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Poesias-->CULTURA -- 26/03/2006 - 20:54 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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CULTURA
Estar vivo é um gesto infecundo
de Deus saltimbanco
Mecenas do mundo.
A trupe sem parada
vai encenado em cada estacada
a história do absurdo.
O Filantropo apenas observa
Cansado de tanto ensaio
aguardando a estréia da peça
que nunca se apronta
Retocando o rosto
ajeitando a roupa
o Grande Homem quer seus lucros!
Exigindo uma grande abertura
o Benemérito ordena perfeição
ao mambembe de pouca criatura.
Suando sob a lona
o terno branco, roto
o Senhor cansa-se do desastre
da mediocridade dos atores principais:
bebe com os figurantes
xinga nos camarins
dorme no relento dos botequins
Já Desesperado
inverte todas as falas
mexe no roteiro, muda coreografia
abre a peça de pouca filosofia.
O fracasso é inevitável
Os atores embaralham os papéis
invertem as vozes das máscaras
confundem o sentido da encenação.
O Mecenas abandona a platéia
e deixa ao deus dará
os ensaístas veteranos
que abrem o pano
prosseguem na apresentação
para cadeiras vazias
onde chove e estia
sem contemplação.
Do lado de fora
o Mecenas ignora
o esforço na perfeição.
O menestrel ao seu lado
viola o violino
para agradar ao senhorio.
Sua música pede perdão. |
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