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Poesias-->REPARTIDO II -- 29/07/2006 - 10:01 (ALFREDO ROSSETTI) |
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A dor, orquídea e perene, vem
da cidade em que nasci.
A cidade em que moro me salta a dor.
Lá eu tive todos os sapatos e botinas a calçar.
Cá, de chinelos e alma, faço poesia espaçada.
Aonde nasci, tenho uma sepultura a me comemorar.
Cá, a vida segue com vocábulos que me tiram o sangue.
Não sou daqui. Nem sou de lá.
Nem me sinto jogado à margem do rio.
Nunca serei este peixe.
Se a rima for, em mim, uma quimera solidão,
trago-me, então, como um feixe.
Sou mesmo um cidadão do mundo de dois quartos e sala.
Em sonhos de porão.
2006
Sítio de Poesia
www.alfredorossetti.com.br |
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