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Poesias-->Nosso incerto amor -- 22/07/2006 - 23:47 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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Nosso incerto amor.
Nosso amor é incerto,
e dói de tão certo.
Fica parado porém se mexe.
Estabelece encontros
e deixa claro
os desencontros.
Atira – sempre -
a primeira pedra.
Acha que sempre é salvo
e derruba os muros.
Constrói afluentes
onde só há pedras.
Onde só se está só.
Mira pelo olho mágico
quando estamos os dois
e não nos deixa a sós.
Tão indiscreto e aberto,
tão sutil e escondido.
Como um segredo ao vivo,
laço que amarra a voz.
Como fazer que fuja,
se ele me diz ser cativo?
Ele se crê tão altivo
dorme e acorda comigo!
E desafia a gente...
Muros que nós construímos
para nos proteger.
Ele sabe de ti,
ele sabe de mim.
Ele não telefona.
Sabe onde moro e fico
e chega sem avisar.
Estes últimos tempos
junta fotografias.
Conta que está sozinho,
grita que vai chorar.
Faz de conta que esquece
que o tempo nos envelhece
e aposta então no perigo
e diz que vai se atirar.
E eu, sem fechar a porta
deixo o bandido entrar.
Faço dele um amigo
e paro para escutar.
Vejo as fotografias.
Faço que vou chorar:
mesmo na tua ausência
brinco de te esperar.
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