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Poesias-->poema 25 -- 19/02/2006 - 01:52 (maria da graça ferraz) |
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E nós
mãos unidas
Calados
Nada dizíamos
Porque se algo
disséssemos,
seria infrutífero,
tudo sabíamos..tudo sabíamos
Ficávamos assim
Na magreza costumeira
das tardes de domingo
Se ao menos soubéssemos
rezar...Mas de que adiantaria isto?
Já sabíamos. Já sabíamos.
Ah, tardes brasileiras
Passadiças. Mortíferas.
E nós
mãos unidas
Modorrentos. Distraídos
Contávamos as formigas,
em fila, laboriosas
em seu ofício,
que subiam e desciam
uma parede à nossa frente
Formigas ficam desempregadas?
Têm carteira assinada?
Aposentadoria?
Às vezes, lá fora,
um grito, um latido,
um rojão, um pega ladrão,
não vai dar ele é político,
há urubu no muro,
há corrupto no congresso,
mas nada dizíamos
Porque se algo
disséssemos, diríamos
o quê, para quem, de quê
Tudo sabíamos. Tudo sabíamos.
E nós
mãos unidas
Calados
Permanecíamos
Contando as formigas
1...2...3
4...5...6
Aquela é a formiga mãe
Essa outra é o pai. E o filho.
Às vezes lá fora,
um tiro perdido,
um latido, um comício,
um isto, um aquilo,
quem ganhou a loteria,
tantos ruídos,
o grande circo de Brasília
E nós
mãos unidas
Calados
Nada dizíamos
Aquela é a formiga avó
E depois vém outra formiga
e outra e outra
e folha e folha
2001...2002....2003
2004...2005...
Vamos contar outra vez
Ah tarde de domingo
TANTA TANTA LUCIDEZ!
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