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Poesias-->frag-med-13 -- 19/02/2006 - 01:54 (maria da graça ferraz) |
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fragmentos
médicos
parte 13
mdagraça ferraz
gracias a la vida
obs- reunires de sentires
em 25 anos de profissão
64
Às vezes, ao médico,
nada mais resta a fazer,
exceto aguardar
A sensação de inutilidade
é grande. Assombra!
Nestas horas,
bastaría-se ter um olho,
uma mão, uma perna,
uma única face
65
Na solidão completa
da enfermidade,
há sempre um amor
humilhado, vagabundo,
que se aproxima,
senta-se ao lado,
toma a mão, tímido
Nestes momentos
de dor, de lástimas,
a terra pode ser
até quadrada,
mas o sol fica mais redondo
66
Quando eu saio
dos plantões,
lá fora,
a natureza viva,
o céu de cor
E eu intimamente
peço desculpas
por me vestir de branco
67
Ele sentia dor
na perna
que lhe fora amputada
Era como
se um louco alfaiate
inutilizasse o molde
do qual se fez o traje
68
Em meio ao amargor
e a acidez,
passeavam os diabéticos,
alheios,
açucarados,
presos às formigas,
zunindo abelhas
A vida, ainda assim,
ironicamente,
persistia doce
69
Porque no hospital
há uma água que respira
e qual mar, espuma
E o homem sorria
banhando as úlceras
das pernas na água
oxigenada
Terminada a ablução,
as feridas estavam
regeneradas
É com esta pele
que se vestem
a verdade, o amor
e o perdão
nesta amarga terra
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