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 | Poesias-->A POESIA ESQUECIDA. -- 29/01/2006 - 12:56 (Hull de la Fuente) |  |  |  |  |  |
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 “A POESIA ESQUECIDA”
 
 
 
 
 
 
 
 Minha velha poesia esquálida e tristonha,
 
 Coberta pelo mofo do abandono,
 
 Numa folha de caderno rabiscada,
 
 Amarelada, rasurada, amarrotada.
 
 Por quanto tempo esteve esquecida
 
 Nesta gaveta no tempo perdida.
 
 Ainda tem a pétala de rosa
 
 No canto esquerdo do papel disforme,
 
 Que grudei um dia com goma de mascar
 
 E as duas lágrimas desenhadas sobre um gordo coração.
 
 Inutilmente tento desamassa-la
 
 Com o calor da minha mão.
 
 O que me fez conservá-la,
 
 Minha poesia tão feia?
 
 Com esses remendos visíveis, como
 
 Remendo de meia.
 
 Voltarei a rasurá-la, velha poesia esquecida,
 
 Não pense que vai ser lida e encher-se de animação.
 
 Você é a poesia bêbada
 
 Que rabisquei de pileque no cantinho de um balcão,
 
 Do aeroporto italiano
 
 Enquanto eu aguardava o horário do avião.
 
 Não se engane de novo,
 
 Não beba mais esperança,
 
 O sabor do absinto ainda tem na lembrança.
 
 Poesia torta que só conhece a incerteza
 
 E dissemina a tristeza só pelo seu existir
 
 Entre os poetas não há lugar pra você.
 
 Volte ao esconderijo com sua voz rouca, gaguejante,
 
 Sua face pálida, as mãos tremulas e suadas
 
 Só porque alguém a olhou,
 
 Mas nem sequer viu seu pranto
 
 Que disfarçando com um lenço
 
 Você tentou ocultar.
 
 Vê? Há um poema mais bonito
 
 Que ecoa no infinito, abafando seu grito,
 
 Sufocando seu penar.
 
 Poesia embriagada, não saia do esconderijo,
 
 Pois é ali seu lugar.
 
 Escuta o poema épico que a voz do poeta sóbrio
 
 Começou a declamar.
 
 Não chore poesia feia,
 
 Seu pranto não comove
 
 Hoje é dia de cantar.
 
 
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