Usina de Letras
Usina de Letras
127 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63301 )
Cartas ( 21350)
Contos (13303)
Cordel (10362)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10704)
Erótico (13595)
Frases (51827)
Humor (20190)
Infantil (5622)
Infanto Juvenil (4961)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141339)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1967)
Textos Religiosos/Sermões (6365)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->HOLOCAUSTO EM S. DOMINGOS -- 23/04/2006 - 19:47 (FRASSINO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Manhã de Pascoela acinzentada

a de Lisboa em mil quinhentos e seis

Igreja de S. Domingos engalanada

e àquela hora mui cheia de fiéis.



À frente dos festejos não estaria

a Corte, qu’ ausentada de Lisboa,

deixara aquelas gentes bem à toa

e o monarca entretido em montaria.



Muitas naus ancoradas nesse dia

cheias de aventureiros, tristes povos,

fazendo algazarra e picardia

em face do baptismo em cristãos-novos.



P’ la baixa da cidade s’ estendia

um nauseabundo cheiro de pimenta

e a turba praguejava ciumenta

à procura do lucro que fugia ...



Já entrada ‘stava a hora matutina

quando da Igreja sai em debandada

muito povo atiçado e em rapina

abjurando com ódio a ruim cambada...



De rastos é trazido um cristão-novo

que protestara ver aceso um círio

em lugar do milagre e do delírio

com que a fradesca quis lograr o povo.



Acabou-se o baptismo dos conversos

que a raiva ofuscou a procissão

e por entre magotes bem perversos

acenderam-se as chamas da paixão...



- Fora com os hereges e a mourama,

fora com os judeus e os ciganos,

não queremos cá mais destes enganos,

levem-nos à fogueira, a cruz reclama !



- Ai, ó tempus, ó mores, ó Sodoma,

ó fanatismos vãos e peçonhentos,

ó cruéis morticínios com diploma

de vingança e d’ ódios pestilentos !



Nunca Lisboa viu atrocidade

tão grande como aquela acontecida

fazendo um holocausto vida a vida

numa razão cruel sem humanidade.



Dois dias se passaram de vinganças,

de acusações, massacres e fogueiras,

de corpos mutilados em andanças,

de casas assaltadas sem maneiras...



Cristãos-novos e velhos sem domínio,

d’ estrangeiros e lusos, mesma liça,

sem protecção alguma e sem justiça

soube o Rei esta nova do extermínio.



Se à capital por fim chegou a lei,

nas patas dos cavalos contingentes

o sangue não lavou a humana grei

que ofendida ficou por inocentes...



Nesta incúria do Império o Maioral,

justiça quis fazer e humilhar:

às gentes da cidade vai tirar

a honra de ser nobre e bem leal !



Quem assim rege uma cidade inteira

com atropelos aos seus pergaminhos

demonstra com razão mais verdadeira

um outro Holocausto e seus caminhos !





Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui