“Pois o mesmo é pensar e ser”. PARMÊNIDES (530-460 a.C.)
Não sei em que minha identidade
me assemelha ou me diferencia...
Só percebo as semelhanças
contrapondo as diferenças...
Pouco me importa as diferenças
que me separam dos outros...
O que importa são as diferenças
ao longo da própria existência?
Semelhanças e diferenças se fundem
e me confundem... Porque sou
o que não mais sou... Mas
nunca serei o que nunca fui...
Como bem disse Parmênides:
“o nada não é”. E “não
conhecerás o não ser”
mesmo que os poetas o queiram.
Continuar sendo o que deixou de ser
pois o ser é “uno e contínuo”...
E continuaremos sendo
mesmo depois de sermos.
Na Natureza nada se extingue:
e não há princípio nem fim.
Se não viemos, tampouco
iremos a lugar algum...
NOTA: A poesia e a filosofia estavam irmanadas nas suas origens. Seria a poesofia (ou poiesofia). Um dos grandes mistérios de interpretação continua sendo o célebre poema Da Natureza, do pré-socrático Parmênides, que conhecemos pelos fragmentos que restam e pelas interpretações dos filósofos modernos. Por que não aproximar-se do poema pela poesia? A. M.