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Poesias-->Favela (esta) -- 23/09/2006 - 13:29 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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Destes pedaços de asfalto mal achados,
Colocados sem nexo no lugar perfeito,
Deste ar, rarefeito-
O mesmo que respiro quando estou ao vento
Destes olhares temidos, braços, pernas, meninos...
Destas janelas que inexistem –
resistem na imaginação
E cantam como pássaros e vasos
-na ilusão da moradia-
deste pedaço de chão, compartido
e partido,
Valem os panos rasgados
Como linhos e sedas,
Vale o esforço, a tristeza
a alegria do sol.
O dia de calor,
A chuva que espera.
Vale o relento,
Vale o pensamento.
Vale a coragem de ser,
Vale o esforço
E sobreviver
E a gana de viver.
Destes meninos tão magros
Deste assoalho ilusório,
Do calendário de carros
Fios de luz e de sorte
Parecem pessoas,
Parecem corações
Livres, descascados.
De todos os mundos.
Mal sabem os mundos
dos pobres senhores
que existir é tão bom
e tão forte...
Mal conhecem a vida
que respiras
nos teus moleques risonhos
e amontoados.
Tardes amarelas e caras anêmicas
Bíceps marcados, chinelos,
Velhas panelas.
Nestes novelos sem fim
Tecem, persistem, constroem
Passam e ficam,
Morrem,
Mas nunca desistem –
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