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Poesias-->frag-med-8 -- 19/02/2006 - 01:34 (maria da graça ferraz) |
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E o que sou?
Não há mais limite
Desfiz as bainhas
Tudo que olho, sou
Tudo que toco, sou
E desta forma,
as coisas são
E desta forma,
as coisas sadias
Curo,
até na poesia
Mas o que sou?
Uma paisagem instável
Um tapete voador
39
Diante do homem
pobre, rejeitado
Diante da terra
seca, imprestável
Ajoelhei-me
porque
diante de todos os altares vazios,
arde uma promessa de rendenção
Um novo nascimento
Um presépio
Uma coroação
40
Todo ato de criação
é precedido de dor
de tensão
de força irresistível
entre reter e expelir
Como a mulher grávida
contorce, grita, debate
Trazemos à vida
o que despercebido
finge-se de morto
E que Deus esteja conosco
E ele está!
41
Destituí-me
dos meus conceitos
Desvestí-me
cruamente
Fiquei algo sem pele..sem semente
Apenas sumo
As coisas então
começaram a viver dentro de mim
Ganhei a imortalidade
perigosa
Enquanto as coisas existirem, existirei
E que elas não mais me doam...
E que eu as receba
como uma coroa
42
Aquela mulher,
na última cama,
encostada ao canto,
virada de costas
Aquela mísera mulher...
Pois tudo que ela possui
é uma parede branca-
umas costas indefinidas
Pois vá e diga a esta mulher
que eu a amo,
que eu a conheço,
que eu a respeito
Diga-lhe que ela é vista
antes que ela me veja primeiro
e este poema tenha
que ser lido pelo avêsso
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