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Poesias-->Poesia Supérflua -- 26/07/2006 - 20:42 (António Torre da Guia) |
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APRE...

Lembras-te?... Recordas-te?...
Sim, se lá estiveste, tens de lembrar-te,
foi em nome da defesa da nação,
da família, do futuro e da grei,
para prevenir as investidas inimigas,
apre, mãezinha, porra, figas, como suei...
E terás disso alguma saudade,
alguma longínqua boa recordação?...
Eu tenho, lembro-me da fraternidade
dos meus companheiros a marchar,
lembro-me de alguns deles a chorar
e só agora, apre, suo e lacrimejo...
Bem, eu recordo-me sobretudo
do meu erro, lapso entusiasmado,
da minha cegueira inocente,
algo que eu presumia certo, ser soldado,
lembro-me de tudo, tudo-tudo,
tudo tão certo que afinal está errado...
Ou então, provavelmente não está,
porque assim está instituído
desde sempre, faz parte da gente
e assim por muito tempo continuará...
Pronto, que se lixe, deixa lá,
sou eu que devo ter enlouquecido.
Olha, vês, zás, pum... E lá vai ela,
brilha no céu sob a estrela
que outrora anunciou Belém,
só que desta feita, mais além,
assobiando, logo que desceu,
abriu-se em luz e o bebé morreu...
Mas então, o que devemos fazer?...
Disso? Nada, absolutamente nada...
Nada, entendes? Nada e nada,
vamos apenas recusar e recusar,
viver, morrer e para entreter
Subamos de violino, firmes, pró telhado !...

António Torre da Guia
Som = Rui Veloso em poema de Carlos Tê - "Cavaleiro Andante" |
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