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| Poesias-->mais recortes -- 21/12/2005 - 02:05 (maria da graça ferraz) |
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23
Em sua casa
havia um espaço
onde não havia tempo
As coisas ali não passavam
Viviam quarentenas eternas
como estátuas tristes
cheias de dente
que jamais sorriem
***
24
Queria que hoje
alguém me contasse algo
que eu não sei,
nunca supus,
jamais sonhei
Queria que alguém
se sentasse ao meu lado,
e me contasse um longo silêncio
com final surpreendente
***
25
Um envelope
ainda que vazio
é sempre um segredo terrível
Quando aberto:
Um triângulo acima
Um quadrado abaixo
É uma casinha
com porta fechada
***
26
Deram-me uma cela
e um sol magro,
coitado, que às vezes,
nela caía, bêbedo, por acaso
Mas eu amei!
Sim! eu amei a cela
porque a cela era tudo que possuía
Com o tempo compreendi
que as grades não dividem,
mas repartem
Alcançei a paz
O outro nome para liberdade |
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