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Poesias-->A BOMBA -- 20/12/2005 - 10:13 (ALFREDO ROSSETTI) |
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A bomba explode no Iraque.
Varre as letras dos jornais,
as casas, as vozes enfraquecidas.
Causa a euforia dos ratos,
nos esgotos dos templos.
Irrompem olhos vacilantes.
Irresolutos,
e ainda chamamos estes
gerados da mídia,
de existência.
A obra do fanatismo
chega peremptória.
Chega e submete
o estertor coração enfermo
de uma liberdade assemelhada
à cortina lenta
do teatro de fantoches.
Não há causa possível
que abarque estas longínquas
mimeses da loucura.
Nada presume
raciocínios humanos,
a não ser na constatação
de corpos estraçalhados,
caleidoscópio de postas,
porta-fólio de aço e pele,
retorcidos em dogmas
consabidos e consagrados,
de princípios absolutos,
de salvação.
Como perscrutar o amor
nesta seara da demência,
neste lodo sem luz?
Assim,
nos endurecemos
ao sol da indignidade,
enquanto a bomba detona
nos seios dos homens.
E no colo de Deus.
2005
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