na máquina de reversão, precise a data, o dia, a hora, e se
Quiser até o momento e,
Faça diferente,
Altere a história
Hitler morreu recém-nascido,
Cristo não foi crucificado, e sim um mestre prestigiado.
Moisés não enlouqueceu.
César não foi esfaqueado por Bructus,
E Madalena não foi quase apedrejada
Foi heroína e, virou lenda...
A máquina da reversão é um sucesso.
O filho outrora rejeitado, passa a ser
o mais amado e querido...
A filha feia e burra e, esquecida num canto da cozinha
Vira uma rainha indizível,
e cuja vaidade irá destruir os degraus de todas as escadas do mundo...
Para quê etapas? Fases?
Se podemos assolar de pronto o infinito,
Esbulhar as memórias, sentimentos,
Numa guerra de festim, liquidar todos os inimigos
E na redenção da reversão...
O ser é o inverso do que foi ou do que é...
E diante da possibilidade
Esboça um sorriso de mona lisa
Indecifrável, frágil e contido
construindo um desconstruindo
Uma estrada de pedras, lágrimas e armadilhas...
O supremo poder do homem inventa tudo.
Inventa Deus, o mito, e o pecado.
Só não reinventa vida, paz e a eternidade.
E aí. você quase-quixote,
Surdo, meio míope, e groge.
Balbucia um bom dia,
apesar de estar com cara de lua.
Sua lança é seu bom humor e seu olhar de eterno menino.
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